Monday, August 27, 2007

O Trabalho, o Consumo, a Informática e o Futuro

Faz hoje exactamente 18 anos que se iniciou o IFIP 11º World Computer Congress em S. Francisco cujos proceedings foram publicados em livro com a capa que ilustra este post.
A IFIP, International Federation for Information Processing, reuniu neste evento de 1989 milhares de profissionais e académicos de todo o mundo.
Aconteceu por acaso que descobri recentemente, no meio dos meus papéis, a versão portuguesa da comunicação que apresentei ao congresso, intitulada "O Trabalho, o Consumo, a Informática e o Futuro".
Foi apresentada no âmbito do "Track 11: COMPUTERS AND SOCIETY - The Quest for the Future" e continha o resultado das minhas reflexões, na sequência do XII Congresso do PCP ocorrido no final de 1988.
É, para mim, interessante verificar que esbocei então a maior parte das ideias chave que ainda hoje perfilho no plano político. Coisas como:

"A motivação para este texto advém do convencimento de que, tal como noutras fases da história da sociedade humana, uma profunda mutação nos instrumentos de trabalho não pode deixar incólumes as relações de produção e a própria organização social.
A automatização da produção material, das tarefas administrativas, e de muitas áreas da produção intelectual, já hoje em curso mas que virá a sofrer uma intensificação brutal, tenderá a romper o actual equilíbrio social e económico."

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"A relação de assalariamento está, actualmente, sujeita a um processo de decomposição tanto no plano quantitativo (desemprego, trabalho em "part-time", redução da população activa pela limitação do acesso dos jovens e mulheres, reformas antecipadas) como no plano qualitativo (emprego temporário, sub-contratação, trabalho clandestino, trabalho na administração publica)."
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"Por todas as razões anteriormente explicitadas o modo de produção capitalista entrou na sua fase de transição para uma sociedade de novo tipo. As condicionantes técnicas que "justificaram" o assalariamento maciço (a grande industria e depois, por cópia, os grandes escritórios) já não se verificam. Os grandes conjuntos de máquinas operadas por numerosos homens, num mesmo local e ao mesmo tempo, resultado de um enorme investimento, estão a dar lugar aos cérebros humanos (por natureza isolados) produzindo em qualquer lugar e a qualquer hora, em cooperação uns com os outros pelo recurso à tecnologia.
A luta de classes milenar transferir-se-á agora para o domínio da posse da informação e dos meios de a transportar. Assim se percebe facilmente todas as "guerras", entre os estados e as transnacionais, pelo domínio das telecomunicações."


É reconfortante verificar que os 18 anos passados não tornaram irrelevantes, pelo contrário, as
preocupações subjacentes ao texto. Quem quiser ler o texto completo pode ir AQUI.

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