Friday, February 8, 2008

Derrick





Isto é absolutamente espectacular. Já não deve ser novidade para os que lêem o blogue do Sullivan, mas não resisti a espalhar a coisa.
Pensem bem no extraordinário azar do gajo do microfone: uma pessoa anda uma vida inteira a acumular desalento demográfico; a perder a fé numa adolescência que mal consegue assimilar o conceito de polissílabo; a construir pacientemente um paralisado clichézinho sobre o apoiante-padrão de um político que apela a uma espécie muito particular de idealista choné. Dá-se depois ao trabalho de ir a um comício para confirmar o caos; de nomear uma vítima escolhida a dedo - artefacto suspeito ao pescoço e tudo - para exemplificar o declínio da civilização; e no final deste processo desgastante sai-lhe essa ave rara: alguém mais informado e eloquente do que ele próprio. A gradual mudança de atitude do entrevistador - do armadilhante desprezo à admiração relutante, mas genuína - é uma coisa bonita de se ver, e ilumina melhor a essência do "movimento Obama" do que aquele embaraço dissonante que é o clip do "Yes We Can".
Se isto continua assim, ainda encomendo um pin.

(Continuo a gostar muito de McCain, e a ter impecáveis credenciais de cínico. Mas um homem não é de ferro.)

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