Saturday, November 20, 2010

Uma besta, ou seja, duas

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Muitos são os chamados mas poucos os escolhidos.
Tantos se precipitaram nas ruas de Lisboa para vislumbrar Obama, sem sucesso, e eu, no conforto da minha casa, tive esse privilégio sem arrostar com os chuviscos.
Eram umas dez e meia e lá vinha uma procissão de "tinónis" a enquadrar as duas "bestas" (com sua licença), que é como os americanos chamam ao carro blindado do Obama e à sua réplica para enganar terroristas.
Subiram da Expo por Moscavide, pela rua onde existiu em tempos a fábrica militar da FNMAL, e acederam à via rápida na direcção do IC17.
Do ponto elevado em que me encontrava podia, se fosse um extremista, ter disparado uma carabina de precisão ou então uma bazooka ou um pequeno míssil, atendendo à blindagem da "besta". 
Enquanto a noite continuava a ser riscada pelas luzes giratórias do séquito, vermelhas e azuis, passei algum tempo a matutar sobre as tecnicidades militares que me permitiriam emboscar no talude adjacente à via rápida para maior precisão nos disparos.
Então reparei num carro furtivo, entre os arbustos, a cem metros da minha janela, e receei que os meus pensamentos pecaminosos pudessem estar a ser monitorados por algum sensor de novo tipo, um detector de terroristas potenciais.
Fui para dentro, liguei a televisão e comecei a pensar noutra coisa.

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