Serralves mostra uma fascinante retrospectiva de Juan Munoz, artista espanhol falecido em 2001. A peça mais importante é uma "instalação" denominada "Many times".
Imagine-se um átrio grande onde grupos de pessoas se encontraram e conversam. Acontece que, como em muitos outros trabalhos de Munoz, todas as pessoas representadas são como que uma só; um "chinês" de um metro e quarenta que ostenta um sorriso enigmático e que veste roupas incaracterísticas. Cinzento dos pés à cabeça.
Os visitantes podem circular por entre os grupos como se em S. Apolónia, num passe de mágica, todos os passageiros ficassem "congelados" de repente e nós circulássemos entre eles, observando as suas expressões sem que eles nos vissem a nós.
É uma experiência muito interessante de aproximação a uma essência humana que se repete sem fim. As expressões, todas iguais, dos rostos só adquirem significado pela pose do resto do corpo e pela posição que cada figura ocupa dentro do grupo.
Recomendo vivamente.
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