Friday, September 30, 2011

Eles querem parar a Europa para não correr riscos




Deputados europeus querem velocidade máxima de 30 km/hora nas zonas residenciais


Há dias os deputados europeus não encontraram nada melhor para ocupar o seu tempo do que esta decisão que, mesmo que não vivêssemos em crise profunda, seria sempre técnicamente absurda. Eles ainda não perceberam que a prevenção dos riscos tem um preço e que por isso, ao contrário do que seria desejável, não se constrói todas as pontes com capacidade de resistir a todos os sismos.

Eles querem parar os carros da mesma forma que conseguiram parar a economia europeia; regulamentos e proibições fazem desistir qualquer pessoa que se atreva a imaginar projectos.  E por trás de cada regulamento espreita uma equipa de funcionários europeus, pagos a peso de oiro, cuja existência os regulamentos paralizantes justificam.
Mas os riscos evitados por esses regulamentos e proibições são incomparávelmente menos perigosos do que a decadência acelerada que se vive no nosso continente.

Os deputados europeus ainda não perceberam que a Europa deixou de ter dinheiro para os seus fundamentalismos e os cidadãos europeus ainda não perceberam que a Europa deixou de ter recursos para alimentar este Parlamento Europeu e também a multidão de funcionários da UE que executa as suas decisões.

Nestes tempos de sacrifícios a Europa devia dar o exemplo. Reduzir os funcionários a metade (e ainda eram muitos) e acabar com o Parlamento Europeu nos seus moldes actuais, ou seja, com os seus chorudos ordenados, as suas viagens, as suas ajudas de custo e os seus gabinetes.

Bastava que cada parlamento nacional elegesse, de entre os seus deputados e sem lhes pagar mais do que os seus ordenados, uma comissão especializada nos assuntos europeus. Tais comissões trabalhariam correntemente nos seus países, por recurso às tecnologias de informação e comunicação, evitando deslocações constantes.
Duas vezes por ano as comissões encontrar-se-iam numa cidade europeia, em assembleia geral, e tratariam de aprovar presencialmente os projectos de maior vulto.

O dinheiro assim poupado seria aplicado no apoio a projectos europeus inovadores nascidos em PMEs.

Thursday, September 29, 2011

Águas Calientes





Na minha recente viagem ao Peru deparei com este garboso benfiquista que fazia o seu passeio matinal na rua principal de Águas Calientes, rua que ostenta a originalidade de ser percorrida por um combóio. Águas Calientes é uma espécie de faroeste de onde partem os autocarros para Machu Picchu que paira, magnífico, quinhentos metros mais acima.


Trata-se de um exemplar da raça "cão sem pêlo peruano". A primeira vez que vi pensei que a falta de pelo era o resultado  de uma doença.

De volta a Majorana (sim, o dos neutrinos)

É hoje apresentado o livro "O Grande Inquisidor", de João Magueijo, sobre a vida (na verdade, mais sobre a morte) do físico italiano Ettore Majorana. Já aqui escrevi sobre Majorana; é bom que haja autores portugueses a debruçarem-se sobre este fascinante assunto. Mas é bom também não esquecer que o escritor siciliano Leonardo Sciascia sobre ele escreveu um romance ("Majorana morreu", cuja única edição em português é da brasileira Rocco e se encontra esgotado. Editoras portuguesas: vamos rever isto?

Saturday, September 24, 2011

Regresso impossível

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O capitalismo, o sistema em que sempre vivemos, o modelo económico que se espalhou pelo mundo, debate-se com uma crise imensa que transforma o futuro de milhares de milhões numa incógnita aterradora.
É revelador que, mesmo nestas circunstâncias, ninguém se atreva a propor novas regras para o jogo, novos modos de funcionar em sociedade. O máximo que ambicionam, mesmo as contestações mais radicais, é um regresso ao mundo de ilusões que existia antes de a crise começar.

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Tuesday, September 20, 2011

Erotismo pré-colombiano

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Pode ver aqui uma colecção de peças de cerâmica eróticas, pré-colombianas, fotografadas no Museu Arqueológico Rafael Larco Herrera de Lima, Peru.

Saturday, September 17, 2011

Peru. Um primeiro resumo

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Ainda estou no jet lag de quem chegou ontem do Peru. É também o tempo de digerir as sensações da viagem.
Em resumo: país de gente jovem, aparentemente sem problemas económicos por causa das exportações de minérios (cada vez mais para a China).
Pessoas extremamente afáveis e pouco sofisticadas como acontece normalmente na América do Sul.
Excelente peixe, e marisco, pescados no oceâno Pacífico de águas frias trazidas pela corrente de Humboldt.. Por que será que se obstinam em comer o cui, uma espécie de porquinho da Índia?
A geografia é imponente e dramática tornando certas regiões, num país já de si grande, ainda mais remotas.
A cultura ancestral pré-inca e os modos de vida do povo Quechua sentem-se por todo o lado apesar da influência colonial do catolicismo.
Foi com alívio que voltei para viver ao nível do mar apesar de não ter sofrido muito com as altitudes.
Machu Picchu é mesmo especial e resiste galhardamente a todos os clichés.
Agora vou passar umas semanas a organizar e seleccionar as imagens que recolhi.

Friday, September 9, 2011

Luke e os deolindos

Conheci o Luke no hostel onde fiquei em Praga. O Luke era mais um australiano que dedicava uns meses da sua vida a conhecer outros países, tal como tantos outros australianos que se podem encontrar em tantas pousadas no mundo. Talvez por viverem longe de quase todos os outros países, não existe povo mais obcecado em viajar e conhecer o mundo que o australiano.Também se encontram Europa fora grupos de portugueses e outros europeus, em inter-rails ou graças às companhias aéreas de baixo custo, mas sempre em grupos: nenhum como estes australianos, que viajam sozinhos durante meses, como era o caso do Luke. Uma diferença importante entre os portugueses e os australianos é que estes, tipicamente, trabalham para poderem pagar o seu período de viagem, enquanto os jovens portugueses geralmente esperam que sejam os pais a financiarem. É uma crítica, provavelmente justa, que se faz à “geração 12 de Março”, os “deolindos”: estão habituados a receber tudo de mão beijada, não sabendo dar o devido valor às coisas. Não lhes passaria pelas cabeças trabalhar para pagar as férias.Enquanto eu me entretinha nestas divagações, o Luke lá se entretinha ao longo dos dias a cozinhar esparguete e fazer cocktails. Eu estava a participar num congresso; à noite via-o sempre na sala comum, e comecei a ficar curioso sobre que vida era a dele. Um dia ele ofereceu-me uma mistura de rum com fanta, e foi nessa altura que lhe perguntei quanto tempo mais ia ficar em Praga. Ele disse que já tinha visto o que mais lhe interessava ver na Europa, e então tinha decidido ficar em Praga até à data do seu regresso, daí a duas semanas, pois lá tudo era mais barato incluindo a cerveja. Perguntei-lhe se não seria melhor alterar a data do bilhete de avião e antecipar o regresso. Ele respondeu-me que ainda tinha que ir a Valência, pois fazia questão de participar naquela coisa chamada “tomatina”.Em Portugal, organizam-se manifestações (em que eu participei) contra a precariedade e mesmo a dificuldade em obter um emprego. A maioria dos participantes nessas manifestações não queria mais do que o acesso a um emprego digno, que lhes dê estabilidade, permita construir família e mais tarde ter uma reforma – é esse o seu objetivo. O objetivo dos jovens australianos, a avaliar pelo Luke, não passa por estabilidade nem por reforma – é viajar e participar na mais estúpida de todas as festas (tão estúpida que até já existe uma versão bracarense). Acho que prefiro os nossos deolindos.

Thursday, September 8, 2011

Mais impressões da República Checa baseadas numa visita ao Museu do Comunismo

A rejeição de toda e qualquer ideia socialista de que falei é patente no Museu do Comunismo de Praga. Já visitei museus semelhantes em Berlim e Moscovo, e não saí de nenhum com a sensação de que saí do de Praga: de ter visitado um museu de pura propaganda. Em Berlim é relatada a história do muro: a divisão de uma cidade, a separação das famílias, os checkpoints, os guardas, os esquemas para fugir, os mortos. Em Moscovo é-nos apresentada uma história da revolução soviética. O golpe de Lenine é-nos mostrado em pormenor nos seus diferentes aspetos, não deixando de se evidenciar o seu caráter antidemocrático. Em ambos os casos são apresentados factos, cabendo ao visitante fazer o seu julgamento da História.No Museu do Comunismo de Praga tudo é bem diferente. Logo os cartazes de propaganda, em guias turísticos, não enganam na forma como apresentam o local (e que bem corresponde à realidade): situado ao lado de um casino e por cima de um McDonald’s. No museu fazem gala deste facto. Agradou-me ver certas descrições do quotidiano na Checoslováquia comunista e compreendo que os comunistas sejam “maus da fita”. Já compreendo menos que sejam os únicos maus da fita: não o foram, nem sequer na Checoslováquia. Mas naquele museu o comunismo é o mal absoluto, e toda e qualquer ideia com ele vagamente relacionada, como o socialismo, a social democracia e a esquerda em geral é automaticamente rotulada como “absurda”. Nem que para isso se tenha de distorcer um pouco a realidade, com legendas diferentes em línguas diferentes. Nem que se tenha de apresentar os crimes ecológicos cometidos pelos comunistas, esquecendo que tais crimes ecológicos não eram assim vistos nesse tempo, e que também eram cometidos pelos principais países industrializados e não somente pelos comunistas. A visão da História deste museu é parcialíssima e subjetiva, mas receio que seja mesmo a do povo checo. Vim mais tarde a saber que os donos deste museu são americanos. Poderiam tê-lo instalado em Berlim ou Moscovo. Escolheram Praga porque provavelmente não havia no mundo outra cidade onde este museu tivesse a mesma recetividade.

Tuesday, September 6, 2011

Algumas impressões da República Checa

A República Checa é um país que lida muito mal com o seu passado recente. Não me pareceu que houvesse propriamente feridas abertas: não me parece um assunto polémico na sociedade. Há uma rejeição generalizada da ditadura comunista, como seria bom que houvesse, por exemplo, das ditaduras fascistas em Portugal ou Espanha; isso parece-me normal e positivo. O que não me parece normal (nem positivo) é a rejeição de toda e qualquer ideia socialista. Se se juntar a esta rejeição a desconfiança que os checos têm em relação aos estrangeiros (que se justifica por serem uma nação jovem que foi invadida e ocupada, primeiro por Hitler e depois pela URSS), torna-se dificilmente sustentável a sua presença em organizações internacionais baseadas na cooperação, como deveria ser a União Europeia. Mas a verdade é que são membros, após grande insistência da Alemanha. Não admira que os checos tenham o presidente que têm. A história recente da União Europeia é a história do triunfo de políticos como Vaclav Klaus. Recordam-se do que Klaus disse a Cavaco Silva, na sua visita à República Checa? Pois é.

Monday, September 5, 2011

Adeus, ó chocolatinho!




Independentemente dos (muito questionáveis) méritos futebolísticos do Yannick Djaló, é com indisfarçável alívio que o vejo sair do Sporting. A partir de agora, durante as transmissões televisivas dos jogos, vão deixar de focar uma criatura que, a primeira vez que a vi, julguei que fosse o José Castelo Branco. Parece que essa rapariga é atriz, casada com Djaló e num reality-show qualquer referia-se a ele como “o seu chocolatinho”, e se não sabia dele às escuras pedia-lhe para abrir a boca. E parece que para os realizadores televisivos ela é mais importante que um clube centenário, considerando as vezes que era focada. Adeus, Yannick; vai lá para o Nice e leva contigo a Floribela e a Lyonce Victória (é assim que se escreve?).

Thursday, September 1, 2011

Excelente fotografia




Um livro excelente que recomendo. Contém os Prémios de Fotojornalimo 2011, da Estação Imagem de Mora. Lá constam, para além de outros, o Nelson D'aires, o Augusto Brázio, o Valter Vinagre e o Martim Ramos (tudo malta da Kameraphoto).


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