As crises
Toda a gente entende que os americanos deixaram de pagar as hipotecas, que os bancos ficaram com as casas sobrevalorizadas e sem liquidez e que bancos sem liquidez é uma catástrofe. Depois, as bolsas caíram.
Tudo o que era "fortuna" baseada em acções, daquelas boas que subiam tipo balão de ar quente, derreteu como neve ao sol; tudo o que era financiamento com garantia sobre acções ficou com o chão em falso.
Agora, o que se está a viver hoje não se explica apenas por estes escassos meses de retracção de consumo, falências individuais, restrições de crédito e dificuldade de colocação de capital em bolsa. Foi muito pouco tempo para tamanho efeito. Já estávamos era assim a cair para a crise e os sub-prime foram o empurrão para o abismo.
Hoje, finalmente, já ninguém sonha que os países e as sociedades em geral possam sobreviver comprando tudo feito, certo? Quando se vê o que está a acontecer, e, por exemplo, as nuvens negras sobre a Qimonda aqui ao lado, podemos reflectir sobre há quanto tempo está em curso esta deslocalização das actividades económicas para zonas de "mão-de-obra barata", dando espectaculares taxas de crescimento nesses países e preços de produtos fantásticos por cá... e que esperávamos? Baixarmos até ao nível social dos chineses, para sermos competitivos, ou esperarmos, considerando que sobreviveríamos até lá, que eles chegassem ao nosso nível? Na prática, seria uma espécie de meio caminho por ambos os lados, mas descer, mesmo apenas metade, é já uma grandessíssima senhora crise.
A economia é demasiado importante para ficar nas mãos dos economistas. Política, com "P" maiúsculo, precisa-se.
Carlos J. F. Sampaio, Esposende
Cartas ao Director, Público 02.02.2009
Partilho totalmente esta abordagem do Carlos Sampaio, que não conheço.
Se a origem da crise foram as hipotecas porque é que o governo dos Estados Unidos não se limitou a garantir o pagamento desses empréstimos aos bancos antes que se gerasse a previsível bola de neve ? Teria sido concerteza mais fácil e mais barato.
Agora, perante a enxurrada dos aproveitamentos, estamos a tentar estancar o rio na foz quando podíamos tê-lo feito na nascente.
Toda a gente entende que os americanos deixaram de pagar as hipotecas, que os bancos ficaram com as casas sobrevalorizadas e sem liquidez e que bancos sem liquidez é uma catástrofe. Depois, as bolsas caíram.
Tudo o que era "fortuna" baseada em acções, daquelas boas que subiam tipo balão de ar quente, derreteu como neve ao sol; tudo o que era financiamento com garantia sobre acções ficou com o chão em falso.
Agora, o que se está a viver hoje não se explica apenas por estes escassos meses de retracção de consumo, falências individuais, restrições de crédito e dificuldade de colocação de capital em bolsa. Foi muito pouco tempo para tamanho efeito. Já estávamos era assim a cair para a crise e os sub-prime foram o empurrão para o abismo.
Hoje, finalmente, já ninguém sonha que os países e as sociedades em geral possam sobreviver comprando tudo feito, certo? Quando se vê o que está a acontecer, e, por exemplo, as nuvens negras sobre a Qimonda aqui ao lado, podemos reflectir sobre há quanto tempo está em curso esta deslocalização das actividades económicas para zonas de "mão-de-obra barata", dando espectaculares taxas de crescimento nesses países e preços de produtos fantásticos por cá... e que esperávamos? Baixarmos até ao nível social dos chineses, para sermos competitivos, ou esperarmos, considerando que sobreviveríamos até lá, que eles chegassem ao nosso nível? Na prática, seria uma espécie de meio caminho por ambos os lados, mas descer, mesmo apenas metade, é já uma grandessíssima senhora crise.
A economia é demasiado importante para ficar nas mãos dos economistas. Política, com "P" maiúsculo, precisa-se.
Carlos J. F. Sampaio, Esposende
Cartas ao Director, Público 02.02.2009
Partilho totalmente esta abordagem do Carlos Sampaio, que não conheço.
Se a origem da crise foram as hipotecas porque é que o governo dos Estados Unidos não se limitou a garantir o pagamento desses empréstimos aos bancos antes que se gerasse a previsível bola de neve ? Teria sido concerteza mais fácil e mais barato.
Agora, perante a enxurrada dos aproveitamentos, estamos a tentar estancar o rio na foz quando podíamos tê-lo feito na nascente.
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