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O discurso "patriótico" contra a venda da Vivo pela PT insinua, subliminarmente, que a Telefónica nos quer roubar as operações da PT no Brasil. Basta pensar dois segundos para perceber que se trata de um embuste.
A Telefónica está disposta a pagar, em troca da Vivo, uma fortuna superior a sete mil milhões de euros (dizem que dava para dois aeroportos de Alcochete).
O cidadão medianamente inteligente pergunta então: com esse dinheiro todo não podíamos realizar meia dúzia de projectos estratégicos no Brasil ou noutro lado qualquer ?
É claro que podíamos.
Toda a retórica anti-espanhola destina-se a ocultar que o verdadeiro problema reside no triste facto de os sete mil milhões não virem, se vierem, para os cofres do Estado Português. O verdadeiro problema é que os parceiros privados com que o engenheiro Sócrates pensava realizar o projecto estratégico da Vivo precisam, e preferem, em vez disso, vender a Vivo e usar o dinheiro de outra forma.
Portanto, a bem da nossa sanidade mental, esqueçamos os espanhóis e as suas pretensas culpas. Discutamos antes se faz algum sentido querer obrigar os accionistas privados a abdicar de um excelente negócio em nome de uma quimera cujo futuro, nestes tempos incertos, pode nunca se realizar.
É verdade que eles sabiam da existência da golden share quando se tornaram accionistas da PT. Mas também é verdade que certamente lhes prometeram enormes lucros em troca da sua fidelidade à causa.
A questão que se coloca é a seguinte: quando é que é o tempo certo para sacar o retorno de tais promessas ? 74% dos accionistas da PT consideram que o momento é agora pois as mais valias realizadas com a venda da Vivo à Telefónica, neste momento, são astronómicas.
Quem não quer submeter-se à lógica dos capitalistas não deve colocar-se na dependência do seu dinheiro.
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