A corrupção regressa, regularmente, à ribalta da vida política. Procura-se, com maior ou menor sinceridade, remédios para o flagelo.
Mas será que é possível contrariar a cupidez humana ? Não seria preferível usá-la para o bem comum ?
Na nossa democracia representativa os detentores de cargos públicos são mandatados para gastar verbas descomunais e decidir adjudicações milionárias mas, no entanto, auferem salários que rondam os cinco mil euros.
Tentem por uns minutos imaginar o sofrimento de quem vê outros enriquecer por obra de uma decisão sua e a tentação de partilhar também o sucesso daqueles a quem proporcionou a fortuna.
A corrupção é um mecanismo perverso para as contas públicas porque o corrupto ganha tanto mais quanto mais gastar o dinheiro dos outros. Por isso, para combater a corrupção, a República deve instituir prémios precisamente para quem gastar menos.
Todos os governantes que consigam, comprovadamente, diminuir o custo de uma empreitada ou o valor de uma adjudicação devem receber 10% do valor poupado.
Por cada prémio pago teríamos a benção de uma redução do défice.
Se, por exemplo, um novo governo ao tomar posse impõe negociações ao fornecedor de uma empreitada decidida pelo governo anterior, e consegue reduzir o custo da mesma, deve ser premiado com 10% da verba poupada pelo erário público.
Esta proposta, que desde já merecia também os 10% de todas as corrupções que evitará no futuro, devia ser rapidamente legislada. Todo o segredo está nas regras para aprovação dos prémios e na composição da Comissão que virá a apreciar a justiça da sua atribuição.
Queira Deus que essa Comissão não ceda, ela própria, à tentação...
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