Subversivo, à sua maneira, sem dúvida, mas ninguém imaginava que um dia também o Sr. Hulot se tornasse "incorrecto". Já aconteceu.
A Cinemateca Francesa, em Paris, que organiza actualmente uma retrospectiva da obra de Jacques Tati, o realizador de As Férias do Sr. Hulot, O Meu Tio ou Playtime, não pôde incluir, nos cartazes promocionais do ciclo, o cachimbo que fazia parte integrante da silhueta da personagem Sr. Hulot. A lei francesa da publicidade ao tabaco não deixa.
Trata-se do maior ataque à "iconografia popular" desde que Lucky Luke foi constrangido a perder o cigarro a favor de uma palhinha. Tem havido manifestações de protesto em Paris, a que se associou a própria Liga dos Direitos Humanos. Depois de tanto a criticarem, eis que Tati e o Sr. Hulot se vêem vítimas da "vida moderna". Há aqui alguma ironia, e, como diz o cineasta Costa-Gavras, presidente da Cinemateca Francesa, se tivesse visto isto, Jacques Tati "morreria de riso". A falta que ele faz, a falta que fazia um Playtime II para o tempo da saúde e da higiene.
Público, 18.04.2009
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Público, 18.04.2009
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