Bom dia, alegria! O pior já passou, e tudo se resolveu: a password do blogger afinal era "Alexi_Lalas", entretanto alterada para o nome de um futebolista com menos internacionalizações. Creio não estar a extravasar as minhas competências ao lembrar-vos a todos que tiveram muitas saudades minhas, e que a minha ausência vos fez sofrer muito. As pessoas do Albergue Espanhol (um nome a duas curtas vogais de distância de ter como anagrama "pus-lhe gel no rabo") ficaram tão transtornadas que chegaram ao ponto de omitir este blogue da sua extensa lista de links, um gesto inadvertido e facilmente rectificável, mas que me comoveu profundamente.
Quanto ao número de Natal do Economist, no fundo o assunto que nos trouxe aqui hoje, não haverá dúvidas em apontar o artigo The Art of abandonment como o grande vencedor, seguido de perto pelos artigos Older and richer e Tongue twisters («Turks coin fanciful phrases such as “Çekoslovakyalilastiramadiklarimizdanmissiniz?”, meaning “Were you one of those people whom we could not make into a Czechoslovakian?”»).
Também manifestamente incapaz de transformar pessoas como o Abel e o Hélder Postiga em checoslovacos, a direcção do Sporting Clube de Portugal tem aproveitado os intervalos da sua agenda normalmente preenchida com actividades destinadas à opressão de casais homossexuais para "mostrar interesse" na contratação de jogadores de futebol. A situação apanhou-me desprevenido, mas deixa-me confiante no futuro. O Pedro Mendes e o Ruben Micael não preenchem as lacunas mais urgentes, mas se o interesse for real revela uma nova maneira de pensar o reforço do plantel. Mais ou menos desde 1997 que a contratação de jogadores para o Sporting é subordinada à elaboração de um perfil: um treinador fazia um relatório no qual lamentava a falta que lhe fazia um avançado rápido que desse largura ao ataque e contratava-se o Giménez; ou um ponta-de-lança corpulento para proporcionar um modelo de jogo mais directo, e contratava-se o Purovic. Andámos assim nove anos a gastar dinheiro não em atletas profissionais, mas em formas platónicas. O novo rumo assenta em premissas diferentes: gasta-se o dinheiro que houver (outro mistério: acho que não sou o único que começou a contar cartas no blackjack) em qualidade, sem entrar em considerações sobre o sítio onde ela posteriormente se enfia. O Pedro Mendes e o Ruben Micael têm poucas características em comum, a não ser o facto de ambos exibirem uma insólita propensão para passar a bola a colegas de equipa. Não cumprem as fantasias centimétricas e curriculares dos adeptos mais lúcidos (ando a sonhar com um trinco africano de dois metros de altura há tanto tempo), mas um meio-campo de tísicos em câmara lenta que não perdem a bola parece-me uma melhor base de sustentação de um clube que luta activamente pelo terceiro lugar do que um meio-campo de tísicos em câmara lenta que perdem a bola. Os melhores autores de contos de todos os tempos foram o Isaac Babel e o Leonard Michaels, mas isso é assunto para outro post, e eu vou escrever muitos, muitos posts este ano.
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