Vivemos um tempo de acessórios, em que raramente são discutidos os verdadeiros problemas, substituídos pelos aspectos laterias que os adornam. Não se discutem as propostas mas a legitimidade de quem as formulou, não se discutem as causas e as formas da pobreza realmente existente mas as metodologias estatísticas e a quem elas servem, não se discute a emergência brutal da economia chinesa na transformação da nossa sociedade mas apenas os défices democráticos que persistem no gigante oriental.
Perante tanta superficialidade sabe bem constatar que há alguém a tentar ir mais fundo e bater recordes de profundidade. Os cientistas russos tentam descer até ao ponto mais baixo do fundo do lago Baikal, na Sibéria, a mais de 1600 metros de profundidade.(ver aqui)
O lago, que visitei em 1980, é uma pérola da natureza situada a cerca de setenta quilómetros de Irkutsk. Com mais de seiscentos quilómetros de comprimento e oitenta de largura constitui o maior reservatório de água doce do planeta no centro do gigantesco continente. É tão grande que se todos os rios da terra depositassem nele as suas águas levariam pelo menos um ano para o encher.
Ainda guardo em minha casa um calhau rolado que recolhi nas margens do lago. Faz companhia a muitos outros vindos das mais estranhas paragens.
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