Aproxima-se a grande noite. 169 milhões de eleitores registados vão tentar tornar o mundo mais seguro para a Democracia e para a minha conta bancária. Estou nas condições ideais para acompanhar o evento, tendo já recuperado do trauma induzido pelas oito pessoas que simpaticamente me enviaram mails a corrigir a grafia da palavra “privilegiar” no post ali em baixo, num espectro de registos que variou entre a discreta consternação e a indisfarçável felicidade. (Trata-se de um combate perdido: é uma daquelas palavras, tal como “percussão”, “excluindo”, ou “Mississippi” que ataco sempre com temor, e com - no máximo - 50% de hipóteses de as escrever correctamente. A única coisa que me deu algum alento nestes dias negros foi a leitura da correspondência de Truman Capote. O homem não escreveu bem a palavra “disappointment” uma única vez na sua vida).
Depois de prolongada análise a um ridículo número de sondagens, decidi apostar numa partilha dos votos do colégio eleitoral a 326-212. Quer isto dizer que arrisquei um jantar cujo preço é francamente inexplicável (ou talvez não: as fotos das entradas são intrigantes) na probabilidade de Pennsylvania, Ohio, North Carolina e Nevada cairem para Obama, e Indiana, Missouri e Florida cairem para McCain. A minha previsão foi talvez demasiado impetuosa, particularmente tendo em conta que um eventual erro meu na leitura da situação na Florida (no fundo, estas eleições são sobre mim) não poderá sequer ser compensado por ganhos inesperados em outros pontos no mapa. Creio que, tal como em 2000, a Florida vai mesmo ser a chave, não tanto para o futuro do globo, como para a minha saúde - gástrica ou financeira - durante o resto do mês de Novembro. Espero que os velhos judeus não me deixem ficar mal e votem, como é habitual, na pessoa com o ar mais urgentemente aposentável.
Ainda assim, e porque não quero privar o mundo do privilégio, do privilégio, de fazer apostas com a minha pessoa, declaro-me disposto a submeter todas as sugestões interessantes que me cheguem à caixa de correio nas próximas 24 horas a atenta consideração, pelo menos até ao ponto em que a minha mãe me telefone a chorar, perguntando o que é que correu mal na educação que ela me deu.
Podem fazer o vosso mapa aqui, e enviar as propostas para aqui. Só respondo aos que mencionarem quantias específicas - quem me vier com histórias de restaurantes "muito bons" e "em conta" será imediatamente insultado.
Monday, November 3, 2008
Tromba Rija
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