Hoje fui surpreendido por uma intervenção de Cavaco em que ele se permitiu invocar a sua condição de professor de economia para dar conselhos aos analistas internacionais. Dizia ele para observarem com mais cuidado pois acabariam por concluir que Portugal é muito diferente da Grécia.
Cavaco, tal como Sócrates, deviam perceber que este tipo de intervenções, que se vêm sucedendo, resultam bastante ridículas e de todo ineficazes.
Quanto a estarmos melhor ou pior do que a Grécia transcrevo um trecho do Público de hoje que me parece bastante deprimente.
A análise dos principais indicadores económicos dos dois países mostra duas realidades diferentes, mas com fragilidades preocupantes em ambas as economias. Quando se olha exclusivamente para a situação actual das finanças públicas, os números mostram, sem margem para dúvida, resultados melhores para Portugal do que para a Grécia. Os défices registados em 2009 até nem são muito diferentes, mas o valor dadívida pública acumulada é muito maior na Grécia onde já supera os 120 por cento do PIB. Em Portugal, esse indicador, mesmo com a forte subida dos últimos anos, ainda está próximo dos três quartos do PIB.No entanto, as coisas ficam menos claras quando se analisam os indicadores que permitem antecipar o ritmo de crescimento futuro da economia, o que, por sua vez, pode influenciar decisivamente a evolução das contas públicas. Em primeiro lugar, Portugal como um todo, isto é, incluindo além do Estado, também as empresas e os particulares, está mais endividado do que a Grécia face ao estrangeiro.
Isto significa que, num cenário em que o custo do financiamento internacional se agrava, a economia portuguesa pode sofrer mais do que a grega. O economista Daniel Gros, num artigo publicado recentemente no Financial Times, alertava para esta questão e assinalava que, especialmente em comparação com a Espanha, Portugal e a Grécia se encontravam especialmente vulneráveis neste capítulo.
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