O Público de ontem inseria uma análise notável de José Miguel Júdice, "Novas reflexões sobre camionistas". Aqui ficam alguns extractos:
"...movimentos de pequenos patrões em cólera, liderando os seus trabalhadores numa espécie de "corporativismo de base", habitados por violência e sem enquadramento ideológico e estratégico, nunca se traduzem num avanço do "proletariado", mas numa futura instrumentalização - quiçá paradoxal - por uma liderança autoritária e populista, que acaba por fazer recuar o processo de emancipação social."
...
"Esta classe média baixa produtiva, que em tempos bons acumula riqueza, que trabalha duramente, que despreza as elites sociais e económicas, não se enquadra em nenhum dos paradigmas que herdámos da sociedade industrial. Já o sabíamos em relação aos sectores de tecnologias avançadas, de que são exemplo as empresas sem sede ou escritórios que se multiplicam nas cidades dos EUA. Agora percebemos que isso se estende cada vez mais aos sectores tradicionais da economia."
...
"Estas fazem jacqueries e, à sua maneira, mobilizam-se ao mesmo tempo contra os sindicatos (que repugnam) e contra as grandes empresas (que desprezam). Os partidos políticos em que esta gente vota (PS e PSD, como se demonstrou quando já depois do meu artigo da passada semana se soube quem eram os cabecilhas) continuam a pensar neles como eles eram há uma ou duas décadas. Perderam o contacto com esta sua base de apoio. Sarkozy e, mais ainda, Berlusconi perceberam e neles basearam o seu projecto político que a muitos surpreendeu. Em Portugal alguém, um dia, perceberá também. E não penso que seja bom para Portugal. Deus queira, aliás, que não seja inevitável..."
Eu já tinha de certa forma indiciado estas questões em Combustíveis e luta de classes e Foi você que pediu um Berlusconi ? .
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