Tuesday, March 10, 2009

O Texas é cá




Elizabete Silva chegou a casa no sábado à noite – depois de trabalhar o dia inteiro e ter ido visitar o marido internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa – e deparou-se com a porta arrombada. Lá dentro estavam pelo menos quatro mulheres ciganas. "Comodamente instaladas", descrevem vizinhos ao CM.
Apesar de ser branca, Elizabete foi ajudada por várias mulheres africanas a reaver a sua casa. 'A partir daí começaram as ‘bocas’ entre as mulheres. E a violência descambou quando uma africana grávida foi agredida. Os irmãos vieram defendê-la. Os ciganos foram buscar armas e os africanos responderam com pedras.'
Este foi apenas o último episódio de uma convivência involuntária, que começou há cerca de 15 anos. Segundo o CM apurou, o bairro Portugal Novo, ou bairro Azul das Olaias, nasceu em regime de cooperativa de habitação na década de 80. 'Na altura chegámos a pagar oito contos [40 euros] de quota por mês', conta ao CM Leontina Pereira, 72 anos, há 23 no bairro Portugal Novo. 'Depois vieram os problemas. A cooperativa foi à falência e isto ficou entregue à sua sorte. As casas nunca tiveram escritura e, mesmo os que queriam, não sabiam a quem pagar a renda. Os velhos foram morrendo e as casas acabaram ocupadas, muitas com violência.'
'Houve casos em que os filhos dos proprietários queriam ficar com a casa dos pais e foram agredidos e ameaçados de morte. Nunca mais voltaram', acrescenta a testemunha do tiroteio que anteontem pôs a nu a paz podre num bairro que não é de ninguém, mas do qual todos querem ser donos.
Certo é que ninguém sabe quantas pessoas há no bairro – nem o presidente da junta (ver discurso directo) – nem quem são os legítimos donos das casas. E ninguém paga por elas.
Esta situação envergonha um país que se diz civilizado. Não há nenhuma "autoridade" que assuma a correcção desta situação caótica ? António Costa vai, também ele, pactuar com esta impunidade inadmissível ?
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