Friday, February 8, 2008

Roll your Pazuzu-eyes for the Gipper



Este artigo de Paul Waldman na Prospect americana - bastante satisfatório, apesar da quase escandalosa ausência de [ponto-e-vírgulas/pontos-e-vírgula/alguém me ajuda?] - apresenta o argumento estatístico mais esotericamente rebuscado que vi nos últimos tempos. Para demonstrar aquilo que é basicamente uma benigna evidência - a Reaganolatria do movimento conservador - Waldman sai-se com esta: «according to the Social Security Administration, Reagan was the 155th most popular name in America for girls in 2006».
Não duvido que muitos bebés nesta nossa galáxia tenham sido baptizados em homenagem a Ronald Reagan; um deles, como é sabido, foi criado num laboratório da Madeira e vive hoje em Manchester. Mas não se vai buscar o centésimo quinquagésimo quinto posicionado numa lista para reforçar positivamente um argumento. O centésimo quinquagésimo quinto posicionado numa lista não deve servir para mais nada, a não ser para ocupar o espaço livre entre o centésimo quinquagésimo quarto e o centésimo quinquagésimo sexto.
Até porque o resto da lista, analisada sob essa pespectiva Waldmaniana, devolve indicações bem mais intrigantes. O terceiro nome mais popular - para raparigas, atenção - foi Madison. Madison meus amigos; uma geração de raparigas chamadas Madison. Já o nome Hamilton não aparece sequer nos primeiros 500 lugares. Segundo o método-Waldman isto prova estatisticamente que o debate entre Federalistas e Anti-Federalistas continua a ser encenado em maternidades e registos civis por essa América fora.
A baça e desinteressante verdade, claro, é que a persistente popularidade onomástica de Madison não se deve ao campeão dos states'-rights, mas sim à Daryl Hannah, que se encontra assim cento e cinquenta e dois lugares acima do protagonista de Bedtime for Bonzo, com as estonteantes consequências ideológicas que o facto acarreta. Curiosamente, o nome Hillary, que era relativamente popular em 1992 (131º no ranking), viu a sua reputação cair aos trambolhões desde a inauguração de Bill Clinton, encontrando-se hoje na nonagésima octogésima segunda posição. Sem a ajuda de Waldman, contudo, não é possível retirar daqui quaisquer conclusões.

(Já agora, o nome mais popular é Emily, cujas conotações mais óbvias não parecem incomodar ninguém. A menina d' O Exorcista chamava-se Regan, e não Reagan; mas a fotografia fica no post, que mais não seja para irritar a minha mãe quando ela aqui vier.)

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