Wednesday, December 9, 2009

O "falhanço" da China

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A China não parece estar à altura das responsabilidades que a sua dimensão económica lhe impõem no quadro da economia global.
Aproveitando a abertura dos mercados mundiais, proporcionada pela globalização económica do capitalismo, a China mais do que quintuplicou a sua produção anual em menos de 20 anos, representando actualmente 12% do PIB mundial (com 20% da população). Com um crescimento centrado nas exportações (8% do total mundial) e uma elevadíssima taxa de poupança interna (na ordem dos 50% do PIB), a economia chinesa acumulou sucessivos e volumosos excedentes na balança de transacções correntes com o exterior, amealhando reservas cambiais que deverão montar a perto de 5% do PIB mundial.
A "reciclagem" destas reservas ajudou a inundar de liquidez os mercados financeiros mundiais e a alimentar o sobreendividamento de economias deficitárias (onde se inclui Portugal, mas de que se destacam, pela sua dimensão económica, os EUA).
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Preferindo, conservadoramente, insistir na política das últimas décadas, de aposta nas exportações e em manter-se fechada sobre si, a China escolheu continuar parte do problema, em vez de co-liderar a solução. A consequência mais provável é que a crise económica dure mais tempo e cause mais estragos do que seria necessário, e que a Europa venha a ser o principal sacrificado (e perdedor). Na ausência do necessário ajustamento cambial do ‘yuan', acabará por ser o euro a pagar sozinho a factura da necessária depreciação do dólar, sacrificando o crescimento da economia europeia e, porventura, tornando deficitárias as suas tradicionalmente equilibradas contas externas. Enfim, como diz o povo na sua prática sabedoria, "uns comem os figos e a outros rebenta-lhes a boca".
"O falhanço da China", Vitor Bento no Diário Económico, 09.12.2009

É caso para perguntar: desde quando é que as estratégias económicas dos países poderosos são baseadas no altruísmo ? Não será ridículo pedir à China, onde centenas de milhões esperam ainda os confortos mínimos, para adoptar medidas que amparem aqueles que só cuidam de gastar o que não têm ?
Quando a China era fraca ninguém se preocupou com isso, agora que é rica pedem-lhe que cuide do mundo.
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