Publicou o Fernando Penim Redondo um texto controverso sobre Os 90 anos da Revolução de Outubro e entre os comentários ao artigo apareceu um de António Vilarigues (AV), que eu penso que é assumidamente militante do PCP, que indicava um conjunto de endereços electrónicos. Descobri que todos eles remetiam para o seu blog pessoal, onde tinha vindo a publicar um conjunto de post sobre a Revolução de Outubro, que eram quase todos retirados do Militante e do Jornal da ORL do PCP, mas havia um que me despertou particular atenção, a posição do PC Grego sobre a Revolução Socialista de Outubro e que era recomendado por AV.
Fiquei estarrecido, depois da leitura daquele texto, que tinha sido inicialmente publicado em ODiario.info, traduzido pelo próprio Vilarigues, quase que se poderia enviar uma mensagem ao Francisco Martins Rodrigues, um dissidente do PCP no início do conflito sino-soviético (anos 60), e um crítico pela esquerda da orientação do PCP, para que voltasse, porque estava perdoado.
Naquele texto dizem-se coisas tão espantosas, do ponto de vista da ideologia ainda oficial do PCP, como esta: “No Ocidente capitalista, os partidos comunistas não puderam elaborar uma estratégia de transformação da guerra imperialista ou da luta de libertação numa luta pela conquista do poder operário. Eles remeteram o objectivo do socialismo para mais tarde e definiram tarefas que se limitavam a luta na frente contra o fascismo. O ponto de vista que prevalecia na altura, sustentava que era possível a existência de uma forma intermédia de poder, entre o poder burguês e o poder da classe operária revolucionária, com a possibilidade de vir a evoluir para um poder operário.” Ou então, esta outra: “A política seguida por um bom número de partidos comunistas que consistia em colaborar com a social-democracia, fez parte da estratégia da «governação anti monopolista», uma espécie de estado intermédio entre o capitalismo e o socialismo, que se expressava igualmente através de governos que tentaram administrar o sistema capitalista.”
Ou seja, quer queira o AV ou não, isto é a negação das posições desde sempre assumidas pelo PCP na luta anti-fascista, que mereceram sempre uma vigorosa crítica dos, à época, chamados esquerdistas.
Eu acredito que se possa mudar de orientação política, fazer a crítica do passado, não se pode é, quando nada se disse sobre o assunto, assumir que estas posições sempre foram as defendidas pelo PCP. Duma penada deita-se pela borda fora o Rumo à Vitória do Álvaro Cunhal, que explicitamente se referia a As Tarefas do Partido na Revolução Democrática e Nacional ou então, o próprio Programa PCP para Uma Democracia Avançada no limiar do Século XXI, que defende aquilo que é criticado pelo PC Grego.
Mas o mais espantoso de tudo isto é que o site onde esta tradução aparece pela primeira vez é dirigido pelo Miguel Urbano Rodrigues e conta com a colaboração de dirigentes do Sector Intelectual da ORL do PCP, como o Filipe Diniz. Portanto gente que ao divulgar um texto destes deve saber o que está publicar.
Poder-se-ia pensar que afinal há liberdade no PCP para exprimir externamente aquilo que se quer. Penso que isto não é o reflexo da pluralidade de opiniões que existiriam naquele Partido, mas sim, que o PCP já não é capaz de distinguir o que eram as suas posições unitárias e anti-fascistas do passado, da sua posição actual de partido sectário e pouco amigo da unidade. Eu diria que o desvario ideológico tomou conta do Partido.
PS: concordo que este tipo de discussões, que se assemelham àquelas que católicos e protestantes travam a propósito da interpretação de alguns textos da Bíblia, não diga nada a quem sobre esta matéria é completamente leigo ou demasiado jovem para perceber os conflitos ideológicos que se travaram nos anos 60. Alguns eram mesmo guerras de alecrim e manjerona, sem qualquer significado para os dias de hoje. No entanto, há necessidade de certa precisão ideológica para que no debate das ideias não valha tudo e não se venda gato por lebre.
Fiquei estarrecido, depois da leitura daquele texto, que tinha sido inicialmente publicado em ODiario.info, traduzido pelo próprio Vilarigues, quase que se poderia enviar uma mensagem ao Francisco Martins Rodrigues, um dissidente do PCP no início do conflito sino-soviético (anos 60), e um crítico pela esquerda da orientação do PCP, para que voltasse, porque estava perdoado.
Naquele texto dizem-se coisas tão espantosas, do ponto de vista da ideologia ainda oficial do PCP, como esta: “No Ocidente capitalista, os partidos comunistas não puderam elaborar uma estratégia de transformação da guerra imperialista ou da luta de libertação numa luta pela conquista do poder operário. Eles remeteram o objectivo do socialismo para mais tarde e definiram tarefas que se limitavam a luta na frente contra o fascismo. O ponto de vista que prevalecia na altura, sustentava que era possível a existência de uma forma intermédia de poder, entre o poder burguês e o poder da classe operária revolucionária, com a possibilidade de vir a evoluir para um poder operário.” Ou então, esta outra: “A política seguida por um bom número de partidos comunistas que consistia em colaborar com a social-democracia, fez parte da estratégia da «governação anti monopolista», uma espécie de estado intermédio entre o capitalismo e o socialismo, que se expressava igualmente através de governos que tentaram administrar o sistema capitalista.”
Ou seja, quer queira o AV ou não, isto é a negação das posições desde sempre assumidas pelo PCP na luta anti-fascista, que mereceram sempre uma vigorosa crítica dos, à época, chamados esquerdistas.
Eu acredito que se possa mudar de orientação política, fazer a crítica do passado, não se pode é, quando nada se disse sobre o assunto, assumir que estas posições sempre foram as defendidas pelo PCP. Duma penada deita-se pela borda fora o Rumo à Vitória do Álvaro Cunhal, que explicitamente se referia a As Tarefas do Partido na Revolução Democrática e Nacional ou então, o próprio Programa PCP para Uma Democracia Avançada no limiar do Século XXI, que defende aquilo que é criticado pelo PC Grego.
Mas o mais espantoso de tudo isto é que o site onde esta tradução aparece pela primeira vez é dirigido pelo Miguel Urbano Rodrigues e conta com a colaboração de dirigentes do Sector Intelectual da ORL do PCP, como o Filipe Diniz. Portanto gente que ao divulgar um texto destes deve saber o que está publicar.
Poder-se-ia pensar que afinal há liberdade no PCP para exprimir externamente aquilo que se quer. Penso que isto não é o reflexo da pluralidade de opiniões que existiriam naquele Partido, mas sim, que o PCP já não é capaz de distinguir o que eram as suas posições unitárias e anti-fascistas do passado, da sua posição actual de partido sectário e pouco amigo da unidade. Eu diria que o desvario ideológico tomou conta do Partido.
PS: concordo que este tipo de discussões, que se assemelham àquelas que católicos e protestantes travam a propósito da interpretação de alguns textos da Bíblia, não diga nada a quem sobre esta matéria é completamente leigo ou demasiado jovem para perceber os conflitos ideológicos que se travaram nos anos 60. Alguns eram mesmo guerras de alecrim e manjerona, sem qualquer significado para os dias de hoje. No entanto, há necessidade de certa precisão ideológica para que no debate das ideias não valha tudo e não se venda gato por lebre.
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