George Grosz, O Agitador (1928)
Agita-se o mercado dos votos. Um dos maiores fornecedores de votos tem um novo director de marketing e a concorrência torna-se mais intensa.
Ainda não se sabe quando será a próxima campanha de vendas mas há que estar preparado pois pode precipitar-se de um momento para o outro.
Quer os fornecedores de votos generalistas quer aqueles que se dirigem a nichos do mercado começam a apresentar o estado febril que antecede as campanhas.
Basicamente cada um pretende mostrar que o seu voto é mais barato e rende mais mas há quem ponha o ênfase no rendimento a curto prazo e, por outro lado, quem prefira prometer lá mais para o futuro. Aos votantes compete fazer a sua análise custo-benefício e investir em consciência.
Tudo se joga num subtil apelo aos mercados alvo pois o voto sendo mais barato para uns terá que ser mais caro para outros. E se rende muito para alguns então é certo que renderá menos para outros.
Quem são os que ganham e quem são afinal os outros que perdem?
A resposta dos fornecedores generalistas é ambígua, tentando convencer todos os votantes de que se encontram entre os ganhadores e evitar que alguém perceba que vai perder. Pelo contrário os fornecedores de nichos obtêm a sua vantagem competitiva de revelar que tencionam favorecer os seus mercados alvo e perseguir aqueles que de qualquer modo nunca comprariam os seus votos.
Não consegui nunca perceber como é que há pessoas que são contra o mercado mas, apesar disso, consideram a democaracia dos nossos dias a coisa mais natural deste mundo. Como é que não percebem que esta democracia é consequência e espelho, apenas mais um mercado na economia de mercado em que vivemos.
Opor os partidos e o Estado às empresas, neste contexto, é de certa forma absurdo. O sucesso quer de uns quer das outras tem as mesmas vantagens e os mesmos pecados.
Para inventarmos um novo tipo de democracia precisamos de inventar primeiro um novo tipo de economia. Ambas são cada vez mais necessárias.
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