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Agora que está de novo na moda a ideia de um "bloco central" tem piada recordar as circunstâcias do anterior.
O IX Governo Constitucional, que ficou para a história como "bloco central", foi capitaneado por Mário Soares e pelo líder do PSD, Mota Pinto, tendo sido empossado por Eanes a 9 de Junho de 1983.
Marcado pela política de austeridade, imposta pelo FMI, tinha a seguinte composição:
António de Almeida Santos (ministro de Estado),
Rui Machete (defesa nacional),
Eduardo Pereira (administração interna),
Jaime Gama (negócios estrangeiros),
Mário Raposo (justiça),
Ernâni Lopes (finanças e plano),
João de Deus Pinheiro (educação),
Amândio de Azevedo (trabalho e segurança social),
Maldonado Gonelha (saúde),
Álvaro Barreto (agricultura),
José Veiga Simão (indústria e energia),
Joaquim Ferreira do Amaral (comércio e turismo),
Coimbra Martins (cultura),
Carlos Melancia (equipamento social) e
José de Almeida Serra (mar).
O escudo, que era então uma moeda fraca, desvalorizou de uma só vez 12% e depois foi decaindo 1% ao mês. Aumentaram as taxas de juro, os impostos e os preços de combustíveis e cereais, e a saída de divisas para o estrangeiro passou a ser mais “controlada”.
A despesa pública caiu e a contenção salarial foi marcante. Foi ainda decretado um imposto extraordinário, retroactivo, sobre o 13º mês. Uma medida que muitos reputavam inconstitucional e que se tornou numa das iniciativas mais impopulares das últimas décadas.
Os efeitos foram violentos: um crescimento negativo do PIB, uma inflação recorde de 29,3 % em 1984, subida em flecha da taxa de desemprego.
O número de falências cresceu, os salários em atraso chegaram a números nunca antes vistos, entre outros sintomas de crise. A contestação ao governo esteve ao rubro mas Portugal acabou por ultrapassar a crise.
O PSD acaba de recusar, nas jornadas parlamentares, a possibilidade de um governo de Bloco Central.
Comparada com a de 1983 a crise actual, para já, até parece suave. Até quando ?
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