Sem se falar muito nisso o regime já está a mudar. O Presidente está a deixar de ser a tradicional figura veneranda que todos respeitavam.
A III República, em vigor desde 1974, mesmo quando os presidentes começaram a ser civis provenientes dos partidos, tinha sempre assistido a uma atitude respeitosa para com os detentores do cargo.
A direita soube respeitar Mário Soares e Jorge Sampaio mesmo quando eles tomaram medidas que podiam ser interpretadas como favorecimento às suas cores. Sampaio sofreu até mais da parte dos seus correlegionários do que dos seus adversários (são inesquecíveis os impropérios boçais de Ana Gomes quando Sampaio aceitou nomear Santana Lopes em comparação com as brandas reacções da direita perante a demissão do seu governo que se apoiava numa maioria parlamentar).
Com Cavaco tudo está a mudar. A "esquerda" socialista, que se julgava detentora do exclusivo presidencial, não consegue engolir o sapo apesar de este sapo não lhe ter criado grandes problemas.
Em 2006 Mário Soares abandonou o parlamento sem cumprimentar Cavaco na tomada de posse.
Sócrates, em 2011, quebrou acintosamente o protocolo e recusou-se a ser o primeiro a cumprimentar o empossado.
Mas estes gestos protocolares são apenas o coroar de uma longa campanha mediática destinada a desacreditar Cavaco apresentando-o como um vigarista.
Esta esquerda desnorteada e impotente não hesita em desacreditar a própria democracia para salvar um chefe conjuntural que a história guardará como um perigoso mitómano.
Quem não tem estofo para respeitar as escolhas do povo português, quem envereda por uma política de terra queimada, não tem legitimidade para se considerar democrata.
O futuro dirá aonde nos leva mais esta irresponsabilidade.
.
No comments:
Post a Comment