A Liga Espanhola de Futebol (LFP) está a considerar a possibilidade de voltar a realizar grande parte dos jogos do escalão principal às três da tarde. Porém, a intenção não passa tanto por agradar aos adeptos mais apegados às tradições, mas antes pela necessidade de conquistar novos mercados, em especial o asiático. A antecipação de jogos para o prime time televisivo em países como a China é o caminho apontado pelo director geral da Liga, Francisco Roca.
Esta notícia recente é bem esclarecedora da atenção que "nuestros hermanos" dedicam à grande potência asiática em ascensão. Na nossa campanha eleitoral, onde o sentimento anti-espanhol até teve afloramentos, ninguém se refere à China. Porquê ?
A China é um exemplo inconveniente quer à esquerda quer à direita.
À esquerda porque mostra que um partido comunista, mesmo omnipotente como é o chinês, teve que reconhecer que precisava dos mecanismos capitalistas para relançar o crescimento económico.
Considerando que a sociedade é um barco e que o estado é o casco, por mais forte que o casco seja há que perguntar qual é o motor se quisermos que o barco siga em frente. Os chineses montaram um motor capitalista num barco cujo casco é fortíssimo e continua a ser assegurado pelo Partido Comunista da China. Reconheceram portanto que não existe, para já, nenhum motor mais eficiente.
À direita a China causa outro tipo de engulhos. A tese de que o modelo ocidental de democracia parlamentar é o único que permite que o mercado funcione é desmentido pela experiência chinesa. O mercado imenso que é a China neste momento tem uma dinâmica imparável e a China enriquece todos os dias mesmo quando os outros países mirram sob a crise.
Em democracia sobrevive-se a curto prazo prometendo tudo a todos, mesmo que tal seja impossível; o governo chinês está livre desse fardo e pode concentrar-se no futuro.
Os recursos financeiros da China permitem-lhe até andar pelo mundo a comprar empresas e recursos naturais aproveitando estarem ao "preço da chuva".
Por tudo isto os nossos políticos procedem como se nada estivesse a acontecer a Oriente, nem sequer fazem como os espanhóis e brasileiros que tentam desesperadamente aproveitar, ao menos, o potencial de um mercado gigantesco.
Por cá ninguém quer a China mas a realidade far-nos-á uma grande partida mais dia menos dia.
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