Tuesday, October 25, 2011

Sobre o fim das praxes na Universidade do Minho

Mesmo sem querer pôr em causa a importância da decisão da equipa reitoral da universidade onde trabalho de acabar com as praxes, aqui anunciada pelo Ricardo Alves, a realidade é que a presença de tais atos permitiu-me ter vivido episódios que hei de recordar para o resto da minha vida, de cada das várias vezes que tive de me ir chatear com os praxantes e os praxados. Aquela vez em que, num dia com o tempo parecido com o de hoje, eu sugeri (sarcasticamente) ao grupo que berrava num pátio abrigado ao pé dos gabinetes na Escola de Ciências que fosse dali para fora, para o meio da chuva torrencial, pois os caloiros deveriam mesmo era molhar-se; um dos veteranos respondeu-me, candidamente, que tinha sugerido isso mesmo, mas os outros veteranos não tinham concordado. Ou a outra em que os mandei dali embora dizendo que ali “era um local de trabalho”, e eles olharam-me espantados por lhes dizer que a universidade era um local de trabalho – nunca ninguém lhes tinha dito tal coisa. Mas a melhor foi quando, em dias consecutivos, após insistirem em virem para baixo do meu gabinete, ainda me acusaram de os “estar a perseguir” – não seriam antes eles, mesmo sem quererem saber disso, que me estavam a perseguir a mim?Todos estes episódios, todos os dias, o ano letivo quase todo e não somente a “semana de receção ao caloiro”, obviamente acabavam por causar algum desgaste, mesmo se na maior parte das vezes tudo se resolvia com um telefonema ao segurança (e mesmo se entretanto mudei para um gabinete mais sossegado e resguardado). Mas se o barulho durante o trabalho se resolveu, a verdade é que a vida na universidade não se resume ao trabalho no gabinete. E era impossível, para qualquer membro da Universidade do Minho, circular pelos campus, fosse para ir à biblioteca, almoçar ou tratar de outro assunto qualquer, sem se deparar com aquele espetáculo indesejado de barulho e humilhação, voluntária ou não (isso é o que menos me interessa – não é por alguém querer participar neste evento que ele passa a ser tolerável). A decisão da equipa reitoral, por isso, é de aplaudir e só peca por tardia. Bem como a de retirar do protocolo da Universidade o “veterano” da praxe, onde até muito recentemente tinha assento!Resta agora aos praxantes acabar com a praxe... ou passar a fazê-la nas ruas de Braga (a praxe tem de ser feita em público: a humilhação, se não for pública, não conta para nada). Inclino-me mais para a segunda hipótese: a praxe e a “tradição académica” recebem um amplo apoio dos dois principais jornais da cidade, conforme se pode verificar nestas duas “primeiras páginas” do mês passado (curiosamente, ou talvez não, um destes jornais é conotado com a Igreja Católica e assumidamente de “inspiração cristã”). Conforme bem diz o comunicado do reitor, a praxe constitui um ataque à liberdade, à dignidade e à urbanidade. Vamos ver como a urbanidade de Braga reagirá a praxes nas ruas.

BURAKO Bom Sistema

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O consagrado conjunto BURAKA Som Sistema que recentemente integrou um novo membro madeirense famoso em todo o país, decidiu, a propósito, modificar um pouco o seu nome para BURAKO Bom Sistema.

Monday, October 24, 2011

CHARADA

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CHARADA:

-95 % das empresas portuguesas empregam menos de 10 pessoas
- 0,08 % das empresas portuguesas empregam mais de 250 pessoas
- 44 % das empresas portuguesas apresenta prejuizos
- 70 % das empresas portuguesas opera no sector dos serviços (produzindo bens não exportáveis ou até a vendendo produtos importados no nosso mercado)

Com uma economia assim como é que se pode equilibrar as contas com o exterior e gerar riqueza suficiente para amortizar a gigantesca dívida?

Sunday, October 23, 2011

Caminhos para lado nenhum?

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Concorde-se ou não, goste-se ou não, há neste texto hoje publicado no Expresso  muito em que reflectir.

Saturday, October 22, 2011

EQUIDADE





Esta engraçada gravura foi publicada no "Je Sais Tout" de Junho de 1907.




Toda esta discussão, lançada por Cavaco, sobre a equidade do OE2012 está bastante distorcida e é um tanto absurda.
Os funcionários públicos acumulam duas condições; por um lado são cidadãos como todos os outros e, por outro, são assalariados de um patrão que se chama Estado.
Esse patrão está em muito maus lençóis, a roçar a insolvência. Por isso propõe-se reduzir as retribuições suspendendo os subsídios de férias e de Natal. O Estado tem que reduzir os seus gastos dê lá por onde der e, neste caso, até se pode criticar por estar a fazê-lo a título temporário.
Mas os visados por esta medida não são os funcionários enquanto cidadãos, são sim os funcionários enquanto empregados do Estado. Por isso a igualdade entre cidadãos, a equidade, não está em causa.
Se assim não se entendesse, então sempre que uma empresa insolvente fizesse um despedimento colectivo tal teria que se estender a todas as outras empresas, numa suposta garantia de equidade.
A questão dos pensionistas é ainda mais complexa e lamentável mas, para não incomodar muito, tratarei dela noutra ocasião.

Friday, October 21, 2011

Midnight in Paris

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Tinha visto "Midnight in Paris" durante um voo intercontinental, com muito sono e quase sem som. Na altura fiquei com má impressão do filme. Hoje fui finalmente ver a versão completa, no cinema, e fiquei deliciado com a história e com a ironia que ela contém. Recomendo.


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Thursday, October 20, 2011

O método grego

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Há quem diga que estamos a seguir o caminho da Grécia mas, pelo menos por enquanto, isso é um exagero. Até agora ainda não tentámos resolver a crise à pedrada e à mocada. O método grego, ilustrado nesta fotografia, também parece não estar a produzir grandes resultados. A não ser que se considere o perdão da dívida um bom resultado.

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Wednesday, October 19, 2011

Fazer de conta



A maior parte dos nossos comentadores, que querem acabar com o défice e com a dívida sem sacrifícios, fazem-me lembrar as omelettes sem ovos. Dizem-nos que a austeridade vai dar cabo da economia. Mas eu pergunto: qual economia? O que queremos é ter empresas que fingem que são rentáveis e um PIB que finge que cresce tudo isto baseado numa procura que finge que existe à base de empréstimos que o estado e os bancos pedem lá fora?

Arroubos



O Rui Tavares, com quem eu simpatizo, é vítima da sua própria capacidade argumentativa. O que ele diz é justo, a descrição do problema chega a ser brilhante, mas falta-lhe uma resultante. Pessoas como o Rui, mas também as organizações políticas da esquerda, quanto mais se repetem na descrição das injustiças mais descuram a procura de soluções económicas e sociais alternativas. Os arroubos românticos que se têm sucedido nas últimas décadas acabam sempre da mesma maneira. Não basta gritar pela mudança, é preciso dizer como e para quê.

Tuesday, October 18, 2011

Intolerável




 
Os antigos titulares de cargos políticos vão escapar ao esforço adicional de austeridade que será exigido aos funcionários públicos e pensionistas que ganhem mais de mil euros.
Segundo o Orçamento do Estado para 2012, estas pensões serão apenas tributadas em sede de IRS.
(DN de hoje)

Se se confirmar, este escândalo fará provavelmente disparar a má-vontade contra as medidas de austeridade.
O truque para esta inadmissível isenção parece ser a não existência de subsídio de férias e de natal nas pensões dos ex-políticos.
Ora o método de cálculo é meramente instrumental. Na realidade os pensionistas acima de 1000 euros perdem 1/7 do seu rendimento em 2012 e 2013.

Já é uma injustiça aplicar esta regra indiferentemente aos pensionistas que "descontaram proporcionalmente" e àqueles que auferem pensões por obra e graça do Espírito Santo. Dentro destes últimos os políticos são um caso notável; não lhes cobrar ao menos 1/7 dos rendimentos é escadaloso.

Monday, October 17, 2011

É hoje

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Sunday, October 16, 2011

No rescaldo da manifestação de ontem

Foto de José Carlos Pratas - "Diário de Notícias"
Em Lisboa, como podem ver, eram muitos os indignados. Tudo boa gente, se excetuarmos um grupo que andava lá pelo meio: facilmente identificável, ao centro da foto, através de um fulano com uma camiseta vermelha, claro, e uma mochila "QCD" também vermelha. Ao seu lado um jovem socialista, um conhecido republicano laicista e uma física de partículas. Tudo gente estranha.

Wednesday, October 12, 2011

Algumas leituras equívocas da crise



Circulam no espaço público, a propósito da crise, algumas leituras equívocas e mistificadoras:

1. Quando se diz "os cortes na saúde vão prejudicar os doentes" está-se a omitir que os cortes, eles próprios, não são causa mas sim consequência do empobrecimento anterior e do endividamento do país.

2. Quando se discursa sobre os direitos adquiridos e o "retrocesso civilizacional" está-se a escamotear que tais coisas só existem enquanto houver recursos materiais para as manter.
Nada, nem ninguém, está em condições de garanti-las incondicionalmente e é por isso que há no mundo países em que se morre de fome ou por falta de cuidados médicos elementares.

3. Discute-se a crise, quase sempre, como se a superação significasse um regresso à situação económica e social que antecedeu a sua eclosão.
Trata-se de uma mistificação pois o que está a suceder, para já, é uma tentativa de aterragem de emergência dois degraus mais abaixo, correspondentes ao empobrecimento que o nosso país registou nos últimos anos e que a crise se limitou a desvendar.
Por isso há que assumir que no fim desta aterragem de emergência, e esperemos que seja suave, estaremos todos em geral mais pobres.

4. Quem diz estar à espera de ver quais são as medidas do governo para relançar o crescimento económico, e voltar a subir os degraus do desenvolvimento, parece não perceber o essencial.
O desenvolvimento económico depende essencialmente das escolhas e decisões dos cidadãos, das empresas e de outras organizações produtivas. Se estes agentes não decidirem, de forma massiva, aumentar a produtividade e gerar mais riqueza, dentro do país, não há governo que nos valha.  

Monday, October 10, 2011

O barrete continua



As eleições de 2011 na Madeira mostraram, entre outras coisas, a total inépcia da esquerda para lidar com o "fenómeno". Os resultados do PS, PCP e do BE são um descalabro apesar de alguma demagogia com que tentaram disfarçar a responsabilidade dos madeirenses na perpetuação do "fenómeno".
Têm que enfiar a carapuça.

Saturday, October 8, 2011

Antes de mais nada fechar a torneira



Tornou-se comum contrapor as medidas para redução do défice à necessidade de promover o crescimento económico (imprescindível para poder vir a pagar as dívidas no futuro). Mas tal argumento não faz muito sentido. Se ao chegar a casa depararmos com uma inundação a primeira coisa a fazer é fechar a torneira. Só depois pegamos nos panos e no balde e secamos o soalho.

Tuesday, October 4, 2011

Rostos peruanos

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Pode ver uma selecção de rostos peruanos fotografados em Setembro de 2011 se carregar AQUI.




Monday, October 3, 2011

A "não inscrição"



Mais um caso notável para ilustrar as teses de José Gil sobre a "não inscrição" dos portugueses. Na Grécia atira-se cocktails molotov à polícia, enquanto isso em Portugal discute-se um relatório policial sobre a possibilidade de no futuro se virem eventualmente a registar desacatos.

A procissão dos caracóis



No sábado à noite fiz esta foto em Reguengo do Fetal, para os lados da Batalha, durante a famosa "procissão dos caracóis".
Milhares de caracóis enfeitavam as diversas ruas da pequena localidade. Enquanto os fiéis vão em procissão, até à ermida de Nossa Senhora do Fetal, alguns com velas, o caminho é iluminado por caracóis cheios de azeite e transformados em lamparinas.

Sunday, October 2, 2011

Vida selvagem



Isto era o que se podia ver hoje de manhã ao pé da ponte Vasco da Gama na margem norte.

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