Entre a liderança do PSD e os jogos parlamentares do governo, em Portugal, há algum esquecimento da ameaça que impende sobre a economia mundial. O PIB chinês cresceu acima de 8% em 2009, o crédito concedido voltou a superar o imaginável no mês passado, e três dos maiores bancos mundiais já são da China. A dimensão do pacote anticrise e uma política de juros baixos explicam o dito "milagre de 2009". No Ocidente era uma esperança: o gigante asiático seria motor da retoma global. Contudo, longe de validar esse keynesianismo, a China pode antes ser a vitória da teoria dos ciclos monetários de Hayek.
O crescimento que, ao longo de 30 anos, assentou nas exportações contrasta hoje com o estado dos seus mercados principais. Com menor escoamento, a liquidez injectada não encontra actividades rentáveis na economia real. O resultado é a inflação em múltiplos activos, particularmente no imobiliário. O filme já foi visto. As bolhas podem seguir o guião dos EUA. Com a diferença que uma crise de liquidez no país com a maior reserva de divisas do mundo, e detentor de uma fracção enorme da dívida americana, resultará na venda maciça dessas reservas. O colapso do dólar, o fim do financiamento ao Sudeste asiático, e a travagem do motor mundial seriam devastadores.
Querem mesmo discutir peanuts?
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por Carlos Santos, Publicado no Jornal I em 15 de Março de 2010
por Carlos Santos, Publicado no Jornal I em 15 de Março de 2010
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