.
"A escolha unânime de Barack Obama para candidato à Presidência consolou muito a esquerda. A esquerda tem uma teoria segundo a qual o "declínio" da América se deve exclusiva ou principalmente a George Bush e será reversível (ou, pelo menos, sustido) por um governo "progressista" em Washington. É uma estranha teoria em gente que há trinta anos se esforça por limitar o poder da América com o célebre "contra-peso" da "Europa". Mas sucede que a "Europa" está dividida, fraca e sem destino e que a esquerda precisa de uma América segura e colaborante para recuperar alguma influência no mundo. E foi assim que Obama se acabou por tornar num inesperado salvador. Com a França entregue a Sarkosy, a Alemanha a Merkel e a Inglaterra a Brown, não existia outro.
...
O segundo mal-entendido da esquerda sobre Obama é o de que ele vai infalivelmente restabelecer a "imagem" e papel predominante da América. Tudo indica que não vai. Como Clinton, Obama tenderá para o isolacionismo, porque a única maneira de consolidar a sua presidência é a reforma interna. A mudança de que ele tanto falou é a mudança da desigualdade de Bush para novas formas de igualdade. O decréscimo do rendimento da classe média e da baixa classe média, a incerteza e o caos do mercado de habitação, a "deslocalização", o desemprego, os 47 milhões de americanos sem seguro de saúde e, principalmente, uma fiscalidade iníqua passarão à frente de qualquer compromisso internacional suprimível ou adiável. Obama tentará reduzir ao mínimo a presença americana no Afeganistão e no Iraque e negociar um "saída" aceitável. E, quanto ao resto, tratará do que interessa à América (a China, a Rússia, a Índia). A "Europa" pesa pouco."
Vasco Pulido Valente, Público, 30.08.2008
Ainda não encontrei nenhuma resposta de esquerda a este "ataque" de VPV.
Confesso o meu receio de que isso se deva a uma grande dose de verdade naquilo que ele diz embora também exista à esquerda uma visão mais céptica.
Tenho a sensação de que a eventual eleição de Obama o irá colocar no centro de um furacão económico e geo-estratégico sem precedentes. Tal como já aconteceu no passado com os democratas podemos vir a ter a surpresa de ver Obama fazer algumas coisas a que nem Bush se atreveu.
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