Tuesday, October 9, 2007

A besta está novamente às portas da cidade

Entretive-me nos últimos tempos a falar dos OGM, quando toda a gente já os esqueceu – Miguel Portas já está noutra, manifestando-se a favor dos simpáticos monges budistas da Birmânia – ou a passar por um aleivoso reaccionário ao defender o LFM. Os donos deste blog ou falam das Artes, com A maiúsculo, ou então afixam os comentários sempre “engraçadotes”, mas muito pouco produtivos, dos VPV ou dos MST.

E no entanto às portas da cidade vão-se acumulando os sinais de um tempo de intolerância e de exaltação reaccionária. Hoje, passados 40 anos sobre o assassinato, às ordens da CIA e do Império, de um dos mais lídimos representantes da pureza revolucionária da segunda metade do século passado e com aquela preocupação mesquinha de destruir o herói, eis que uma revista portuguesa, cujos responsáveis desconheço, pespega na capa a célebre fotografia de Che com o bigode de Hitler. No fundo a tentativa de transformar o verdadeiro “cavaleiro da esperança” da América Latina no mais ignóbil dos ditadores ou seja na personificação do mal absoluto.

Estes canalhas, que assim descem à cidade, são os filhos ou os netos dos fascistas que na Itália de Mussolini obrigavam, para lá de outras barbaridades, os seus opositores a beber óleo de rícino, ou nas ruas de Berlim partiam as montras aos comerciantes judeus ou que em Portugal obrigavam o seus opositores a gritar “quem manda?” Salazar, Salazar, Salazar! Recuperam com a capa de novos liberais e de democratas, as velhas provocações fascistas. E nós os liberais, de velha cepa, e democratas assistimos impávidos e serenos ao crescer deste velho-novo fascismo que presentemente, com a cumplicidade de alguma esquerda bem comportada, se prepara para tomar de assalto órgãos de informação, impondo em todo o lado escriturários prontos a pôr a sua pena ao serviço das opiniões mais reaccionárias. E é vê-los no Público, mas proliferando noutros meios de comunicação e enxameando a blogosfera.
Hoje por muito que andemos entretidos com as nossas pequenas discussões, não podemos deixar que esta nova besta nos entre pela porta principal, e que retome sob diversas formas e disfarces a mesma preocupação de sempre, destruir em nós qualquer esperança na possibilidade de transformar o mundo para melhor.

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