Respondo agora a dois blogues que me interpelaram sobre o primeiro texto desta série.
Caro André, não desmentiste que o controlo do porte de armas diminui (não vou ao ponto de dizer que resolve) a violência, pois não? Para já é só isso que se quer: diminuir a violência num país que tem tudo para ser seguro, mas não é mais graças a incidentes como este.
Caro Pedro, existem muitas tensões entre a liberdade individual e outros valores importantes, como a igualdade (não é só a segurança). Eu não sou liberal e nem libertário, pelo que para mim a liberdade individual não é o valor supremo.
Partilho o interesse do Pedro pelas pessoas “que estão permanentemente a apelar ao respeito pelas formas organizacionais societárias árabes e outras" mas que, "sempre que estas desgraças acontecem", põem "em causa os princípios básicos da organização social norte-americana”. Mas certamente não sou eu que apelo ao respeito incondicional pela organização tradicional das sociedades árabes, como pode certamente ser confirmado por alguns dos meus textos, neste e noutros blogues.
Deduzir que, por eu ser de esquerda, sou necessariamente um defendor dessa organização, nessa e noutras sociedades, é assim como deduzir que, lá por se escrever na “Atlântico”, é-se necessariamente contra a despenalização do aborto. Não é, Pedro?
Sei perfeitamente que o porte livre de armas é (infelizmente) um princípio fundador da sociedade americana. Conheço eleitores de Ralph Nader que não são a favor do controlo de tal porte. Mas não é isso que me impede de defender que uma sociedade com livre porte de armas de fogo é, tal como uma sociedade onde as mulheres são obrigadas a usar um véu independentemente da sua vontade, contra os meus princípios. Contra ambos lutarei, pouco me importando em ambos os casos com a “liberdade individual” que (como em todas as sociedades liberais) acaba por ser só a liberdade do mais forte.
Finalmente, no meu anterior texto sobre este assunto eu afirmei que o livre porte de armas numa sociedade implica (por razões de segurança) que esta se torne numa sociedade policial (é o caso da sociedade americana). Eu afirmei que, sem descurar a importância do policiamento, prefiro uma sociedade menos policial e com o porte de armas controlado. Fiquei sem perceber qual é que os meus prezados interlocutores preferem.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
Blog Archive
-
▼
2007
(1051)
-
▼
April
(96)
- 1º de Maio de 1973 - o último sem liberdade
- Precários de todo o mundo, rebelai-vos!
- 33 anos - Abril sempre
- Blitzkrieg! Fehlschlag! Remis!
- Uma história exemplar
- Há coisas que têm simplesmente de ser partilhadas ...
- Papa was a Rodeo - versão corrigida
- Métrica
- Food in New York
- A Dia D e o pluralismo da imprensa
- Problemas informáticos
- Mais uma manifestação de sectarismo do novo MRPP
- His collapsible bathtub
- É preciso usar sempre dupla precaução com estes ca...
- Houve aqui publicidade enganosa
- Para que conste
- Salazar e as eleições
- Hoje e Sempre!
- 25 de Abril em Tenerife
- Diz que é uma espécie de manifesto de esquerda
- Eusébio em muito boas mãos
- É da cor das cadeiras, seus cagaréus desconfiados!
- Bryan Ferry e a estética fascista
- Sempre a aprender
- Os dias da Música
- Eleições em França: ando com uma cara!
- A minha ida ao "Um Contra Todos"
- Cara Fernanda Câncio:
- The hamster gambit
- Outro remake de Maradona, com orçamento mais baixo...
- Isto é tão bom, tão bom que chega a ser deprimente
- Da natureza do fanatismo
- Mais um massacre na terra das oportunidades (III)
- Mais um massacre na terra das oportunidades (II)
- Cair na real
- As Bruxas da Memória
- I'll bet you told her all your trees were Sequoias
- A Complexidade de Portnoy
- Mais um massacre na terra das oportunidades
- Não choveu
- Euler na blogosfera
- O Insurgente no buraco negro
- Leonhard Euler
- Era uma vez uma fábrica...
- Encontro Público com a Ciência
- "I'd like to eat Liz Taylor"
- Esta é a razão do meu desconsolo
- Grand National
- Memo para o Vasco Barreto (quando voltar de férias)
- The inanities that I go sowing
- Life is no way to treat an animal
- A gente vê-se por aí, Odete
- Entre as Brumas da Memória - o blog
- A notícia do "Público" não é verdadeira
- "Yours": deve fazer parte da cadeira de inglês téc...
- My Life as a Lord Jim
- A Europa no meu prédio
- Factualidade declarada provada
- Citando Abraracourcix
- Uma notinha pessoal: como alguns de vocês já devem...
- O engenheiro da discórdia
- AFRICAN WOMEN
- Sobre o novo aeroporto
- As crises de meia-idade começam assim
- Passion Play (short version)
- Para quem quer ver a Fórmula 1
- O Caimão
- Carinhoso
- Vamos falar de poesia
- Eu sou um optimista: o meu index está sempre semi-...
- Ferrari
- Um óbvio plágio
- My Life as a Fake
- And yet I know I shall be raised up
- Não podiam ter usado velcro?
- “Those people can be so touchy!”
- Eu voto em branco
- A Bela e o quê? (7)
- A Bela e o quê? (6)
- A Bela e o quê? (5)
- A Bela e o quê? (4)
- A Bela e o quê? (3)
- A Bela e o quê? (2)
- A Bela e o quê? (1)
- James Watson
- As bombas e os inteligentes
- As Vidas dos Outros
- Urbanices e coisas tais
- O pint de amontillado
- 4x Boom
- O primeiro de Abril do "Ciência Hoje"
- Novos blogues
- National Enquirer
- The real world
- Eu faço sempre boa viagem
- Dia de Costanza
-
▼
April
(96)
No comments:
Post a Comment