O jornal i relata hoje dois factos que constituem sinais errados enviados por um partido, o PSD, que se perfila como candidato à vitória nas próximas eleições.
Cavaco Silva prepara-se para promulgar a proposta da oposição que revoga o modelo de avaliação dos professores, sabe o i. O Presidente da República não irá atender ao pedido do governo e não irá enviar para o Tribunal Constitucional o diploma de revogação do modelo aprovado a semana passada pela Assembleia da República. Belém considera que o argumentário do Partido Socialista sobre a inconstitucionalidade da proposta da oposição não é juridicamente correcto.
Apesar de o agendamento da discussão e da votação desta proposta ter sido marcado antes de materializado o cenário de eleições antecipadas, a oposição, e principalmente o PSD, não se livraram da acusação de eleitoralismo. "Uma interrupção feita por uma oposição que está à beira de dissolução do parlamento, num momento em que não há dúvida para ninguém que o que se pretende é destruir aquilo que se construiu, parece-me realmente muito difícil de aceitar", considerou em entrevista à RTP a ministra da Educação.
Ao menos José Sócrates, para que não digam que eu só mando o homem abaixo, ainda deu alguma luta às corporações. Só depois de muita luta acabou por ceder em toda a linha. O PSD começa já a submeter-se mesmo antes de ser eleito?
O PSD afastou a ideia de pedir, para já, um auditoria às contas públicas do Estado, por pressão do Presidente da República e das instituições europeias, mas não vai deixar que o tema seja omitido durante a campanha eleitoral que se adivinha. "O BPN e o sector empresarial do Estado não podem ficar fora do debate político", diz ao i fonte da direcção laranja. Este passo atrás do líder do PSD pode ainda ser usado como trunfo em Bruxelas para negociar, por exemplo, um empréstimo de curto prazo, se em causa estiver a solvabilidade do país.
"Isto tem a ver com o medo do que se possa descobrir", refere ao i o economista João Duque, que confessou ter "sentimentos contraditórios" sobre a realização de uma auditoria às contas do Estado. Uma radiografia ao estado das coisas "dava alguma ajuda ao governo que viesse. Mas, por outro lado, correríamos o risco sério e o exercício poderia ter consequências dramáticas", diz o especialista. "Se forem encontradas situações de falseamento das contas, iríamos ver as taxas de juro disparar e iríamos sofrer cortes de rating", sustenta. Pedir uma auditoria nesta fase pode ser considerado uma espécie de "haraquiri nacional", numa analogia com os suicídios protagonizados pelos samurais.
Isto é como alguém que fosse ao médico e ocultasse uma parte das radiografias. Continuamos numa de economia ficcional? Para isso tínhamos cá o senhor engenheiro que era mestre nessa disciplina.
O mais espantoso é andar um tema destes na primeira página dos jornais (já ontem o Expresso tratava disto).
Penso que o medo da revelação do verdadeiro tamanho do buraco é que justifica os esforços de Sócrates para evitar a vinda do FMI. Mas ficou decidido no recente Conselho Europeu, que Sócrates tanto dramatizou como manobra de diversão, que qualquer ajuda a países em dificuldades terá sempre intervenção do FMI.
O mais caricato disto tudo é verificar que o famoso PEC IV, que Sócrates levou a Bruxelas à sorrelfa, contém medidas em tudo similares às que que o FMI típicamente impõe. O Expresso desta semana publica até um quadro em que compara as medidas tomadas na Grécia e Irlanda, após a intervenção do FMI, com os nossos PEC I+PEC II+PEC III+PEC IV. A diferença não é grande.
Continuamos assim a cultivar o "faz de conta" e a "esperteza saloia" em vez de assumirmos que estamos num grande aperto e que só nos safamos se aceitarmos os sacrifícios necessários. A estratégia de varrer os problemas para debaixo do tapete, seguida ao longo do último ano, com pequenos PECs sucessivos, foi verdadeiramente catastrófica para o nosso futuro..
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