Deve-se a um único facto este comportamento quase histérico com a selecção: ela representa todo o nosso país. Cada uma das personagens que a compõem tem uma equivalência óbvia naqueles que a pátria designou para altos cargos. Vejamos, pois, essa tabela de equivalências:
Carlos Queiroz - Cavaco Silva
Há quem diga que ele é muito bom, mas tirando umas coisas na década de 90 nunca mais fez nada que se registasse. E há ainda os que o odeiam, apesar de ele não ter, precisamente, feito nada que se registasse.
Cristiano Ronaldo - José Sócrates
Parece que é muito bem visto no estrangeiro, é especialista em reviengas e em não deixar cair a bola no chão, mas por Portugal ainda fez muito pouco ou nada, ao contrário de Eusébio. Pode ser que ainda venha a fazer, mas duvida-se...
Eduardo - Teixeira dos Santos
Ninguém o conhecia, ninguém percebe bem quem é ele, mas já nos tem safado de alguns apertos. Não é muito seguro, mas se calhar é o melhor que se arranja.
Ricardo Carvalho - Pedro Passos Coelho
Joga muito à defesa e é pouco sarrafeiro (o Ricardo). Se lhe pedem para avançar fica cheio de dúvidas. Para passar do meio-campo é preciso que a bola esteja segurinha lá à frente, como num canto ou num livre. Caso contrário, volta lá para trás à espera que a bola venha ter com ele.
Duda - Francisco Louçã
Joga pela esquerda, mas parece que não faz falta nenhuma, ou então é o único que há. A verdade é que quando se pensa numa selecção a sério ninguém se lembra dele.
Daniel Fernandes - Jerónimo de Sousa
Faz parte da selecção, mas se não fosse eu pôr aqui o nome dele ninguém dizia: “Então e o Daniel Fernandes?”
Simão Sabrosa - Paulo Portas
É pequenino, tem jeito, mas já cá anda há tantos anos que toda a gente lhe conhece o jogo. O seu passado fazia-lhe augurar um futuro muito melhor.
Deco - Luís Amado
É discreto, mas funciona.
Raul Meireles - Augusto Santos Silva
Tem uma fama bastante pior do que o proveito que dela tira.
Liedson - Marcelo Rebelo de Sousa
Surge onde menos se espera, é capaz de fazer coisas geniais, mas nunca ganhou nada de jeito na vida (salvo dinheiro).
BES - BES
É o patrocinador. Fica-se sempre com a ideia de que, independentemente do resultado, fica a ganhar com a operação.
Vuvuzela - António Mendonça
Faz sempre o mesmo som, ninguém percebe para que é que serve, mas é um símbolo de que jamais nos esqueceremos.
E aqui vêem como as principais personagens do nosso país estão representadas na bola.
Comendador Marques de Correia, Expresso 12.06.2010
Neste tempo saturado de bola não resisto a publicar esta crónica engraçadíssima.
Para quem não tenha lido o Expresso.
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