Sobre as implicações éticas da publicação de The Original of Laura falarei oportunamente em sede própria (provavelmente numa esplanada), mas devo dizer que, como objecto artístico funcional, tem muito pouco que se lhe possa apontar.
São centro e trinta e oito fichas de arquivo manuscritas. As respectivas transcrições usam um tipo de fonte chamado Filosofia, desenhado pela senhora Zuzana Licko, esposa de Rudy VanderLans (dois nomes estupidamente nabokovianos). Cada uma das fichas é picotada, o que permite recortá-las e reorganizá-las; a utilidade desse gesto para a coerência narrativa é duvidosa, mas resulta num intrigante efeito colateral: proporciona um vazio no centro do livro com as dimensões certas para esconder dois maços de tabaco, e transforma o romance póstumo de Nabokov no instrumento ideal para visitar alguém na prisão. Se o nível exibicional do Sporting se mantiver nos próximos tempos, espero que tenham isso em conta (fumo Chesterfield lights).
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