Monday, June 4, 2007

Pode-se vender a mãe para conquistar audiências?

A RTP 1, que faz gala em afirmar que defende o serviço público de televisão, no seu desmesurado desejo de aumentar as audiências em relação às privadas, não olha meios para obter mais espectadores para os seus programas. Assim, ontem, Domingo, depois do Telejornal, apresentou uma reportagem sobre o cabo da GNR de Santa Comba Dão, cujo julgamento começava hoje segunda-feira, que foi acusado de ter morto três raparigas daquela localidade. É um caso sórdido e patológico que teve, na altura própria grande repercussão mediática e inevitavelmente volta a ter com o início do seu julgamento. Qual era o principal motivo da reportagem, que mereceu primeiro referência no Telejornal, a entrevista em exclusivo na prisão ao cabo da GNR, que se afirmava inocente, depois de já ter confessado tudo na Polícia Judiciária (PJ), acusando um tio de uma das vítimas como o assassino das mesmas.
É evidente que esta sua entrevista era intercalada com afirmações de um inspector da Judiciária que rebatia as afirmações do referido cabo.
O que é grave é que na véspera do julgamento do cabo, este seja entrevistado pela Televisão para não só acusar a PJ de o ter obrigado a confessar, quando esta apresentou provas muito mais evidentes do que a sua própria confissão, como também para denunciar alguém que não está envolvido no processo, que tem de certeza o seu bom nome a defender e que vê a sua honra e reputação enlameadas. Hoje, pareceu-me ouvir um advogado da pessoa em causa dizer que iria pôr a televisão em tribunal. Acho muito bem e que o seu director e o jornalista responsável pela reportagem sejam acusados de difamação.
A televisão, lá porque uma pessoa não é importante, não tem dinheiro, nem estatuto social, permite que alguém, acusado de um crime grave, bolce aleivosias sobre a honra de outrem, só para fazer chicana com um caso mediático e obter por isso maiores audiências. Triste televisão.

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