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Fernanda Câncio trata hoje com notável objectividade, no DN e no 5dias, do verdadeiro absurdo há muitos anos instalado nos contratos de arrendamento. A lei do Partido Socialista que entrou em vigor faz hoje dois anos não veio resolver nada, como qualquer pessoa podia facilmente antever.
Acerca da impotência dos senhorios, e do ambiente social que tal permite, diz Fernanda Câncio em clara analogia com a paralização dos camionistas: "Quando uma pessoa que paga 50 euros por uma casa onde pagou durante quase 50 anos uma renda ínfima se acha no direito de exigir/sugerir a realização de uma obra que custa pelo menos o equivalente a dez anos de rendas futuras e corresponde a praticamente todo o "bolo" das rendas que pagou desde o início, surge óbvia a conclusão de que, para essa pessoa, o senhorio é um serviçal. Condenado a servi-lo em penitência eterna por ter alguma vez sonhado que um investimento podia ter proveito, que ser proprietário podia ser rentável. O mais grave, porém, é que este delírio não pertence a um excêntrico isolado, mas a uma cultura generalizada e autorizada pela lei. Uma cultura que arruinou os centros das cidades e empobreceu milhares de famílias. Pudessem elas tombar os prédios nas estradas e paralisar o País, outro galo cantaria. Assim, resta-lhes servir a pena - e ter sentido de humor."
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