Tuesday, September 30, 2008

O Mundo Pós-Americano

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"Olhemos à nossa volta. O edifício mais alto do mundo é actualmente de Taipei e vai ser proximamente ultrapassado por outro que está a ser construído no Dubai. O homem mais rico do mundo é mexicano e a maior empresa cotada na bolsa é chinesa. Os maiores aviões do mundo são construídos na Rússia e na Ucrânia, a maior refinaria está a ser construída na índia e as maiores fábricas situam-se na China.
Londres está a tornar-se o principal centro financeiro mundial e é nos Emirados Árabes Unidos que está o fundo de investimento mais rico do mundo.

O que foram ícones especificamente americanos estão agora nas mãos de outros países. A maior roda gigante do mundo está em Singapura. O maior casino não é de Las Vegas, é de Macau, cidade que ultrapassou Las Vegas em receitas anuais de jogo.
A indústria cinematográfica de maior peso tanto em termos de número de filmes como de bilhetes vendidos é Bollywood e não Hollywood. Até os centros comerciais, esse grande desporto dos Americanos, se tornaram globais. Dos dez maiores centros comerciais de todo o mundo, só um está nos Estados Unidos; o maior do mundo situa-se em Pequim.

Este tipo de listagens é arbitrário, mas é notável que, há apenas dez anos, os Estados Unidos estavam no topo em muitas dessas categorias, se não mesmo em todas.

Pode parecer estranho tratar de uma prosperidade crescente quando ainda há centenas de milhões de pessoas que vivem numa pobreza desesperante. Contudo, na realidade, a percentagem das pessoas que vivem com um dólar ou menos por dia caiu de 40 por cento em 1981 para 18 por cento em 2004, e estima-se que caia ainda para 12 por cento até 2015. Bastou o crescimento da China para retirar da pobreza mais de 400 milhões de pessoas. A pobreza está a diminuir em países que representam 80 por cento da população mundial.

Os 50 países onde vivem as pessoas mais pobres da Terra são um número limitado de casos que necessitam de atenção urgente. Nos outros 142 países — o que inclui a China, a índia, o Brasil, a Rússia, a Indonésia, a Turquia, o Quénia e a África do Sul —, os pobres estão a ser lentamente absorvidos em economias produtivas que estão em crescimento. Pela primeira vez na história, estamos a assistir a crescimento global genuíno. Isto está a criar um sistema internacional no qual muitos países de todas as partes do mundo deixaram de ser objectos ou meros observadores e se tornaram membros de pleno direito. É o nascimento de uma ordem verdadeiramente global."


Fareed Zakaria, em "O Mundo Pós-Americano"

Dez anos

Faz hoje dez anos que encerrou a Expo 98.
Faz hoje igualmente dez anos que, no stand da Hyundai de Huntington, NY, comprei o meu querido Accent vermelho. O único carro que tive na vida.

A Airbus inaugura fábrica em Tianjin

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Esta elegante jovem de Tianjin, a 120 km de Pequim, posa tendo como pano de fundo a recém inaugurada fábrica da Airbus para montagem dos modelos A320.

A Airbus estima que a China vai precisar de 3.000 aviões durante os próximos 20 anos. Eu bem dizia que há que no planeta terra quem esteja um bocado a leste da crise financeira de Wall Street.

Isto é também uma boa notícia para o ministro Mário Lino. Pode avançar com o aeroporto em Alcochete pois, se não forem outros, lá estarão os chineses para aterrar.

Jamais digas jamais.

A Dieta Rochemback

Depois de avaliar a minha disponibilidade - técnica e emocional - para a não-actualização de blogues, decidi que estão reunidas todas as condições para começar a não-actualizar dois blogues em vez de um. A não-cisão temática daqui não-resultante não terá repercussões catastróficas que só o tempo não permitirá enquadrar, mas suspeito que, a partir de agora, A Dieta Rochemback passe a não albergar as minhas não-actualizações desportivas, e a Pastoral Portuguesa as minhas não-actualizações genéricas. Se as coisas correrem bem, é inteiramente possível que um terceiro blogue não-actualizável seja fundado para não hospedar as minhas aguarelas, poesia naif e listas de supermercado.

Não tenho a mania das cruzadas

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Desenho de Álvaro Cunhal

Seguindo o exemplo do José Simões no DER TERRORIST resolvi deixar clara, através deste post a minha posição sobre um esboço de campanha contra a construção de uma Pousada "no Forte de Peniche".

Reproduzo os comentários que escrevi no Caminhos da Memória sobre um post de Irene Pimentel:

"Antes que se crie um novo caso Maria Keil talvez fosse bom perceber qual é o conteúdo da proposta que, em abstracto, é realmente chocante.
Eu não conheço o edifício mas admito a hipótese de haver partes dele que não tenham que integrar um projecto museológico.Até admito que a existência de uma pousada adjacente, desde que bem pensada, tivesse efeitos positivos sobre esse espaço museológico.
Ninguém melhor do que a “Não Apaguem a Memória” para seguir o assunto e, de forma documentada, se for caso disso lançar uma campanha de protesto."
...

"Acho que o assunto é demasiado sério para se lançar na praça pública numa base puramente emocional.
O que eu pretendo é que seja explicado o que é que o projecto pretende fazer exactamente (dimensão, arquitectura, etc), que partes do edifício seriam usadas para “pousada” e qual a sua relevância quantitativa e histórica, que contrapartidas seriam dadas, etc, etc.
Depois de saber isso posso liminarmente recusar tal projecto. Antes de saber isso não posso dar um cheque em branco a ninguém. "

Já depois de ter escrito isto verifiquei, através de simples buscas no Google, que o assunto se arrasta há anos e até encontrei uma curiosa referência a Ferro Rodrigues em Fevereiro de 2004:

"O secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, considerou que “o país está parado”, após verificar que os projectos da pousada na Fortaleza de Peniche e das novas instalações da Escola Superior do Mar não estão assegurados pelo Governo. “Nesta zona, o turismo e o ensino de alta qualidade são alternativas fundamentais e, infelizmente, o que se verifica é que Peniche e o país estão parados. O que o PS está a fazer é a chamar a atenção do país para a gravidade do que se está a passar”, afirmou Ferro Rodrigues, após uma visita à Fortaleza e à escola do Mar, realizada no passado dia 13."

Por piada até se poderia dizer que a direita de então estava a travar a Pousada no Forte e a esquerda a fazer força para a concretizar. Agora temos um projecto, de contornos desconhecidos, que recebe o apoio dos autarcas de Peniche que pertencem à CDU e de dirigentes locais do PCP.

Em suma, embora os aspectos emocionais sejam muito relevantes neste caso, covém percebermos muito bem do que se está a falar antes de desembestar com uma cruzada. Estou farto de cruzadas equívocas contra os infiéis.

Se houver motivos para protestar podem contar comigo.

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O universo da riqueza

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clicar para abrir

Esta era a situação antes da "crise em curso". O futuro mostrará até que ponto estas fortunas eram apenas virtuais.
Os dados relativos a 2008 mostrarão se os ricos, e quais ricos, pagaram a crise. O mais provável é vermos os resultados do sistema de vasos comunicantes com transferências de riqueza dos Estados Unidos e Europa para o Pacífico.

Monday, September 29, 2008

Socialismo referendário

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"O Presidente do Equador, Rafael Correa, reivindicou ontem “o triunfo esmagador” do seu projecto de constituição, referendado ontem, destinado a consolidar no seu país “o socialismo do século XXI”, caro aos seus aliados Hugo Chavez e Evo Morales.

A “Constituição triunfou de maneira esmagadora”, assegurou o Presidente, felicitando os equatorianos, na sede do Governo em Guayaquil, 280 km a sudoeste da capital, Quito.

Pouco antes das 17h00 locais (23h00 em Lisboa), dois institutos privados tinham publicado sondagens realizadas à boca das urnas que davam uma liderança do “sim”, com 66 à 70 por cento dos votos, e 25 por cento dos votos para o “não”, em ambos os casos".

PUBLICO, 29.09.2008

Rafael Correa consegue assim aquilo que Chavéz não conseguiu.
O gigantesco desejo de mudança que varre a América do Sul é inegável.
Espero, e desejo, que esta onda não se salde em mais uma grande desilusão. É que não basta tomar o poder, é preciso saber muito bem o que fazer com ele.



Joaquim Maria Machado de Assis

Morreu faz hoje cem anos. Escrevia muito bem, lindamente, mesmo. Dominava a língua portuguesa como ninguém. Mas, sinceramente, não creio que isso bastasse para fazer dele um grande escritor.

Diz o roto ao nu...

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Mesmo antes desta operação já é enorme endividamento dos Estados Unidos, e do próprio governo federal. Uma parte substancial dos credores são países produtores de petróleo e, com destaque, o Japão e a China.
Podemos então prever que os estrangeiros vão ser, mais uma vez, chamados a financiar os esbanjamentos e desmandos consumistas americanos ?
Podemos então concluir que é um Estado também falido que vai salvar as empresas privadas falidas ?
P.S. (aditamento às 22 horas) - Afinal a Câmara dos Representantes não aprovou o plano. Consta nos corredores que os republicanos, condicionados pelos posts do Rui Tavares e do Daniel Oliveira, que lêem regularmente, não tiveram coragem para ir contra os seus princípios liberais.

Sunday, September 28, 2008

La fida ninfa

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Há vários anos tinha perdido o rasto deste LP, a ópera "La finda ninfa" de Vivaldi sob a direcção de Raffaello Monterosso. Hoje, miraculosamente, reencontrei-o. Por isso não podia deixar de reflectir a minha alegria neste post.

Não me interessa se a interpretação do fim dos anos sessenta está fora de moda ou se a gravação tem muitas imperfeiçoes; a verdade é que há muitos anos que esta raramente gravada obra de Vivaldi me encanta. Constituiu, na minha juventude, a descoberta maravilhada da ópera barroca.
Para não dizerem que eu sou sádico proponho que oiçam uma das árias contidas no disco e agora disponível no YouTube, "Deh! Ti Piega" pelo tenor Antonio Constantino. Aqui fica:



Saturday, September 27, 2008

Premonição

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A insustentável leveza do Estado

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3200 casas atribuídas por cunha em Lisboa
Artistas, jornalistas, amigos políticos pagam em média €35 de renda. Escândalo começou há 30 anos.
Não há outra forma de atribuir estas casas. São perto de 3200, oriundas de várias proveniências, entre as quais moradias ou apartamentos dados à Câmara Municipal de Lisboa como contrapartida de benefícios atribuídos a cooperativas de habitação.
Há mais de 30 anos que o esquema existe e, normalmente, tem sido o vereador da Habitação, ou os seus serviços - quando não o próprio presidente da Câmara -, a conceder aquelas habitações de forma directa. A gente pobre, mas também a amigos, a artistas, a familiares, a correligionários.
A média das rendas cobradas é de 35,48 euros, mas ninguém sabe ao certo qual a percentagem das que são pagas.
Estas casas - palácios, moradias, apartamentos, lojas - fazem parte do chamado Património Disperso e, segundo um estudo da Universidade Lusófona, “a CML não sabia, nem sabe, do que é dona”.
O levantamento está feito, mas não foi entregue à autarquia por falta de pagamento.
EXPRESSO, 27.09.2008
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Agora percebo porque há tantos adversários da "redução do peso do Estado". Para muitos o Estado dá mesmo um jeitão.
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O caso do "azeite espanhol"

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Em 1981, em Espanha, morreram mais de 45 pessoas e oito mil sofreram intoxicações, por envenenamento alimentar devido à mistura no azeite de óleo de colza, um óleo industrial, não refinado, que é tóxico.
A polícia espanhola acabou por descobrir várias instalações, nos arredores de Madrid, nas quais era engarrafado o azeite falsificado e confiscou grandes quantidades do produto adulterado.
Onze anos depois, alguns dos afectados por aquela doença tóxica vieram a público dizer que continuavam à espera de ser indemnizados e calculavam que o azeite adulterado já tinha provocado a morte de 987 pessoas em Espanha.
Apesar da proximidade geográfica e da muito maior gravidade das consequências o caso do "azeite espanhol", tanto quanto me lembro, não provocou tanta comoção como o actual caso do "leite chinês".
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Friday, September 26, 2008

Regresso à Alameda

Está na altura de ir jantar, enquanto actua a tuna. Depois lá estarei.

Assim se vê a força do PC

Creio que com as reformas que são no momento necessárias (e estão ainda em curso) a presença do PCP na governo não seria de todo desejável. (O mesmo se aplica ao Bloco de Esquerda: em política interna, não vejo diferença absolutamente nenhuma entre os dois partidos. Em política externa há e não é pouca, mas ninguém põe a hipótese de termos um ministro dos negócios estrangeiros destes partidos.) Não tenho votado na CDU nas eleições legislativas e nem tenciono votar nas próximas. Mas ao ler textos como este do João Galamba, palavra que me apetece ir a correr votar no PCP. Não o farei, mas outros o farão por mim. Se o João Galamba escolhe ostracizar estes portugueses, é com ele. Eu não ostracizo, e merecem-me todo o respeito, mesmo não concordando com eles. E sei que chegará o dia em que vão perceber melhor o mundo em que vivem. Mas parece-me um reeo crasso julgá-los irrelevantes ou alheados deste mundo. Pelo respeito que me merecem, não me sinto capaz de os tratar como “dementes”. O João trata-os. Mas o João também se acha no direito de criticar António Damásio por não ter lido este ou aquele livro. Se ele me permite, recomendo-lhe este trecho de um artigo do Público de 18.09.2008, por Constança Cunha e Sá.

Esta semana, também, foi publicada uma sondagem, no Correio da Manhã, que para além de assegurar a vitória do PS e a descida do CDS e do PSD, confirma, mais uma vez, o peso eleitoral do PCP e do Bloco de Esquerda, que, juntos, conseguem obter cerca de 20 por cento das intenções de voto. O Partido Comunista, em particular, surge em terceiro lugar, com um resultado superior a dez por cento, como, aliás, já tinha acontecido numa sondagem anterior. É verdade que, com o tempo, a popularidade de Jerónimo de Sousa deixou de ser uma "novidade", transformando-se num facto normal e previsível que já não suscita a admiração de ninguém. No entanto, a persistência do fenómeno não só não lhe retira singularidade como lhe acrescenta relevância política. O voto de protesto, embora explique parte do sucesso, não justifica, por si só, a capacidade de mobilização que tem, neste momento, o partido.
Ao contrário do Bloco de Esquerda, que sempre beneficiou do interesse dos jornalistas, o PCP, visto como uma aberração ideológica, foi durante muito tempo um partido ignorado, incapaz de contribuir para um debate sério sobre o desenvolvimento do país. Envelhecido, desprovido de quadros e sem intelectuais ao dispor, o PCP parecia ter os dias contados: para todos os efeitos, era uma espécie de relíquia histórica que mais tarde ou mais cedo acabaria por desaparecer, levado pela inflexibilidade de uma ortodoxia que se recusava a evoluir. Quando Carlos Carvalhas, o espelho do impasse em que se encontrava o PCP, abandonou a liderança, foi substituído, como se disse, pela velha guarda do partido. Imune às subtilezas da teoria, Jerónimo de Sousa confirmou as piores expectativas dos "renovadores". Com ele, os comunistas deixaram-se de evasivas ideológicas e, recuando no tempo, recuperaram acriticamente as suas teses do passado. Mas - e isso passou desapercebido - sem se preocuparem excessivamente com elas: o novo líder do PCP podia ser estalinista, sonhar com a antiga União Soviética ou defender regimes totalitários, mas nunca perdeu tempo a discutir o estalinismo, o modelo soviético ou o regime de Fidel. Ignorando ostensivamente as grandes questões doutrinais que envolveram a queda do Muro e o futuro do socialismo, Jerónimo de Sousa reduziu o debate ideológico aos problemas concretos dos portugueses. Daí à famosa "afectividade" que supostamente o distingue foi um passo que se acelerou com a eleição do eng.º Sócrates e com o "socialismo de mercado" que actualmente nos governa.
Pode-se dizer que a necessidade de controlar o défice, o arranque de algumas reformas e o progressivo esvaziamento dos direitos adquiridos é um terreno fértil ao florescimento do PCP e à demagogia de grande parte das suas propostas. Como se pode dizer que o projecto apresentado pelos comunistas não tem viabilidade, nem representa qualquer tipo de alternativa. Mas não se pode ignorar que grande parte da força que o PCP tem, neste momento, ultrapassa um modelo de desenvolvimento que nem sequer existe e se prende com a hipocrisia de um sistema cada vez mais desigual que privilegia os fortes e prejudica os fracos. A sobranceria do Governo e de grande parte da comunicação social em relação às questões sociais revela um arrivismo insuportável e uma total incompreensão da realidade humana e dos problemas dos mais desfavorecidos. Entre o autismo de uns e os êxtases liberais de outros, o triste quotidiano de grande parte dos portugueses fica necessariamente de fora, entregue à afectividade (se é isso que lhe querem chamar) de qualquer Jerónimo de Sousa.

Ana Rita Canário

Se havia pessoa que não gostava de praxes e tradição académica era a Rita.
Em memória da Rita está a ser feito um blogue.

Sócrates recusa debater casamentos com ovelhas por não estarem na agenda do PS




Everything You Always Wanted to Know about Sex

Woody Allen, 1972

Thursday, September 25, 2008

Chama-se provincianismo

Acerca de uma questão com um ano:

23.09.2008 - 00h58 - Tuga, Berlenga
O recrudescimento da praxe em Portugal mostra que em diversas vertentes o país andou para trás. Ela é bem o reflexo do nosso atraso de mentalidade (se fosse só económico!...). Mas a cobardia - e em demasiados casos a simpatia e até a concordância - das autoridades escolares e governativas tem sido clamorosa. Para os que acham muito úteis estas praxes à portuguesa, mesmo quando despojadas da sua quase sempre boçalidade, sugiro-lhes que procurem coisa semelhante nas faculdades de Paris, Roma, Berlim, Londres, etc. Durante a ditadura a praxe foi quase até ao fim um bastião do conservadorismo e do regime. E em Lisboa, cidade mais aberta, evoluida e cosmopolita, não existia. Agora está por todo o lado. Qual será de facto esta doença profunda que nos impede de evoluir?

É por isso que eu gosto desta escola (e deste curso)

Uma selecção minha dos comentários à notícia do Público

23.09.2008 - 10h14 - jsgm, Lisboa, Portugal
Em Setembro de 1995 um caloiro recusou as praxes "voluntárias". Perante a pressão dos veteranos que o empurravam e queriam encurralar num canto do Pav. de Civil deu um soco num "veterano". Foi perseguido por uma horda que queria tirar desforço da afronta. Refugiou-se no Conselho Directivo e os "assaltantes" quiseram rebentar as portas para o extrair de lá e "fazerem justiça". Perguntem aos Prof. Gaspar Martinho e Carlos Salema que lá estavam quanto tempo durou o cerco, que só terminou com a chegada de uma secção da PSP para dispersar a turba e escoltar o caloiro para fora do campus da Alameda.

23.09.2008 - 06h26 - Tiago Marques, Lisboa, Portugal
Acabei este ano um curso de Engenharia no IST e como tal vejo-me na condição de poder comentar este assunto. Ao longo dos 5 anos que passei no Técnico vi bastantes praxes (apesar do meu curso ser o único anti-praxe do IST) entre as quais muitas verdadeiramente humilhantes. Sem dúvida aplaudo esta decisão do Prof. Matos Ferreira, uma vez que discordo completamente da necessidade de praxe. Os seus defensores vão dizer que é para receber e integrar os alunos do primeiro ano, mas para tal não são precisas praxes. Vejam o exemplo do meu curso, Engenharia Física e Tecnológica em que tínhamos uma comissão de recepção aos alunos do primeiro ano para os integrar, mostrar-lhes o Técnico e Lisboa e realizar uma série de actividades como jogos, desporto e jantares. Acho a praxe representativa daqueles alunos que estão mais preocupados com "a vida académica" do que com a Universidade. No Técnico é para se trabalhar, se estão mal vão para a Independente.

23.09.2008 - 00h35 - Anónimo, Lisboa
Estudei no Técnico e por lá continuo, sou investigador e estudante de Doutoramento... Acho esta manifestação completamente disparatada, porque praxes, que me lembre acho que tive um dia ou dois, e não foi coisa que me fizesse perder muito tempo... Acho que existem formas diferentes de se conhecer pessoas do que a partir de um conceito completamente ultrapassado. Normalmente as pessoas no Técnico unem-se por grupos, e não é por haver praxe que se unem mais ou menos... É completamente ultrapassado e seria bom acabar com esse conceito de uma vez por todas... Hoje em dia acho que não faz sentido absolutamente nenhum...

22.09.2008 - 23h44 - Anónimo, Lisboa, Portugal
Haja alguém com bom senso!! Parabéns pela decisão Prof. Matos Ferreira. Tão ridículo quanto as praxes, só mesmo os trajes académicos e toda a atitute parva que normalmente a acompanha. Este país tem que perder a "mania da importância de ser dr". Ser estudante universitário ainda é um previlégio e escusam de exibi-lo a tanta e tanta gente que nunca o consegui ser. Sejam educados. Divirtam-se, mas educadamente

22.09.2008 - 21h52 - Tiago Carvalho, Lisboa
Muito boa medida do Sr. Reitor, porque em Portugal o que se quer é não respeitar a autoridade enquanto se atropelam outros direitos arrogando-se, claro está, também duma autoridade. E digo isto no sentido mais amplo. No caso do IST, como antigo estudante e actual bolseiro: só quem é parvo é que defende as praxes por estas servirem para integrar. Não há mais maneiras de as pessoas conhecerem-se senão através de jogos ridículos que só servem para acentuar a diferença hierárquica? Piadas foleiras e sexuais acompanhadas de cerveja? É singular observar-se que as mesmas alimárias que defendem e exercem a praxe são os mesmos imbecis que se vão arrastando pelo curso sem empenho e trabalho e têm a sua masturbação trajada de capa e batina só quando os caloiros entram em Setembro. Com sorte pescam uma caloira e depois entregam-nos todos à sua sorte. Não tenham dúvidas: as pessoas que praxam não são exemplo, bem pelo contrário, são um tipo de sujeitos totalmente acéfalo e preguiçosa que regozijam com a humilhação dos outros; dos caloiros não tenho pena nenhuma porque também se deixam submeter. Se querem "integrar" combinem uma hora, façam uma vaquinha, bebam uns copos. Simples e garantido

22.09.2008 - 20h58 - afonso, Portugal
a polícia fascista do politicamente correcto anda a fazer das suas... a verdadeira praxe no IST é acabar o curso

22.09.2008 - 21h13 - GZP, Lisboa
É mentira que as praxes no IST sejam puramente voluntárias. Eu entrei em Eng. Civil em 1995 e consegui escapar às brincadeiras grosseiras desses meninos por pura sorte e manha. No ano seguinte esforcei-me por ajudar outros alunos recém-chegados a fazerem o mesmo e quase que fui agredido. Concordo inteiramente com a medida do reitor: o IST não tem que ser conivente com este tipo de práticas bárbaras; se o fizerem fora do campus, no espaço público, aí valem claramente as leis civis que proíbem a agressão e a coacção.

22.09.2008 - 20h50 - F. Correia, Porto
Eu fui praxado, quando entrei na FCUL, contra a minha vontade. Fui lancado ao lago do campo grande, em Lisboa, por me recusar a obedecer aos 'veteranos' do meu curso. O resultado foi ter ficado uma semana doente (provavelmente devido à ingestao da àgua estagnada)... Nunca percebí esta necessidade que muitos estudantes universitários têm de achincalhar e abusar dos seus colegas mais novos. Mesmo nas suas manifestacoes mais brandas, a praxe resume-se a comandar os caloiros. Se esta é a forma correcta de colegas se tratarem, vou alí e já venho.

22.09.2008 - 19h31 - CM, Lisboa
Eh pessoal, mas nao acham que essa coisa de praxes cheira a provincianismo com pouca graca? Saudacoes

22.09.2008 - 19h25 - vg, oeiras
Estes meninos deviam ter juizo.Quando lá andei,aquilo era uma escola para rapazes ,com boas instalações desportivas.Agora são "tunas " e praxes à moda do Norte...Bimbos

22.09.2008 - 19h17 - Anónimo, Caldas da Rainha
As praxes são tradição no IST??????? Quando oiço falar nas praxes e na capa e batina no IST é rir a bandeiras despregadas com a historieta.

22.09.2008 - 19h01 - JT, Portugal
Praxe voluntária? Ter um brotamontes mais velho, desconhecido, numa cidade desconhecida a gritar-te aos ouvidos, enquanto estás de joelhos a olhar para o chão, que se não fores praxado és um mer... que vais ser posto de parte durante o tempo que durar o curso, etc,... isso torna a praxe voluntária? Srs Estudantes, que tal um pouco de raciocínio, de preferência antes da sétima imperial? Será que é verdade, que no século XXI , o conservadorismo obscurantista que sempre foi combatido a partir dos meios académicos, agora é defendido, sobre o pretexto do álcool, por estes? As razões dos estudantes(?) são tão válidas com as dos que defendiam que as mulheres não tinham inteligência suficiente para votar (alguns deles, de caneca na mão dirão "E têm?"), ou que os não nobres não tinham capacidades governativas (E o estudante com a capa cheia de cerveja dirá "pois claro, hic, não estudavam...")

22.09.2008 - 19h00 - Anónimo, lisboa
Concordo plenamente com o fim das praxes. As mesmas não são mais que: fizeste-me a mim, hei-de fazer a ti. É tempo de os nossos futuros Engenheiros pensarem em receber dignamente os nossos caloiros em que a maior parte deles necessita de apoio e não de praxes. Uma brincadeira de uma hora ou um dia aceito, agora praxe de uma semana? Não sejam ridículos e defendam um nome tão grande como Instituto Superior Técnico. Eu fui aí estudante e nunca participei em nenhum evento dessa natureza.

É por isso que eu gosto desta escola

Uma vez mais, o Instituto Superior Técnico dá o exemplo para o resto do país.

Comunicado do Presidente sobre praxes académicas no IST
19 Setembro 2008

Na sequência da carta enviada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior dirigida ao Presidente do Conselho de Reitores no passado dia 10 de Setembro, repudiando de forma veemente a prática das praxes académicas infligidas aos estudantes que ingressam no Ensino Superior, e dando conta da intenção de responsabilizar civil e criminalmente, por acção e por omissão, os órgãos próprios da instituição sempre que se demonstre a existência de práticas ofensivas para os estudantes, fica decidido:

Não reconhecer legitimidade a qualquer auto-denominada comissão de praxe, proibindo as actividades que neste momento lhes estão associadas nos campi da Alameda e do Taguspark;
Proibir a prática de praxes académicas nos campi da Alameda e do Taguspark, qualquer que seja a forma como são organizadas.
Qualquer violação a esta directiva deverá ser comunicada ao Conselho Directivo da Escola, que agirá em conformidade, não estando excluída a possibilidade de abertura de um processo disciplinar ao(s) elemento(s) prevaricador(es).

Carlos Matos Ferreira
Presidente do IST

Até tu, Alhos Vedros ?






Cerca das 22 horas de ontem, um grupo de cerca de 30 jovens da Baixa da Banheira, também no concelho da Moita, foi aparentemente ajustar contas com um grupo rival de Alhos Vedros, igualmente do concelho da Moita, segundo disse à Lusa o major Duarte Jacinto, da GNR.
O grupo atacante estava armado com paus e tacos de basebol e desencadeou a perseguição aos jovens de Alhos Vedros desde o Parque 25 de Abril até ao Parque das Salinas, tendo-lhes alegadamente roubado objectos pessoais.

Público 24.09.2008

É um enigma que me atormenta. À mais pequena desavença entre gangs lá vêm as traulitadas com os tacos de baseball. Mas porquê os tacos de baseball, meu Deus ? onde vão eles descobrir os tacos ? os traficantes de armas, para além das metralhadoras e das "canos serrados" vendem também tacos de baseball ? não lhes bastava uma moca de Rio Maior ou similar ?
É um desporto que não se pratica por cá, não tem qualquer tradição no nosso país.
Será que é por isso mesmo ? uma espécie de nostalgia, uma sensação de privação em relação a esse jogo que só se vê no cinema ou na TV ?
Nesse caso, à falta de ball, dá-se com a base na cabeça dos vizinhos numa espécie de tratamento psíquico ?
Recomendo desde já ao Ministério da Educação, em próxima revisão curricular, a inclusão do baseball no elenco das disciplinas desportivas dos nossos jovens, acompanhando a medida da distribuição de capacetes aos professores.

A traição do tempo







A “traição de altos responsáveis do partido e do Estado” é um dos motivos apontados para a “derrota” do socialismo na União Soviética de acordo com as Teses ao XVIII Congresso do PCP que hoje são divulgadas com o jornal partidário “Avante!”.
...
O socialismo, alternativa necessária e possível pode ler-se, na página 15: “Perante os complexos problemas que se manifestaram na construção do socialismo na URSS, assim como noutros países do Leste da Europa, o PCP expressou compreensão e solidariedade para com os esforços e orientações que proclamavam visar a sua superação, alertando simultaneamente para o desenvolvimento de forças anti-socialistas e para a escalada de ingerências imperialistas, confiando em que existiam forças capazes de defender o poder e as conquistas dos trabalhadores e promover a necessária renovação socialista da sociedade.
Mas certas medidas tomadas agravaram os problemas ao ponto de provocar uma crise geral. O abandono de posições de classe e de uma estreita ligação com os trabalhadores, a claudicação diante das pressões e chantagens do imperialismo, a penetração em profundidade da ideologia social-democrata, a rejeição do heróico património histórico dos comunistas, a traição de altos responsáveis do partido e do Estado, desorientaram e desarmaram os comunistas e as massas para a defesa do socialismo, possibilitando o rápido desenvolvimento e triunfo da contra-revolução com a reconstituição do capitalismo”.
PÚBLICO, 25.09.2008

Quando em 1990 me insurgi, no XIII Congresso do PCP, contra a pobreza das explicações encontradas pelas Teses para explicar a "derrota do socialismo no Leste da Europa" nunca me passou pela cabeça que, passados 18 anos, a mesma fórmula continuasse a ser repetida.
Assim, sem compreender profundamente o que aconteceu e porque aconteceu, nunca mais se fará o luto por uma experiência que devemos superar.

Wednesday, September 24, 2008

Santa Aliança

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Veja a "Santa Aliança" aqui


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Sobre o cartão magnético de acesso às escolas

Ponto prévio: acredito que a principal preocupação de muitos pais ainda seja o controlo total dos filhos adolescentes, e partilho a grande preocupação da Maria João Pires quanto a este facto.
Dito isto, eu não vejo a introdução de um cartão magnético necessariamente ou exclusivamente como uma medida de “controlo total”. É-o em parte e é aí que eu o critico. Não me parece razoável que um aluno do secundário não possa entrar e sair livremente da escola. Não me parece sobretudo razoável que alunos do 2º ciclo (de 10 e 11 anos) sejam tratados da mesma forma que adolescentes pré-universitários. São idades muito diferentes, e esta indistinção origina uma imaturidade que hoje já se nota nos alunos do primeiro ano das universidades.
De qualquer forma, da maneira como o cartão é apresentado pela Maria João, parece que as escolas passam a ser uma espécie de “Big Brother”, onde todos os passos lá dentro são vigiados, os intervalos, o convívio com colegas, eventuais demonstrações de afecto e experiências que é suposto ter-se nesta idade. Não é assim, e ainda bem que não é. O cartão parece-me positivo até ao 9º ano, e com algumas alterações e salvaguardas importantes (poder vir cá fora ao café da D. Maria fumar um cigarrinho no intervalo – afinal não se pode fumar dentro das escolas, não é?) também mesmo no secundário.
Um dos aspectos importantes do cartão é o controlo da assiduidade. É aqui que eu não concordo com a Maria João, nomeadamente com a frase “A ideia de que alguém se mostre satisfeito pela existência de um cartão que lhe permite, por exemplo, ser avisado em tempo real de uma simples balda de um filho arrepia-me.” O controlo da assiduidade e o combate ao absentismo são de uma extrema importância em todas as actividades profissionais ao longo da vida, e a escola secundária é um bom local para começar a aprendê-lo. Nenhum aluno é impedido de faltar por isto. Aliás, tanto quanto eu sei, a única alteração deste cartão vai ser mesmo a comunicação da falta em tempo real ao encarregado de educação, pois ele já poderia tomar conhecimento de todas as faltas (não em tempo real) se assim desejasse. O cartão é é uma medida de responsabilização: o estudante deve habituar-se a assumir a responsabilidade pelos seus actos, nomeadamente pelas suas faltas. Não é encarando-as como “uma simples balda”, um “pequeno disparate” a que não se liga muito que se fomenta essa responsabilidade. A este respeito convém recordar as reacções dos alunos que vêm do estrangeiro, nomeadamente filhos de imigrantes, ao compararem a escola dos seus países de origem com a portuguesa. Todos referem que a escola portuguesa é menos exigente, que a atitude dos alunos portugueses é muito diferente da deles. Para eles a escola é para se aprender, e “uma simples balda” é algo impensável. É com estes alunos que temos que nos comparar e é como estes alunos que devemos querer que os nossos filhos sejam.
Resumindo, para mim a introdução do novo cartão é uma medida a elogiar, embora se deva rever a sua aplicação.

Regulação, régulo, reguada...



Nos últimos tempos, por razões conhecidas, toda a gente fala sobre as "falhas da regulação" do mercado. Sempre que um tema se converte numa moda tende a deixar de ser o centro das atenções que passam a dedicar-se quase exclusivamente à crítica, ou ao aplauso, dos que entretanto já se pronunciaram sobre ele. O tema, em si, deixa portanto de ser objecto de análise e converte-se num conjunto de lugares comuns prontos para o arremesso.
A contra-ciclo coloco as seguintes questões:

1. não deviam ter sido os donos dos bancos agora falidos os primeiros, para defender os seus interesses, a impedir os gestores de realizarem negócios ruinosos ?
2. como se explica que os gestores, que constituem aparentemente uma classe irresponsável, sejam motivados com enormes comissões mesmo quando o resultado dos negócios realizados leva à bancarrota ?
3. que tipo de capitalismo é este em que a maior parte dos "detentores do capital" são mais pobres do que os gestores que os arruinam, e não têm forma de impedir que tal aconteça ?
4. como encaixar os gestores ? são assalariados ? são empresários ? são uma nova casta que domina o mundo ?
5. os gestores privados são distintos dos gestores públicos e, em geral, dos burocratas que deviam realizar a tal "regulação" salvadora ? ou têm todos o mesmo tipo de "apetites" só diferindo na forma como os saciam ?

Eu sei que estas perguntas são incómodas porque desafiam os "discursos oficiais" da esquerda e da direita. Mas talvez ajudem à compreensão do assunto.

P.S: A palavra "regulação" traz-me sempre à memória: régulo, reguada, loja regular, relógios Reguladora, leis que não vigoram por falta das regulamentação...

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ANDROID (intervalo para publicidade gratuita)





Há quem fique maravilhado mas também há quem fique assustado.
A integração da informação e da comunicação e o cerco que elas nos fazem provoca sempre esta perplexidade.

Um dia, quem sabe, falaremos das falhas da "regulação"...

Tuesday, September 23, 2008

A mente galáctica e "o vazio da mente"


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O pensador norte-americano Dr. José Argüelles recomenda a Meditação Galáctica, porque através desta cria-se uma união perfeita com a chamada Mente Galáctica.
Vejamos a sua sábia explicação:“Quando falamos de Meditação Galáctica estamos a falar acerca de uma experiência intencional da holomente galáctica, que finalmente está nos harmonizando com as redes telepáticas. Quando conseguimos estar totalmente harmonizados com estas redes, então passamos a um estado de ser tão completamente diferentes daquilo que se considera comum hoje, que é inimaginável, excepto se o compararmos com a iluminação, paraíso, nirvana, o absoluto, união com Deus, etc. A Lei do Tempo torna possível a definição desta experiência, agora ampliada para significar a sua completa identificação e absorção pelo campo universal da rede telepática. Em princípio podemos ter comunhão com átomos, estrelas, aves ou planetas distantes. E podemos transmutar as nossas formas de um estado ou condição dimensional a outro.”

Todos nós somos capazes de desenvolver os nossos sentidos mais subtis, podendo assim usufruir de toda a Energia Universal, dando início ao nosso próprio processo de auto cura e crescimento espiritual, basta confiar no poder interior que cada um de nós possui.
Segundo as antigas correntes orientais todas as pessoas têm capacidades de cura, mas para que estas sejam activadas é importante a passagem por um processo iniciático de sintonização com o Cosmos.
Quando o processo de cura é activado actua a todos os níveis, começando pela cura da auto-aceitação e auto-perdão, restabelecendo e fortalecendo a harmonia física, emocional, psíquica, espiritual e multidimensional ou de todas as outras múltiplas dimensões do ser humano.

A aura vive dentro de nós e expande-se para o Universo. A nossa aura vive de uma eterna troca de energias entre nós e o Universo. Tudo é energia e nós somos energia. Energia em movimento… uma energia feita de mil e uma cores sempre a dançarem à nossa volta, sempre presentes dentro de nós. A aura e a forma que se apresenta vem sempre do nosso interior, dos nossos chacras e dá-nos a informação que precisamos. A aura e a sua existência é a prova de que todas as respostas estão dentro de nós.
Então comece por respirar profundamente para relaxar o corpo físico, feche os olhos ou fixe um ponto e mantenha-se sereno sem pensar em nada, simplesmente tranquilizando e apaziguando o espírito, o que é muito relaxante e benéfico para a saúde do seu corpo e da sua mente. Aprenda a fazer “o vazio da mente” e encontrará a paz que necessita. (Texto composto a partir de uma publicidade recebida por email.)
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Nos tempos conturbados que vivemos ainda há, felizmente, quem trate de nos abrir canais para o Cosmos e a Mente Galáctica o que não deve ser nada fácil atendendo à balburdia que se instalou numa coisa muito mais prosaica a que chamamos blogosfera.
Quanto à aura ainda não percebi se se referem aos "hits" ou às "visits" do DOTeCOMe que, por sinal, até têm andado fraquitos. Pode ser que ajude, mal não deve fazer.
Essa de aprender a fazer "o vazio da mente" é que me parece desnecessária. Basta navegar um bocado para perceber que já há imensa gente a praticar com enorme sucesso.
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Car Jaquim e Home Jaquim


O Car Jaquim e Home Jaquim continuam imparáveis. São sem dúvida parentes e tudo leva a crer que não são imigrantes atendendo ao apelido.
É bonito constatar que, nos dias de hoje, ainda há cidadãos que confiam em Rui Pereira de tal forma que se passeiam de automóvel na companhia de um milhão de euros. (ver a história aqui)
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Edward Norton Lorenz (1917-2008)

Lorenz, o pai do "efeito borboleta", durante a Segunda Guerra Mundial trabalhou como meteorologista para as Forças Armadas americanas, e descobriu este comportamento caótico enquanto estudava modelos para a previsão do tempo. A descoberta foi feita completamente por acaso: ao reintroduzir os mesmos dados no mesmo modelo, Lorenz obteve resultados completamente diferentes! Ao reexaminar mais cuidadosamente os seus dados, verificou que se enganara numa casa decimal, que significara uma diferença pequeníssima numa condição inicial!

Para saber mais, os sítios do costume: o obituário do The New York Times, o The Reference Frame e a Gazeta de Física, de onde o texto foi retirado (nº 3 do volume 31).

Estes cômplos

(THUNDERSTORM1, 1 ponto , 18:42 Segunda-feira, 22 de Set de 2008)

alinhar nestes cômplos a pouco mais de 5 dias do derbi.
Manifesto desde já o meu repúdio por esta campanha desestabilizatória.
Amanhã de manhã vou cortar a assinatura do expresso..........a não ser que se retratem

(Comentário do senhor THUNDERSTORM1 a este artigo do Expresso)

Odisseia na terra

(odisseia na terra, 1 ponto , 13:22 Segunda-feira, 22 de Set de 2008)

ESTA PERGUNTA É FEITA PARA QUE OS ADEPTOS DO CLUBE DO PASSARO POSSAM VERTER AS SUAS JÁ GASTAS OPINIÕES.

ALGUM CASPOSO DO FCP NÃO SABERÁ RESISTIR Á PERGUNTA.

SOLICITO A TODOS OS LEÕES QUE NÃO ADIRAM A ESTE EXERCICIO INTELECTUALMENTE GROSSEIRO E BASTANTE ESTÉRIL.

A CÔR É VERDE E O LEÃO ESTÁ IMPARAVEL. VIVA O SPORTING!

(Comentário do senhor "odisseia na terra" a este artigo do Expresso)

O novelo

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A chefe de gabinete do vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa tem, há cerca de 18 anos, uma casa arrendada pela autarquia a custos controlados. Isabel Soares, antiga presidente da Gebalis (a empresa municipal que gere a habitação social na capital) e actual membro do staff de Marcos Perestrello, já nem sequer habita a casa, situada em Telheiras, mas ainda lá tem o seu filho a viver, que paga 350 euros mensais de renda.
...
Mas Isabel Soares não é a única na mira de Helena Lopes da Costa. A actual deputada do PSD garante que Ana Sara Brito, actual vereadora da Habitação e Acção Social, era "uma das pessoas que pedia mais casas, em reuniões da câmara". A actual vereadora de António Costa "era presidente da Junta de Freguesia da Encarnação e muito activa a fazer pedidos".
...
Helena Lopes da Costa foi constituída arguida num processo de alegado favorecimento na atribuição de habitações sociais, depois de uma denúncia que deu origem a um processo com contornos ainda por esclarecer. No âmbito do mesmo processo, Miguel Almeida, também deputado do PSD, foi também constituído arguido, tendo já sido levantada a imunidade parlamentar a ambos, durante a semana passada. Tanto a ex-vereadora da CML, como o antigo chefe de gabinete de Santana Lopes, decidiram responder por escrito. Os dois são suspeitos de corrupção e de falsificação de assinatura de funcionário.
DN, 23.09.2008
Se quiser saber mais sobre este verdadeiro novelo veja o DN de hoje aqui.
É por estas e por outras, porque quando se puxa uma ponta nunca se sabe o que aparece, que continuamos à espera do desenlace dos "casos de corrupção" que deram origem às últimas eleições em Lisboa. Curiosamente ninguém parece incomodado com a inanição da Câmara, nesta cidade entre parêntesis que no passado tanto preocupava os comentadores.
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Monday, September 22, 2008

As causas da Júlia, da Maria, da Fernanda, da Carolina, etc...

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Afinal, a causa que eu apadrinhara no meu post anterior, sobre os belíssimos azulejos da Maria Keil, era pura ficção. Eu, que tanto tenho verberado os exageros dos movimentos a favor, ou contra, tudo e nada também sucumbi à infecção catastrofista.

Leiam o que explica a Júlia Coutinho no seu "As Causas da Júlia" e meditem no seguinte: quantas das inflamadas causas que fazem vibrar a blogosfera ficam por esvaziar por lhes faltar alguém suficientemente lúcido e corajoso para o fazer ?

Vamos lá ser mais criteriosos e menos impulsivos, tá bem ?...

Na semana da mobilidade

Mais uma vez, o “Dia sem carros” que, em Lisboa, consiste em fechar o trânsito entre o Rossio e o Terreiro do Paço. De utilidade muito duvidosa esta medida. Bem mais úteis são as medidas anunciadas para o transporte público nocturno ao fim de semana e véspera de feriado. De parabéns a Câmara Municipal de Lisboa, Secretaria de Estado dos Transportes e Ministério da Administração Interna.
O “Dia sem carros” é presentemente uma iniciativa simbólica que não incomoda ninguém, e não resolve o problema principal – andar de carro, em Portugal, é uma questão de status. Ainda “parece mal” andar de transporte público ou bicicleta. O “crédito fácil”, a “bolha” que parece que está a rebentar e que se traduz em os portugueses viverem aima das suas possibilidades também se reflecte no número elevado de carros novos. No entanto, conforme é visível, cada vez há mais portugueses a andarem de bicicleta. Por muito que isso custe aos bondosos proponentes destas campanhas cívicas, tal atitude dos portugueses só começou quando começaram a sentir no bolso os efeitos da – abençoada! – “crise do petróleo”.
É útil aliás perder um pouco de tempo a ler os comentários dos leitores destas notícias e comparar os comentários dos portugueses residentes no estrangeiro com alguns dos de residentes em Portugal. Como sempre, em Portugal, o bom exemplo tem que vir de fora – dos países onde há muito andar de bicicleta é um hábito corrente. Talvez assim se torne moda – se torne chic!

Maria Keil é parte essencial da memória de Lisboa

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(depois do slideshow terminar pode rever clicando na bolinha do canto superior direito)

Leia também isto de pois de ler a petição que se segue



To: Metropolitano de Lisboa

Maria Keil (gosta que a tratem apenas por Maria) nasceu na cidade de Silves, em 1914. Partilhou a maior parte da sua vida com o arquitecto Francisco Keil do Amaral, com quem se casou, muito jovem, em 1933.
De lá para cá fez milhares de coisas, sobretudo ilustrações, que se podem encontrar em revistas como a “Seara Nova”, livros para adultos e “toneladas” de livros infantis, os de Matilde Rosa Araújo, por exemplo, são em grande quantidade. Está quase a chegar aos 100 anos de idade de uma vida cheia, que nos primeiros tempos teve alguns “sobressaltos”, umas proibições de quadros aqui, uma prisão pela PIDE, ali... as coisas normais para um certo “tipo de pessoas” no tempo do fascismo.
Para esta “história”, no entanto, o que interessa são os seus azulejos. São aos milhares, em painéis monumentais, espalhados por variadíssimos locais. Uma das maiores contribuições de Maria Keil para a azulejaria lisboeta, foi exactamente para o Metropolitano de Lisboa. Para fugir ao figurativo, que não era o desejado pelos arquitectos do Metro, a Maria Keil partiu para o apuramento das formas geométricas que conseguiram, pelo uso da cor e génio da artista, quebrar a monotonia cinzenta das galerias de cimento armado das primeiras 19, sim, dezanove estações de Metropolitano.
Como o marido estava ligado aos trabalhos de arquitectura das estações e conhecendo a fatal “falta de verba” que se fazia sentir, o Metro lá teve de pagar os azulejos, em grande parte fabricados na famosa fábrica de cerâmica “Viúva Lamego”, mas o trabalho insano da criação e pintura dos painéis... ficou de borla. Exactamente! Maria Keil decidiu oferecer o seu enorme trabalho à cidade de Lisboa e ao seu “jovem” Metropolitano.
Finalmente, a história! Recentemente a Metro de Lisboa decidiu remodelar, modernizar, ampliar, etc, várias das estações mais antigas e não foram de modas. Avançaram para as paredes e sem dizer água vai, picaram-nas sem se darem ao trabalho de (antes) retirar os painéis de azulejos, ou ao incómodo de dar uma palavra que fosse à autora dos ditos.
A parte “realmente boa” desta (já longa) história é que, ao contrário de quase todos os arquitectos, engenheiros, escultores, pintores e quem quer que seja que veja uma sua obra pública alterada ou destruída sem o seu consentimento, Maria Keil não tem direito a qualquer indemnização.
Pergunta-se “porquê? Porque na Metro de Lisboa há juristas muito bons, que descobriram não ser obrigatório pedir nada, nem indemnizar a autora, de forma nenhuma... exactamente porque ela não cobrou um tostão que fosse pela sua obra!!!
Este crime silencioso não pode continuar impune. Pior do que o crime em si será o (nosso) silêncio à sua volta.
Como tal os abaixo assinados exortam o Conselho de Gerência do Metropolitano de Lisboa a, rapidamente, deligenciar obter os desenhos dos painéis destruídos e mandar executar, à empresa que produziu (a Viúva Lamego) novos painéis.
Com todo o respeito, os abaixo assinados.

Assine esta petição aqui: http://www.petitiononline.com/MK2008PT/

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Sunday, September 21, 2008

Contra a "funcionalização" geral

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“Pai” do SNS questiona diginidade de médicos que trabalham para empresas de serviços", titula o Público de 21.09.2008. Apetece logo perguntar "e quem é a mãe ? a maçonaria ?". Mas deixemos isso.
Arnaut "está preocupado com o estado “comatoso” em que se encontra a Saúde em Portugal e acusa os médicos que trabalham através de empresas de “falta de dignidade” e questiona a “dignidade da função” de médico dos profissionais que são colocados nos hospitais públicos por empresas que vendem serviços médicos como poderiam fornecer os préstimos de “canalizadores”.
Eu também penso que é indesejável esta contratação de médicos por "interposta empresa" mas Arnaut devia culpar em primeiro lugar quem contrata tais serviços, ou seja, os gestores do SNS. Os médicos serão quando muito vítimas coniventes.
Aquilo com que eu não concordo mesmo é quando ele diz “Sem a segurança de uma carreira no Estado, os médicos perderam a sua estabilidade funcional”, e propugna "três respostas da tutela: restabelecimento das carreiras médicas, remuneração condigna e condições de trabalho".
O problema que ele descreve resolve-se muito simplesmente pela contratação dos serviços directamente aos médicos, ou cooperativas de médicos, em vez das empresas intermediárias, poupando portanto as comissões que estas auferem; não precisamos de mais "médicos funcionalizados", integrados na burocracia, precisamos é de médicos competentes e motivados por contratações justas, como qualquer outro profissional prestador de serviços.
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Poesia, para desenjoar da política.

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Vão ter lugar em Lisboa, nos próximos dias 24 e 25 de Setembro, duas sessões de apresentação dos mais recentes 3 livros de poesia de Amadeu Baptista editados pela Cosmorama: “O Bosque Cintilante” (Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, 2007), “Sobre as Imagens” (Prémio Nacional de Poesia Palavra Ibérica, 2008) e “Poemas de Caravaggio” (Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire, 2007).
As apresentações estarão a cargo de Armandina Maia (O Bosque Cintilante), Joana Ruas (Poemas de Caravaggio) e Inês Ramos (Sobre as Imagens).
24 de Setembro na Fábrica Braço de Prata, 20 horas
25 de Setembro na Fnac Chiado, 18h30.

Saturday, September 20, 2008

Não derrube o capitalismo, compre-o


"XANGAI - Sentada sobre US$ 1,8 trilhão de reservas internacionais -o maior volume do mundo- a China freqüenta a lista de possíveis compradores de algumas das mais tradicionais instituições financeiras norte-americanas arrastadas pela crise do setor imobiliário, mas qualquer movimento nesse sentido pode gerar reações políticas nos Estados Unidos e na própria China.
O Financial Times afirmou na quinta-feira que o fundo soberano de investimentos do país asiático negocia a compra de 49% do capital do Morgan Stanley. No fim de semana passado, o mesmo fundo participou ao lado do Bank of America da fracassada negociação para a compra do Lehman Brothers e, em 2007, já tinha desembolsado US$ 3 bilhões por uma fatia do Blackstone e US$ 5 bilhões por 9,9% do Morgan Stanley.
Com sobra de dinheiro no momento em que a liquidez secou no mercado mundial, a China seria um dos candidatos óbvios para investir no setor financeiro norte-americano, não fosse a desconfiança política que marca o relacionamento entre os dois países.
Pequim adotou uma estratégia muito mais cautelosa de internacionalização depois que sua oferta de US$ 18,5 bilhões para a compra da petroleira Unocal teve que ser abandonada em 2005 em conseqüência da reação negativa dos congressistas dos Estados Unidos, que viam na aquisição uma ameaça aos interesses estratégicos de seu país".
ESTADÃO 19.09.2008

Talvez seja o medo da China a verdadeira razão por que o Estado americano deitou a mão ao mercado, insuflou confiança e promoveu a elevação das cotações na bolsa. (Até Obama apoia)
Aditamente às 13:20 - Será que podemos estar perante uma nova estratégia chinesa para construir o socialismo, do tipo "Não derrube o capitalismo, compre-o" ?
Não foi isso que aconteceu com os feudos ? Deixaram de ter viabilidade económica e acabaram, em muitos casos, comprados por burgueses enriquecidos pelo comércio.
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Friday, September 19, 2008

Cravos vermelhos

"Para o funeral de uma democrata", disse eu à florista. A Rita gostaria.
Adeus Rita, minha colega no Conselho Pedagógico do IST e um símbolo da LEFT.

Blackguard Quingzi

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Num breve panorama do actual cinema chinês, intitulado "O Despertar da China", o Museu Fundação do Oriente tem dado a ver um conjunto de seis filmes de ficção de produção muito recente, multipremiados em festivais de cinema internacionais e quase todos inéditos nas salas portuguesas. Longe dos clichés prevalecentes nos media ocidentais, são filmes que mostram que histórias se inventam hoje sobre a vida naquele gigante asiático e como os percursos individuais estão a ser afectados pelas profundas transformações sociais, económicas e culturais em curso no país. Uma oportunidade para ver o novíssimo cinema chinês.


Ontem tive oportunidade de ver "Blackguard Quingzi" com realização de Wei Xue-Qui e interpretação de Zhu Hongwei, Meng Qiaohui.

Numa espécie de neo-neo-realismo vemos vidas desenraizadas que percorrem um espaço suburbano caótico.

O jovem Qiangzi sai da prisão. As enormes mudanças verificadas na sua cidade fazem-no sentir-se um estranho. Vai à procura, de memória, da sua casa, mas apenas encontra ruínas. Qiangzi quer refazer a vida, mas não é aceite pela sociedade. Todos sabem que ele era um marginal.

O filme consegue fazer-nos sentir o peso destas vidas duríssimas, plenas de solidão num mundo que não para de se reconfigurar. Com a consciência insuportavel de participar de um gigantesco espectáculo mas sem saber qual o papel que lhes está distribuído.

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Thursday, September 18, 2008

O Grande Colisionador de Hadrões na óptica do utilizador


Primeiro vieram as Pessoas da Ciência, transportando a Ciência em baldes, e depositando-a debaixo da Suiça. A Ciência adquiriu a forma de um túnel circular, com 27 kms de perímetro. O túnel serve para acelerar partículas até estas atingirem sete TeV. Isto é mais difícil do que parece, dada a natureza obstinada das partículas, e a sua conhecida propensão para a indolência.
Uma equipa de Pessoas da Ciência incita grupos seleccionados de protões a entrarem no Grande Colisionador Hadrónico. Os protões são então neutralizados com poesia francesa e velhas músicas de Dean Martin. No outro lado do túnel, uma segunda equipa de Pessoas de Ciência acena com chocolates, rebuçados e confeitaria avulsa. Espera-se que os protões corram nessa direcção a uma velocidade de 99,9998% da velocidade da luz (unidade de medida conhecida em física de partículas como “David Suazo”). Os primeiros protões a completar o percurso serão recompensados com os melhores chocolates e apurados para a fase seguinte; os mais lentos receberão um certificado de participação e serão colocados a rodar num colisionador hadrónico com menos exigências competitivas.
A segunda fase envolve colocar os protões num anel de colisão, e fazê-los entrar em choque uns com os outros. Para este efeito, a reputação da mãe de um dos protões será questionada, através de rumor e insinuação, pelas Pessoas da Ciência. Espera-se que a confusão consequente provoque uma tumulto de recriminações e lavagem de roupa suja que ajude a explicar a origem da massa das partículas elementares.
Uma destas partículas é conhecida como “Bosão de Higgs”. A Ciência anda há décadas a perseguir o “Bosão de Higgs”. O “Bosão de Higgs” permanece irredutível na sua reclusividade, indiferente a ramos de flores, caixas de After Eight, e até àqueles postais que tocam o «Für Elise» quando são abertos. Os rumores apontam para que o “Bosão de Higgs” esteja escondido num Holiday Inn em Palma de Maiorca, com receio de ser chantageado pelo marido da Ciência.
O Grande Colisionador de Hadrões gerou alguns receios entre Pessoas da Ciência. Temia-se que fosse criado um buraco negro capaz de engolir o Universo. Na verdade, o pior que poderia acontecer seria uma reacção em cadeia através da qual toda a matéria fosse transformada em “matéria estranha”, um tipo de matéria apática e desinteressada, incapaz de participação cívica na sociedade, desejando nada mais do que ficar em casa o dia inteiro a ver televisão. As Pessoas da Ciência explicam que, mesmo que um buraco negro fosse produzido pelo Grande Colisionador de Hadrões, ele seria inofensivo - um buraco negro meio flâneur, passeando pelo planeta num bildungsroman sub-atómico, ganhando alguma espessura psicológica, mas desprovido de massa, e escrevinhando notas melancólicas nos bancos de jardim de Genebra, pelo que podemos todos dormir descansados.

Rita


A Rita Canário, a minha colega mais velha, minha parceira de lutas políticas, com quem concordei tantas vezes, de quem discordei outras, com quem tanto partilhei nos meus anos de aluno do Técnico, a minha querida amiga Rita faleceu ontem à noite. Não há palavras. Não há justificação.

Enigmas da Blogosfera (1)

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De repente começámos a ver, em certos blogs, um pequeno e enigmático anuncio: "ESTE BLOG NÃO ESTÁ AGREGADO". O homenzinho a emborcar a garrafa é que, por mais que tentasse, não consegui integrar numa interpretação razoável da iniciativa.

Passam-se sem duvida, na blogosfera, coisas que transcendem a minha compreensão mas, sem desmoralizar, resolvir criar a minha própria declaração que espero tenha uma leitura mais fácil.

P.S. Espero não estar a ofender ninguém com esta minha graçola; a blogosfera é quase sempre demasiado sensível...

Assaltantes apanham táxi para fugir da polícia







"Um casal de nacionalidade estrangeira é suspeito de ter assaltado ontem uma residência, em Leiria, de onde terá furtado um cofre e vários objectos em ouro. Para a concretizar a fuga da polícia tentou um método inédito: chamou um táxi junto a uma bomba de gasolina. Os dois, estando ela grávida, foram logo detidos".
DN 18.09.2008

A espontaneidade destes casos não deixa de me espantar. O mesmo jornal, mais abaixo, num acesso de tímida xenofobia, acrescenta dados que contrariam as teses piedosas daqueles que tentam sempre desdramatizar o impacto da imigração :

"Cerca de 20% dos reclusos que cumprem penas nas prisões portuguesas são estrangeiros, o que corresponde a 2197 indivíduos, dos quais 208 são mulheres. Os 510 de origem europeia correspondem, no total de estrangeiros, a cerca de 23%,apresentando-se à cabeça os espanhóis, com 124 indivíduos, seguidos dos romenos com 111. No entanto, os reclusos de origem africana surgem em maioria. O total é de 1255, destacando-se entre estes os naturais de Cabo Verde com 730 indivíduos."

Wednesday, September 17, 2008

Os portugueses e os prazos

Há pouco mais de cinco anos, ainda estava nos EUA, candidatei-me a uma bolsa Marie Curie. Na altura as candidaturas tinham de ser enviadas para Bruxelas pr correio. Havia um prazo (e uma hora) limite para as candidaturas chegarem à Comissão Europeia.
Por atrass e falhas de comunicação com a minha instituição de acolhimento, a verdade é que só enviei a candidatura dois dias antes do prazo. Enviei-a via FedEX, que me garantia a chegada a tempo. Garantia... se não houvesse imprevistos. Mas houve. Ou o camião ficou retido nalguma estrada em Long Island, ou por outro motivo quaquer, o envelope com a minha candidatura só saiu dos EUA 24 horas depois do previsto, e chegou a Bruxelas com um atraso de poucas horas, mas o suficiente para esta não poder ser considerada.
Olhando para trás, acabei por ir para outro sítio (Paris), com outro financiamento que descobri mais tarde, e onde fui muito feliz. Creio que acabou por não ter sido mu, a posteriori, esta candidatura não ter sido bem sucedida. Mas é evidente que é frustrante ela nem sequer ter sido avaliada... E enquanto não tive a bolsa francesa mais frustrante foi. Culpei-me muitas vezes embora nada fizesse prever que a FedEx falhasse logo naquele dia.
Lembrei-me deste episódio ao saber das candidaturas falhadas das câmaras do Seixal e do Barreiro ao QREN. Será que isso só sucede a portugueses (nomeadamente portugueses de esqerda)? Nem por isso. A um amigo meu, alemão e ultra-organizado, que também se candidatava a uma bolsa Marie Curie, sucedeu-lhe exactamente o mesmo que a mim...

Estado e Mercado - a falsa dicotomia (1)

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Gravura de James Galfray obtida no blogue Xatoo


A crise dos bancos americanos relançou um debate muito em voga nos últimos tempos: o estado contra o mercado ou, noutra formulação, o socialismo contra o liberalismo.

Esta falsa dicotomia, como tentaremos demonstrar em próximos posts, nasceu provavelmente como sequela do “socialismo real”, ele próprio um estatismo que, embora falhado, marcou indelevelmente várias gerações de militantes de esquerda mais ou menos ortodoxos.

Outra causa provável de se ter instalado esta dicotomia passa pela existência nas sociedades ocidentais de um número enorme de “funcionários públicos” que são, aliás, dos estratos mais aguerridos no plano sindical. É possível que se vejam, até para autodefesa, como uma espécie de novo proletariado que liderará a passagem a uma nova “sociedade sem exploradores nem explorados”.

Em qualquer dos casos esta falsa dicotomia entre o estado e o mercado mascara a verdadeira questão, o anseio legítimo por um novo modo de produção e a inexistência de propostas concretas para o conseguir. Toda a energia da esquerda tem sido canalizada para a “tomada do poder” como se o controle do aparelho do Estado garantisse o sucesso da “transformação socialista”.

É esse equívoco “socialismo”, que o Estado por si nunca produzirá, que se oculta em toda a vozearia que se reacendeu com pretexto nas falências dos bancos americanos. Pelo caminho que as coisas estão a seguir ainda teríamos que concluir, se aceitássemos as teses em voga sobre as “nacionalizações” na América, que Bush se transformara numa espécie de Chavéz.

Em vez de perseguir pistas falsas, à esquerda compete forjar novas formas de produzir e distribuir em sociedade. Ganhar e organizar as “forças populares” para essa transformação em vez de ficar à espera que o mítico Estado a imponha (mesmo contra a vontade do povo ?) de cima para baixo.

Tuesday, September 16, 2008

A prudência do marketing

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"O BCP é o banco cujos produtos estão mais expostos às potenciais perdas decorrentes da falência do banco dos EUA.
A sua exposição ascende a 74,843 milhões de euros, distribuídos por nove fundos.
Num deles, o Millennium Prudente, a carteira contém 24,498 milhões num produto de investimento (ETF) denominado iShares Lehman AGG Bond, que representa cerca de 8,5% da carteira."

DN, 16.09.2008
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Já tenho idade para não me irritar com estas coisas

Em 2005, David Foster Wallace escreveu um artigo para a Atlantic sobre apresentadores de talk-radio. Um deles, John Ziegler, decidiu partilhar com o mundo a sua sensível e ponderada opinião sobre o suicídio. (Não procurem a gramática nos excertos seguintes; ela não foi convidada):

«Wallace spent at least two months following my every move before and during the broadcast of my show. At the time, I found him to be more than a bit eccentric, but certainly nice enough not to be bothered too much by his presence. Most interestingly, I was not at all impressed by him in any significant way. The fact that I was completely ignorant of “who” he was, I think actually gives me great credibility in this evaluation and also may give me some insight into what eventually drove Wallace to kill himself. You see, I was in no way prejudiced by his reputation as a “genius” and therefore was not blinded to the rather obvious reality that there was very little “there,” there.»
(...)
«Being dubbed a “genius” at a young age (at least by the standards of the literary world) must have been a rather daunting burden for Wallace, especially when he probably knew deep down that he didn’t have the goods to back up those kind of elevated expectations.»
(...)
«I was a bit miffed at some of the inaccuracies and misrepresentations as well as the lack of any update to the storyline in the piece, but as a conservative you pretty much expect that from someone in academia who is clearly a liberal (after all, everyone in the elite literary world knows that conservatives are not smart enough to be worthy of their ranks and would certainly never attain the lofty level of “genius”).»
(...)
«I know that it is considered bad form, or worse, to speak ill of the newly dead, but to me all bets are off when one commits suicide, especially when that person is a husband and a father (speaking of bad form, when did the news media change their rule about not reporting extensively on the suicides of marginally famous people?). I strongly believe that a large ingredient of the toxic mix that ended up forming Wallace’s self-inflicted poison was the pressure he felt of living up to the hype surrounding his writing and the guilt he must have felt for not really having the true talent to back up his formidable reputation.
While I have absolutely no evidence to backup this assertion, I also think it is quite possible that he knew that killing himself in his “prime” and before he had been totally exposed as being a mere mortal in the literary realm would cement his status as a “genius” forever. After all, don’t tortured artists often kill themselves? Heck, based on the glowing and reverential reporting on his suicide, in some circles ending his on life may actually be seen as a badge of honor.»
(...)
«I honestly do believe that, based on my rather distinctive experience with him, that his suicide was about far more than just an illness and should in no way be a cause for praise.
David Foster Wallace was an overrated writer in life. His suicide should not be used to elevate him even further beyond what he deserved, in death. »

Mudança de mãos, apenas

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Three Chinese institutions were among the world's top four banks at the end of 2007 at a time when the market capitalisation of Western banks was suffering from a global financial crisis, a study showed Wednesday.

The number one spot in the rankings, compiled by the Boston Consulting Group, was occupied by the Industrial and Commercial Bank of China, with market capitalisation of nearly 340 billion dollars (218 billion euros).

In second place was China Construction Bank, followed by HSBC of Britain, Bank of China, Bank of America and Citigroup of the United States.

The study found that banks in North America and Western Europe had suffered a loss of 695 billion dollars in market capitalisation at the end of 2007 while their counterparts in emerging market countries Brazil, Russia, China and India had seen their market capitalisation increase by 753 billion dollars.

Major US and European banks have suffered losses and asset writedowns stemming from the near collapse of US subprime - high risk - mortgage sector, which undermined the value of billions of dollars' worth of their mortgage-backed securities.

AFP 2008


Em suma, não vale a pena embandeirar em arco pensando que os capitalistas estão a falir só porque alguns bancos americanos se afundaram. Como se pode ver há quem esteja a ocupar o seu lugar. Esta crise é, no essencial, uma mudança de mãos.

Para o epitáfio do Lehman Brothers

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"A nossa incapacidade de realizar previsões em ambientes sujeitos a Cisnes Negros, aliada à generalizada falta de consciência desta reali­dade, leva a que determinados profissionais, apesar de acreditarem ser especialistas, na verdade não o são. Com base no seu registo empírico não sabem mais sobre o seu objecto de estudo que a maioria da popu­lação, mas são muito melhores a dissertar sobre o mesmo - ou, pior, a confundir-nos com modelos matemáticos complexos. Há também uma forte probabilidade de que usem gravata."
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Nassim Nicholas Taleb em "O Cisne Negro, O impacto do altamente improvável"

Inédito e inimaginável ?

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Sarah com os seus estranhos e favorecidos amigos (ver aqui)

Favoreceu amigos e familiares, vingou-se de inimigos, utilizou o poder para questões pessoais. É longa a lista do "The New York Times" que caracteriza, com base em depoimentos e documentos oficiais, a forma como a candidata republicana à vice-presidência dos Estados Unidos, Sarah Palin, exerce as suas funções.O primeiro exemplo avançado pelo diário refere-se à colocação de uma antiga colega de turma na direcção dos serviços de Agricultura do estado do Alasca (que movimenta anualmente dois milhões de dólares), cuja única qualificação era uma "paixão de infância por vacas". Antes, esta amiga trabalhava numa agência imobiliária; no novo cargo passou a receber 95 mil dólares anuais. Há pelos menos outros cinco casos semelhantes, de amigos de infância que beneficiaram dos favores da governadora do Alasca, todos obtendo postos cujos salários ultrapassavam os que tinham anteriormente. "Ao longo da sua carreira política, a senhora Palin procurou vingar-se dos seus opositores, afastando funcionários públicos que não estavam de acordo consigo, misturando por vezes os seus problemas privados com as suas funções oficiais", continua.
Público 15.09.2008
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Inédito e inimaginável ? ...só se for lá nos Estados Unidos onde espero que não seja eleita. Em Portugal faria uma brilhante carreira.
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Monday, September 15, 2008

O ponto em que devemos retomar Marx

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Depois da derrocada do “socialismo real”, uma vez e outra Marx regressa, quase sempre como uma moda.
Faz sentido tentar perceber o que se mantém válido e o que está ultrapassado nas teses de Marx. Mas não faz muito sentido discutir Marx na base dos “erros de previsão”, tratando-o como um mago cujo objectivo fosse adivinhar o futuro.

A única coisa que ele previu foi que os homens lutariam contra a exploração, como sempre fizeram, mas nos moldes próprios da nova era industrial cuja adolescência ele presenciou. Nessa previsão acertou em cheio e, se o resultado obtido não nos satizfaz, não é a Marx que devemos culpar.

O nó górdio do marxismo está na relação, mal conseguida, entre a noção de “modo de produção” e a luta política e partidária pelo acesso ao poder. Como se a tomada do poder fosse suficiente para a emergência de uma "sociedade sem exploração".
Na esquerda marxista é comum tomar-se como bastante a luta política e sindical do dia a dia sem curar de compreender e integrar o ciclo mais longo da transição para um novo paradigma de organização social e económica. Dessa forma legitima-se, sem ter consciência disso, a famosa tese de Thatcher “there is no alternative”.

Sem dúvida que “a história de toda a sociedade até hoje é a história da luta de classes”, no sentido em que esse combate perpassa toda a evolução da humanidade. Mas convém perceber em que circunstâncias e em que condições a luta de classes deixa de ser uma mera questão de auto-defesa e se converte no motor da transição profunda nas formas de produzir e distribuir em sociedade.
Esta falta de clareza estende-se também à questão de saber qual é o papel e quais são as limitações do voluntarismo na transição do modo de produção. Com esta questão prende-se uma outra que é a de saber quando e onde se pode, ou deve, exercer tal voluntarismo. Seja qual for, em abstracto, a eficácia do voluntarismo ela efectivar-se-á em qualquer momento e em qualquer lugar ou estes têm que ser ponderados e escolhidos de acordo com determinados critérios ?

O primeiro a cometer o erro de escamotear as condições prévias para o desabrochar de um novo modo de produção foi curiosamente o próprio Marx. Em 1850 convenceu-se de que o capitalismo estava a chegar ao fim. Eis como em 1895 Engels conta o sucedido na introdução a “As lutas de classes em França de 1848 a 1850”:
“A nós e a todos quantos pensávamos de modo semelhante a história não deu razão. Mostrou claramente que nessa altura o nível de desenvolvimento económico de modo algum estava amadurecido para a eliminação da produção capitalista. Demonstrou isto por meio da revolução económica que alastrava por todo o continente desde 1848 e fizera a grande industria ganhar pela primeira vez foros de cidadania em França, na Áustria, na Hungria, na Polónia e ultimamente na Rússia, e, além disso, tornara a Alemanha num país industrial de primeira categoria. E tudo isto sobre fundamentos capitalistas que, em 1848, ainda tinham grande capacidade de expansão”.
(Marx e Engels – Obras Escolhidas, Trad. Portuguesa, Edições Avante, 1982, Tomo I, pag. 195).

Vejamos como Marx formalizou no prefácio de “Para a crítica da Economia Política”, 1859, os ensinamentos retirados do erro cometido:
“Uma formação social nunca decai antes de estarem desenvolvidas todas as suas forças produtivas para as quais é suficientemente ampla, e nunca surgem relações de produção novas e superiores antes de as condições materiais de existência das mesmas terem sido chocadas no seio da própria sociedade velha. Por isso a humanidade coloca sempre a si mesma apenas as tarefas que pode resolver, pois que, a uma consideração mais rigorosa, se achará sempre que a própria tarefa só aparece aonde já existem, ou pelo menos estão no processo de se formar, as condições materiais da sua resolução”
(Marx e Engels, Obras Escolhidas, Trad. Portuguesa, Edições Avante, 1982, Tomo I, pag. 531).

É neste ponto que, quanto a mim, devemos retomar Marx.

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