Não me lembro de ter estudado a tragédia da Ponte das Barcas em nenhuma disciplina de História. A verdade - tenho que o admitir - é que se até à semana passada me perguntassem o que tinha sido a tragédia da Ponte das Barcas, não saberia responder ao certo. É provável que o episódio venha referido no livro Uma Aventura no Porto, que eu devo ter lido há 20 anos. Talvez me lembrasse de um acidente na fuga às tropas de Soult, mas não imaginava que tivesse tido a dimensão que teve.
Ora isto é muito grave. A tragédia da Ponte das Barcas, como o Pogrom de Lisboa de 1506, sendo duas tragédias bem distintas na sua natureza, são episódios importantíssimos da História de Portugal, que não podemos ignorar. No caso da Ponte das Barcas, em termos absolutos - mais de 4000 mortes - é uma tragédia bem maior que o 11 de Setembro de 2001. Para não falar em termos relativos: o Porto não é a Nova Iorque de hoje, e muito menos o era há 200 anos. 4000 pessoas representavam muito mais para o Porto daquela altura do que para a Nova Iorque de hoje. Bem sei que - com respeito por todos os mortos - o que tornou o 11 de Setembro horrendo foi o acto em si, mais do que o número de mortos. Mas justamente por isso, o que impressiona na Ponte das Barcas é a dimensão da tragédia. Tal como Leiria (como eu referi há três meses), depois das invasões napoleónicas o Porto não era a mesma cidade de antes. A principal lição histórica é esta, e eu não creio que seja bem aprendida.
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