A RTP transmitiu uma versão para famosos do "Família, Família" pouco depois da mensagem televisiva de Cavaco. Convenci-me definitivamente de que Portugal é um país esquizofrénico.
Cavaco diz “A dívida do Estado tem vindo a crescer a ritmo acentuado e aproxima-se de um nível perigoso”; “o endividamento do País ao estrangeiro tem vindo a aumentar de forma muito rápida, atingindo já níveis preocupantes”; “o tempo das taxas de juro baixas não demorará muito a chegar ao fim”; “se o desequilíbrio das nossas contas externas continuar ao ritmo dos últimos anos, o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos, ficará seriamente hipotecado”; “quando gastamos mais do que produzimos, há sempre um momento em que alguém tem de pagar a factura”; “com este aumento da dívida externa e do desemprego (…) podemos caminhar para uma situação explosiva”.
Logo depois sucedem-se no televisor as lantejoulas da "gente bonita", todos muito talentosos e amigos, fogosos e esfusiantes de alegria de viver. O público presente no estúdio, e certamente também em casa, segue embevecido o playback pechisbeque dos mais recentes êxitos do pop top.
Devo ser eu que estou equivocado. Talvez o programa seja apenas uma resposta às preocupações do PR que dissera no seu discurso ser necessário “recuperar o valor da família”. “O esbatimento dos laços familiares tem sido um dos factores que mais contribuem para agravar as dificuldades que muitos atravessam.”
Realmente nesta "Família, Família" ninguém parece atravessar qualquer dificuldade.
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