Thursday, December 31, 2009
Se os recursos fossem ilimitados, não precisaríamos da esquerda para nada
Estes “quase todos nós” a que o João Pinto e Castro se refere somos nós, do hemisfério norte, que crescemos e vivemos habituados a uma economia do desperdício. Tal facto é particularmente notório nos EUA, mas também se verifica na Europa. Continuamos a conduzir estupidamente os nossos carros, mesmo em percursos de centenas de metros, mesmo em localidades bem servidas de transportes públicos, como se o petróleo fosse inesgotável e o espaço para circular e estacionar nas cidades fosse infinito (sem falar nos enormes prejuízos ecológicos, de que o aquecimento global é só um exemplo). Continuamos criminosamente a comer jaquinzinhos e petingas, sem nos preocuparmos se no futuro os nossos filhos poderão comer carapaus e sardinhas frescos, capturados no mar. E assim sucessivamente – os exemplos não são poucos.
Que as pessoas de direita pensem, erradamente, que os recursos são inesgotáveis, ainda compreendo. O que não consigo entender é que tal passe sequer pela cabeça de pessoas que se digam de esquerda. Marx, provavelmente o primeiro ecologista, apercebeu-se da finitude dos recursos, ou não teria escrito “O Capital”.
A esquerda é, acima de tudo, a redistribuição da riqueza de uma forma justa, consagrando a igualdade nas oportunidades e nos recursos básicos. Não aceito que haja quem coma banquetes todos os dias e haja quem passe fome. Não aceito que haja quem possua casas para arrendar e haja quem nem sequer possui uma casa própria onde morar.
A questão é: num mundo imaginário onde houvesse uma infinidade de recursos naturais, não me importaria nada que houvesse quem os explorasse arbitrariamente. Não me importaria nada que se comesse bacalhau indiscriminadamente se ele nunca se esgotasse. Esquecendo agora as questões ecológicas (nada menosprezáveis no mundo real), não me importaria nada que nesse tal mundo um meu vizinho tivesse um poço de petróleo se eu também pudesse ter o meu. Nesse mundo os preços do petróleo, do bacalhau e de tudo o resto baixariam drasticamente: os preços só são altos devido à escassez. As diferenças de rendimento seriam, aí sim, somente uma questão de iniciativa e de talento. Não digo que ainda assim não houvesse injustiças nem necessidade de alguma proteção social (seguramente menos do que no mundo real, onde os bens escasseiam), mas quem disse que a direita não tem preocupações sociais, desde que não ponham em causa a distribuição de riqueza?
Num mundo imáginário com infinidade de recursos, que é onde julgam viver muitos americanos (os EUA são um país muito grande e rico) e muitas pessoas de direita (que nunca passaram necessidades), não haveria necessidade de haver “esquerda”. É por isso que eu me espanto que haja pessoas de esquerda, que deveriam ter noção da escassez dos recursos, que não se preocupem com o equilíbrio do planeta ou com o desenvolvimento sustentável. E que continuem a exigir reformas antes dos 60 anos e maternidades e escolas em locais onde não vivem pessoas que as justifiquem.
O concerto do ano: GNR
Só fui a um concerto dos GNR (que substituirão os Xutos na passagem de ano na Torre de Belém). Foi um excelente concerto - reportei-o aqui. Foi sem dúvida o melhor concerto a que fui neste ano para mim pobre em concertos (talvez por me ter mudado para Braga?). Mas será provavelmente o mesmo concerto do São João. Ver o mesmo concerto num intervalo de tempo tão curto, só com o Chico Buarque. Prefiro um programa mais caseiro, em casa de amigos, com vista para o fogo de artifício do Parque das Nações. Mas não poderia recomendar mais o concerto dos GNR logo, para quem ainda não o viu.
Bom 2010 para todos.
Wednesday, December 30, 2009
O concerto fracassado do ano: Gal Costa
Demérito
Em toda esta trapalhada dos professores o mais grave nem é o oportunismo dos partidos que cedem em toda a linha à chantagem corporativa (até na AR o grupo profissional mais numeroso é o dos professores). Nem mesmo as consequências financeiras de tais cedências.
O mais grave é que, com estes professores, teremos várias gerações educadas na ilusão de que o Orçamento de Estado é um poço sem fundo e que a igualdade se obtém protegendo a incompetência.
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Tuesday, December 29, 2009
O ovo do Colombo
A ler, n'"A Bola"
Por estes dias, Barcelona e a Catalunha vivem em suspenso da decisão do Tribunal Constitucional sobre o novo Estatuto da Catalunha - que, à luz da Constituição Espanhola, só pode ser declarado inconstitucional, porque aquilo é praticamente uma declaração de independência, que faria a inveja de A. J. Jardim. Mas as coisas chegaram a tal ponto, que o próprio Zapatero torce para que o TC não veja o que todos vêem e não ouse afrontar os demónios catalães - mal adormecidos desde que, em 1640, Castela teve de optar entre opor-se à reconquista da independência portuguesa ou enfrentar o autonomismo catalão, e escolheu travar e vencer os revoltosos da Catalunha, deixando Portugal para os Braganças. Não por acaso, as reivindicações autónomas em Espanha estão directamente ligadas à riqueza das regiões: são os ricos do País Basco ou da Catalunha que querem ser independentes do poder fiscal de Madrid, para não terem de pagar impostos a favor dos pobres. Também em Itália, é o norte rico que se quer ver liberto de ter pagar a favor do Mezzogiorno, e em Inglaterra é a Escócia que quer ser independente do Midwest deprimido. A autonomia regional é quase sempre uma revolta dos ricos contra os pobres e contra o Estado central, cuja tarefa fundamental é distribuir a riqueza por todos. É por isso que eu sou ferozmente anti-regionalista, porque não tenho a mais pequena dúvida de que, ao contrário do que imaginam alguns incautos ou oportunistas, a regionalização lançaria Lisboa e o Porto contra todos os outros e ai dos alentejanos ou transmontanos, sem a República a protegê-los!(Miguel Sousa Tavares, A Bola, 01-12-2009)
Monday, December 28, 2009
ÁGORA
Texto de Maria Rosa Redondo
O filme “ÁGORA” de Alejandro Amenábal está a passar pelas nossas salas de cinema quase despercebido dos críticos e opinantes. E no entanto, o ineditismo do seu ponto de vista sobre as questões que nos coloca, dá-nos a oportunidade de reflectir sobre o nosso passado histórico, a nossa sociedade actual, e a nossa cultura.
A trama dramática é muito simples: no século IV, em pleno estertor do Império Romano, na cidade de Alexandria, uma mulher é bárbaramente chacinada por se recusar a renegar os seus principios filosóficos e religiosos.
Fosse ela uma cristã, Hipátia de Alexandria seria hoje mártir venerada e a história seria apenas mais uma das mil do género “os cristãos lançados aos leões”.
Mas Hipátia era uma filósofa, no sentido grego do termo; ou seja, uma estudiosa que se interrogava sobre o universo, autora de importantes estudos matemáticos, continuadora da teoria heliocêntrica de Aristarco, professora no Serapeum.
E os cristãos que a mataram já não eram os humildes, misericordiosos e perseguidos. Em 313 pelo Édito de Milão o Império reconhecera ao cristianismo o direito de existir e de se organizar. Na última década do Sec. IV, envolvidas em ferozes lutas internas pelo domínio da nova instituição religiosa, as várias facções cristãs, cada uma se considerando herdeira da verdade e classificando as outras como heréticas, esmeraram-se na perseguição de tudo o que cheirasse a judaísmo, a paganismo, e em especial à filosofia e ao livre pensamento.
Em 391, a pedido do patriarca de Alexandria, o imperador cristão Teodósio autoriza a destruição de todas as instituições não cristãs do Egipto: templos, sinagogas e evidentemente a Biblioteca de Alexandria.
Pouco tempo depois, Hipátia era desmembrada e queimada na igreja erguida dentro das ruinas do Serapeum.
No mundo dominado pelo cristianismo, nada mais seria produzido no domínio da matemática durante mil anos; e por cerca de 12 séculos não haverá qualquer registo de uma mulher matemática.
Muitas vezes, a propósito dos fanatismos e do seu ódio à cultura, se fala da destruição da Biblioteca de Alexandria pelos muçulmanos no sec VII. Nunca se fala da destruição levada a cabo pelos “pais fundadores” da cultura cristã ocidental. Diga-se em abono da verdade que nos compêndios egípcios de História é a que se atribui ao Califa Omar que é ignorada....
A História mostra-nos que o Homem tem aprendido pouco. Muitas vezes os perseguidos de ontem se tornam os opressores de hoje. Sempre em nome de uma verdade única e inquestionável de que eles são os detentores e cujo desrespeito deve ser pago com a vida,
O fanatismo conduz à morte não só dos homens, mas da sabedoria.
É isso que este filme nos vem lembrar.
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Sunday, December 27, 2009
China em alta velocidade
O trem superveloz reduz a viagem de 1.069 quilômetros a três horas, uma diminuição de mais de sete horas e meia em relação ao tempo de viagem anterior, informou a agência oficial Xinhua (Nova China).
"O trem pode alcançar 394,2 km/h, é o trem mais rápido em operação no mundo", declarou Zhang Shuguang, diretor da agência de transportes ferroviários.
Como comparação, a média do trem de alta de velocidade no Japão é de 243 km/h, enquanto na França fica em 277 km/h.
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Saturday, December 26, 2009
O Concílio de Copenhaga
Por José Diogo Quintela
Público 20.12.2009
Terminou sexta-feira o Concílio de Copenhaga, perdão, a Cimeira de Copenhaga. Como previsto, os cardeais, perdão, os delegados concluíram que por causa dos pecados de Sodoma e Gomorra, perdão, do modo de vida dos Estados Unidos e dos países da Europa ocidental, o nosso planeta será castigado. Independentemente de aqui habitarem alguns justos, perdão, sócios da Greenpeace com as quotas em dia. Pagarão à mesma pelas faltas dos pecadores, perdão, das pessoas que insistem em gastar água, tomando banho todos os dias. A ira divina, perdão, o aquecimento global, afecta toda a gente.
A tensão é palpável, como se viu nos vários autos-de-fé, perdão, manifestações nas ruas de Copenhaga. Há quem esteja mesmo convencido de que, se não se respeitarem os Dez Mandamentos, perdão, o Protocolo de Quioto, virá aí o Apocalipse, perdão, o aumento de dois graus na temperatura da Terra. A culpa, perdão, a responsabilidade é do Homem. Dizem que se não levarmos uma vida santa, perdão, sustentável, estamos condenados, perdão, lixados. Que temos de jejuar, perdão, ter uma alimentação vegan. Que devemos fazer um voto de pobreza, perdão, ir a pé para o emprego. E que talvez seja preciso andar com um cilício à volta do lombo, perdão, passar a usar o áspero papel higiénico reciclado. Quantas mais penitências, perdão, sacrifícios estúpidos sem qualquer relação causa-efeito com o problema do aquecimento global, melhor. Caso contrário, o Anjo da Morte, perdão, a Natureza, exterminará todos os primogénitos do Egipto, perdão, os ursos polares.
Os fiéis, perdão, as pessoas, acreditam nas profecias, perdão, nas previsões do Vaticano, perdão, IPCC. Isto apesar das declarações dos blasfemos, perdão, dos cientistas cépticos que, com as suas heresias, perdão, investigações, põem em causa os dogmas, perdão, as teorias dos padres, perdão, activistas do aquecimento global. E também apesar de alguns missionários, perdão, cientistas, terem sido apanhados a corrigir o cânone, perdão, a aldrabar os dados.
Mas as pessoas andam cheiinhas de temor do Deus vingativo do Antigo Testamento, perdão, de medo da Natureza, que causa tsunamis porque alguém cometeu adultério, perdão, não pagou a "compensação de carbono" da última vez que andou de avião. Têm razão em ter medo? Bem, os presságios, perdão, os sinais estão aí: descobriu-se na semana passada uma estátua de Nossa Senhora a chorar lágrimas de sangue, perdão, uma fotografia da Angelina Jolie a chorar lágrimas de sangue. O mais grave é que esse sangue tinha o nível de colesterol altíssimo, típico de uma alimentação à base de comida não kosher, perdão, de junk food proveniente de multinacionais imperialistas. Ah! Se fôssemos todos crentes, perdão, verdes.
Resta-nos rezar, perdão, comprar um carro eléctrico, para evitar que se abata sobre nós "um dilúvio que, tudo inundando, eliminará debaixo do céu todo o ser animal, com sopro de vida. Tudo o que existe na terra perecerá". Tal como está escrito no Génesis, 7-16, perdão, 7-17.
Se uma árvore cai na floresta sem ninguém por perto, faz barulho? A árvore talvez não, mas um ambientalista dos que estiveram em Copenhaga, ui!, faz de certeza. E muito. Põe-se aos berros a dizer que a árvore caiu por nossa culpa. Porque não fomos bons, perdão, porque ainda não trocámos as lâmpadas antigas pelas económicas.
O discurso ambientalista actual é tão útil quanto um passageiro de avião histérico a gritar "vamos cair!" quando há turbulência. Se bem que um ecologista talvez ficasse contente se o avião caísse a meio da viagem, reduzindo a pegada de carbono em metade.
Agora, se o Homem é, de facto, o maior responsável pelo aquecimento global, espero que aplique o know-how à indústria dos micro-ondas, inventando um que aqueça globalmente a comida, em vez de só parcialmente. Estou farto de comer sopa que está quente à superfície, mas gelada em baixo. Se se consegue fazer com um planeta, não há razão para não se fazer com uma canja.
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Friday, December 25, 2009
Thursday, December 24, 2009
Boas festas
Bom Natal
Votos de Bom Natal ao som de "In the Bleak Midwinter". Uma composição maravilhosa de Gustav Holst sobre poema de Christina Rossetti.
Wednesday, December 23, 2009
O Milagre de Natal
Tuesday, December 22, 2009
Ao fundo do túnel o quê ?
"Agressões ao fundo do túnel da Luz".
Não seria melhor "Já se vê a Luz ao fundo do túnel das agressões" ?
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.Ocultações
Muita coisa em Portugal nos faz recusar este princípio do "debate desinibido, robusto e aberto". A nossa tradição ancestral do respeitinho, a qualificação como ofensa pessoal de qualquer crítica incómoda aos políticos, o esmero dos serventuários do poder em punir vozes cáusticas ou dissidentes, o poder abusivo e retaliatório dos "donos do Estado", nada disso favorece a forma como entendemos a liberdade de expressão.
Parece-me por isso exemplar o caso relatado pelo PÚBLICO no domingo passado em que o Tribunal da Relação de Lisboa decidiu não levar a julgamento o jornalista do Açoreano Oriental, Estêvão Gago da Câmara, processado por difamação pelo deputado socialista Ricardo Rodrigues. Gago da Câmara referira-se ao envolvimento do deputado do PS com um gang internacional como advogado, sócio e procurador duma sociedade off-shore. O tom era virulento, mas assentava em factos públicos ou demonstráveis.
Eis o eco de Brennan. Disse o Tribunal de Ponta Delgada que "a imprensa quer-se robusta, desinibida e desassombrada". E o Tribunal da Relação, mesmo reconhecendo que gang era "insultuoso" ou "indelicado", confirmou que a peça estava "justificada em factos".
Infelizmente, são avanços como este que podem estar em perigo se ouvirmos em demasia o reeleito presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha Nascimento. No seu discurso de tomada de posse este juiz-conselheiro defendeu a criação de um órgão especial para julgar jornalistas "composto paritariamente por representantes das próprias classes profissionais e da estrutura política do Estado".
Já não bastava que os políticos fizessem as leis que regulam a profissão de jornalista; que definissem os membros e poderes da entidade reguladora; que contratem agências de comunicação para plantar notícias; que manipulem a publicidade do Estado; ou que pressionem magistrados no contexto de processos que os envolvam directamente e indirectamente. Numa formulação própria duma ditadura, Noronha Nascimento também quer representantes da "estrutura política do Estado" (?) com poderes disciplinares sobre os jornalistas. Ceausescu não diria melhor.
Pedro Lomba, Público 22.12.2009
É pelo menos paradoxal que seja o PS, partido que emergiu históricamente como o paladino da liberdade e das liberdades, quem mais se queixa da imprensa e dos jornalistas em Portugal.
E é ainda mais paradoxal que tal aconteça precisamente quando, quase todos os dias, surgem suspeitas de que o Governo manipula, ou tenta manipular, orgãos de informação.
Depois dos jornalistas são os juizes, e as quebras do segredo de justiça, os mais visados pelas críticas da direcção do Partido Socialista. Talvez dessa forma o PS tenha conseguido pôr o Presidente do STJ a propor uma espécie de censura.
Interrogo-me cada vez mais sobre se o Partido Socialista não terá demasiadas coisas para ocultar.
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Sunday, December 20, 2009
Notícia contra a corrente
Saturday, December 19, 2009
O aquecimento global por vagas de frio
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Esta bicicleta fotografada em Copenhaga enquanto decorria a conferência sobre as "alterações climáticas" explica porque não houve resultados a sério: a Europa, os Estados Unidos e a China estão sob uma intensa vaga de frio (ver aqui).
Discutir o aquecimento global a tiritar é pouco motivador.
Por isso recomendo que da próxima vez organizem o conclave em pleno Verão numa cidade do Sul (sugiro Sevilha ou Atenas).
Velhas profissões
Ainda esta manhã, o empregado do café, "um homem lúcido", queixava-se da incompetência portuguesa. O maestro contrapunha: "Não, os portugueses são competentíssimos na vigarice, em levar as pessoas a um estado de inércia intelectual que lhes abafa o sentido crítico." E asseverava que os políticos pertencem a uma classe que estagnou: "Se puser um primeiro-ministfo de qualquer país ao lado do Catão de Roma, verá que falam igual. É uma profissão que não evoluiu. Como a das prostitutas." Victorino d'Almeida define-se como um anarquista resignado ao "menor dos males", a democracia. E é de esquerda, palavra que já lhe agradou mais.
Expresso 19.12.2009
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O Carnaval dos Hospitais
Portugal não assegurou a possibilidade de reduzir a encomenda de vacinas contra a gripe A ou de devolver as que sobrarem no contrato que fez com o laboratório GlaxoSmithKline (GSK), segundo fonte governamental e da própria farmacêutica. Por isso, corre agora o risco de ficar com milhões de doses por usar... e muitos milhões de euros de prejuízo.
No total, o País gastou 45 milhões de euros em seis milhões de doses e desde 26 de Outubro e até à semana passada tinham sido usadas apenas 240 mil. Mesmo que por mês, até Março, se consiga vacinar igual número de pessoas ficam cinco milhões de vacina prateleira - o que corresponde a mais de 30 milhões de euros de prejuízo.
DN 19.12.2009
Estava escrito nas estrelas, como diz o outro. Estava-se mesmo a ver, e eu disse-o, desde o primeiro dia.
Na sociedade moderna, em que os políticos vivem apavorados com a hipótese de perder qualquer combóio mediático, este tipo de equívocos tende a repetir-se.
Claro que ninguém será responsabilizado por mais este rombo no orçamento, nem sequer a sonsa da ministra que ainda há quem considere um modelo de eficácia.
É o Carnaval dos Hospitais fora de época.
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Thursday, December 17, 2009
A ópera de três euros
Está nos escaparates uma excelente edição em DVD do filme de Pabst, realizado em 1931, baseado em "A ópera de três vinténs" (Die Dreigroschenoper) de Brecht/Weill.
Esta iniciativa da editora espanhola Divisa permite-nos rever o clássico do teatro musical transformado por Pabst numa obra prima do cinema.
A fotografia é espantosa e do elenco do filme consta a lendária Lotte Lenya no papel de Jenny.
No tempo que vivemos, recheado de casos de corrupção por resolver e de hesitações da justiça, este filme belíssimo produz ressonâncias poderosas apesar dos seus quase 80 anos.
Banqueiros, bandidos, chefes da polícia e pretensas instituições de caridade misturam-se, traficam e convergem de forma premonitória e genial.
Os assaltantes que deixam de roubar bancos porque passam a ser banqueiros, os pedintes usados como tropa de choque nas guerras entre as mafias e o chefe da polícia que cai em desgraça mas é cooptado pelos meliantes para administrador de empresa são apenas alguns dos episódios que nos soam familiares.
Brecht, Weill e Pabst ensinam-nos a perceber o mundo que nos cerca. Só falta saber se hoje, tal como então, estamos a viver uma fase de decadência prenunciadora da barbárie.
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Um país a discutir o sexo dos (marm)anjos
Enquanto o país se afunda o Governo dedica-se ao sexo dos anjos ou, melhor dizendo, ao sexo dos marmanjos.
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Wednesday, December 16, 2009
Duas ou três coisas sobre o “caso Berlusconi”
O autor deste lamentável incidente foi identificado e, dentro da sua (in)imputabilidade, foi ou vai ser responsabilizado pelo seu acto. Entretanto parece que o autor já tem mais de 30000 “amigos” no Facebook. Quantos destes “amigos” eram capazes de praticar e dar a cara por um acto destes? Tornar-se amigo no Facebook, escrever em blogues, comentar em jornais é muito fácil. Diz-se que o governo de Berlusconi foi o responsável pelo esmagamento dos protestos de Génova, em 2001. Como tal, quem lá estava “sorri” ao ver Berlusconi “esmagado”. Eu não estava em Génova em 2001, mas estava na Assembleia da República em 1993 (com muitos colegas de curso de membros deste blogue), quando o governo de Cavaco Silva também esmagou brutalmente, sem justificação, protestos contra a lei das propinas. Os subscritores portugueses deste grupo do Facebook também estariam dispostos a atirar uma réplica da Catedral de Milão, ou do Centro Cultural de Belém, a Cavaco Silva, assim que o vissem? (Este não é um apelo à violência, que eu condenaria. É uma questão de retórica.)
Muito interessantes os debates que têm ocorrido sobre o assunto no Cinco Dias e no Arrastão (vale a pena ler os textos e os comentários), nomeadamente sobre o papel do Estado como agente da luta de classes (que eu recuso – o Estado deve ser neutro) e monopolizador da violência. Não se pode “acabar” com a violência, por isso ser “contra” ela não tem muita utilidade prática. Pode ser-se contra a violência indiscriminada e irresponsável – o recurso à violência tem de ser mesmo o último recurso, mas por não podermos acabar com a violência não podemos exluir este recurso. sendo assim, o importante é que quem recorre à violência o faça mandatado pela sociedade, seja sempre identificado e possa ser responsabilizado (ou os seus superiores hierárquicos) pelos seus actos perante a sociedade.
Uma semana depois, vale a pena ler o artigo (premonitório) de José Saramago sobre o "no B-day":
Itália não merece o destino que Berlusconi lhe traçou com criminosa frieza e sem o menor vestígio de pudor político, sem o mais elementar sentimento de vergonha própria. Quero pensar que a gigantesca manifestação contra a "coisa" Berlusconi, na qual estas palavras irão ser lidas, se converterá no primeiro passo para a libertação e a regeneração de Itália. Para isso não são necessárias armas, bastam os votos.
Cuba em 1995
Em Novembro de 1995 visitei Cuba. Andei por Havana, Trinidad, Cienfuegos e Varadero.
Para ver mais fotografias feitas nessa ocasião clique AQUI
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Tuesday, December 15, 2009
Inaugurado gasoduto de 6.800 km entre Turcomenistão e China
"A abertura deste gasoduto é outra plataforma para a colaboração e a cooperação entre nossas nações amigas", declarou Jintao.
O presidente chinês abriu uma torneira que liberou o fluxo de gás natural que percorrerá 1.800 quilômetros no Turcomenistão, a partir da cidade de Samadepe, e depois 5.000 km até a província chinesa de Xinjiang, depois de passar por Uzbequistão e Cazaquistão.
No momento de pleno funcionamento, em 2012-2013, a tubulação permitirá a passagem anual de 40 bilhões de metros cúbicos de gás natural.(AFP)
Monday, December 14, 2009
O silogismo de Vara
Na entrevista com Judite de Sousa, na RTP1, Armando Vara disse várias vezes que não podia haver provas de certos factos pela simples razão de que eles não teriam ocorrido.
A afirmação parece pacífica pois é indubitável ser impossível comprovar o que não aconteceu.
Acontece porém que tal afirmação de Vara se insere num silogismo falso que, embora não explicitado, foi frequentemente insinuado durante a entrevista:
"Um crime que não aconteceu não pode ser provado LOGO um crime que não pode ser provado não aconteceu".
Agora que Vara e os seus advogados conhecem o conteúdo do processo, que já devem ter percebido que lhes será fácil desvalorizá-lo, concentram-se na tarefa de nos fazer crer que o falhanço policial na recolha de provas significa que nada de grave aconteceu.
O senhor Godinho perdeu-se no caminho para a EDP, só isso.
Conviria talvez investigar quem avisou Vara em Junho, por carta "anónima" que o próprio confirmou, que as escutas das suas conversas com Sócrates estavam a decorrer.
É que esta tão menosprezada fuga ao segredo de justiça pode muito bem explicar por que é que a polícia tem só as provas que tem.
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Saturday, December 12, 2009
Vamos brincar à caridadezinha ?
Sou de uma geração que cresceu a desconfiar das manifestações oficiais, ou públicas, de caridade.
"Vamos brincar à caridadezinha, festa, canasta e boa comidinha", cantava José Barata Moura, lembram-se?
Pois bem, hoje é quase impossível ligar a televisão ou abrir os jornais sem deparar com um colunável qualquer a "dar a cara por uma causa" maior ou menor.
Fazer bem aos outros voltou a ser um jogo de sociedade como antigamente e o exibicionismo da bondade esqueceu por completo o velho adágio "o que uma mão dá, a outra não precisa saber". Agora faz-se de tudo para que a outra mão saiba e o resto do corpo também.
As lutas por audiências nos meios de comunicação bem como as estratégias de marketing de todo o tipo de produtos usam a pobreza e o altruísmo como argumento de vendas ou mesmo de legitimação social da sua ganância.
Trata-se de uma moda que tudo invade despudoradamente. Simplesmente repugnante.
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Thursday, December 10, 2009
Vara a Governador do Banco de Portugal
Foi depois de ter visto a entrevista na RTP que me senti obrigado a passar à acção de desagravo. Vou iniciar uma petição para remediar o mal que a justiça (com letra pequena) e a magistratura provocaram.
Como compensar alguém que sofreu tanto às mãos de promotores, juízes, jornalistas, comentadores e dirigentes do PSD ? Como contrariar essa coligação negativa em que tantas invejas estão mancomunadas ?
Proponho às autoridades competentes, incluindo o seu amigo Sócrates, que nomeiem, canonizem e entronizem Vara como Governador do Banco de Portugal.
Assinemos todos , portanto, em:
Wednesday, December 9, 2009
O "falhanço" da China
A China não parece estar à altura das responsabilidades que a sua dimensão económica lhe impõem no quadro da economia global.
Aproveitando a abertura dos mercados mundiais, proporcionada pela globalização económica do capitalismo, a China mais do que quintuplicou a sua produção anual em menos de 20 anos, representando actualmente 12% do PIB mundial (com 20% da população). Com um crescimento centrado nas exportações (8% do total mundial) e uma elevadíssima taxa de poupança interna (na ordem dos 50% do PIB), a economia chinesa acumulou sucessivos e volumosos excedentes na balança de transacções correntes com o exterior, amealhando reservas cambiais que deverão montar a perto de 5% do PIB mundial.
A "reciclagem" destas reservas ajudou a inundar de liquidez os mercados financeiros mundiais e a alimentar o sobreendividamento de economias deficitárias (onde se inclui Portugal, mas de que se destacam, pela sua dimensão económica, os EUA).
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Preferindo, conservadoramente, insistir na política das últimas décadas, de aposta nas exportações e em manter-se fechada sobre si, a China escolheu continuar parte do problema, em vez de co-liderar a solução. A consequência mais provável é que a crise económica dure mais tempo e cause mais estragos do que seria necessário, e que a Europa venha a ser o principal sacrificado (e perdedor). Na ausência do necessário ajustamento cambial do ‘yuan', acabará por ser o euro a pagar sozinho a factura da necessária depreciação do dólar, sacrificando o crescimento da economia europeia e, porventura, tornando deficitárias as suas tradicionalmente equilibradas contas externas. Enfim, como diz o povo na sua prática sabedoria, "uns comem os figos e a outros rebenta-lhes a boca".
"O falhanço da China", Vitor Bento no Diário Económico, 09.12.2009
É caso para perguntar: desde quando é que as estratégias económicas dos países poderosos são baseadas no altruísmo ? Não será ridículo pedir à China, onde centenas de milhões esperam ainda os confortos mínimos, para adoptar medidas que amparem aqueles que só cuidam de gastar o que não têm ?
Quando a China era fraca ninguém se preocupou com isso, agora que é rica pedem-lhe que cuide do mundo.
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Monday, December 7, 2009
Manobras de diversão
Um dia à beira do Ceira
Para terminar o fim-de-semana passei o dia neste lugar/lagar maravilhoso, à beira do rio Ceira, na serra da Lousã.
Trata-se de um antigo lagar de varas comunitário que sobrevive em grande medida por causa da curiosidade dos citadinos como eu.
Ali podemos ver as enormes rodas de pedra, chamadas galgas, amassar as azeitonas e depois assistir às várias fases que levam ao precioso azeite. Até trouxe uma garrafa dele para casa.
Para mais informações consultar o site da Transerrano, de Góis.
Recomendo..
Saturday, December 5, 2009
Há mar e mar
As praias de Inverno fascinam-me. Hoje, dia de mar revolto, andei por S. Jacinto e pelo Furadouro.
Os areais estão pejados de materiais trazidos pelo mar. Garrafões de plástico rebolam na areia e marcam fantásticos golos nas balizas esquecidas pelo Verão.
Pescadores revestidos a oleado meditam de cana na mão, horas a fio, e voltam para casa com o saco cheio de conclusões em forma de robalos.
Friday, December 4, 2009
S. Clara. Ou será escura ?
Hoje tinha resolvido visitar a recuperada S. Clara a Velha, em Coimbra. Para o efeito dirigi-me ao mosteiro às 16:20 após ter consultado o site do Turismo de Coimbra sobre a hora de encerramento das visitas (entradas até às 16:30).
A porta estava fechada e, pelo intercomunicador, fui informado de que não são aceites visitas a partir das 16:15.
Apesar de só terem passado cinco minutos e de este horário contradizer a informação publicada no site não consegui convencer quem estava do outro lado a abrir-me a porta.
Sem comentários.
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Thursday, December 3, 2009
Uma mentira, repetida em muitos blogues, acaba por se tornar verdade?
Wednesday, December 2, 2009
A lição de Berlusconi
A lição de Berlusconi
Por Saldanha Sanches, Expresso 28.11.2009
A justiça italiana, tal como a portuguesa, funciona mal. Giulio Andreotti afinal não era um cúmplice da máfia nem mandou matar jornalistas e acabou por ser absolvido. Berlusconi tem feito tudo o que pode para que ela funcione ainda pior.
Entre nós o pacto PSD/PS também fez o que pôde. Berlusconi, quando alguns magistrados conseguem remover os obstáculos que a lei lhes coloca no caminho, declara que é um mártir e que os magistrados que o perseguem são comunistas.
Nesta pequena Itália vai sucedendo o mesmo: os heróicos paladinos da liberdade insurgem-se contra o Estado policial que surge no horizonte. Os magistrados têm motivações políticas. As escutas telefónicas são a forma moderna da tortura e por isso devem ser ainda mais limitadas.
Num certo sentido são uma tortura: para quem a actividade empresarial tem como componente essencial os subornos e as comissões, o perigo, mesmo remoto, de ser escutado constitui um problema sério. Sem telemóvel é tudo desesperadamente lento e a economia paralela tem as suas exigências.
Para mais as cifras de que se falou na operação ‘Face Oculta’ parecem mostrar que do lado da corrupção a oferta é cada vez maior e as comissões estão mais magras.
Logo, acabar com a possibilidade de escutas nesta zona, mesmo judicialmente mandatadas, constitui uma questão central para este largo sector da economia portuguesa. Percebe-se por isso os clamores de alguns colunistas empenhados na defesa preventiva dos seus clientes para impedir processos e acusações.
As disfunções do modelo actual do Ministério Público e as mudanças destinadas a tornar o Código do Processo Penal um empecilho ainda maior à investigação tornam a detecção improvável, mas não impossível. A probabilidade de uma qualquer acusação acabar com uma condenação em tempo útil é muito remota, mas ser arguido envolve sempre algum incómodo.
Em Portugal como na Itália, nos crimes de colarinho banco, sem cadáver nem flagrante delito, qualquer advogado competente consegue prolongar o processo e às vezes nem isso é necessário: o processo encalha em qualquer parte.
Na Itália, Berlusconi, mesmo depois do seu revês no Tribunal Constitucional, encontrou a fórmula mágica para impedir a acusação dos crimes de colarinho branco: a lei do processo rápido, que diminui os prazos de prescrição e torna virtualmente impossível que estes processos acabem.
Cá, devem estar a pensar no mesmo.
Se a justiça continua a perseguir quem não deve, então um prazo curto de prescrição constitui a fórmula mágica: o nosso processo penal já garante que um caso como o de Madoff (já com condenação definitiva e a cumprir pena) seja impossível. Justiça rápida em crimes económicos, no nosso ordenamento jurídico, é uma graça de mau gosto. Tal como na Itália. Prazos de prescrição mais rápidos, na próxima reforma do Código do Processo Penal, podem ser a solução definitiva seguindo a lição de Berlusconi. Seria inteiramente inconsequente que copiassem o discurso, sem copiarem as soluções. Adenda: a situação no Continente atingiu pontos tais que Jardim mostra o seu nojo e o seu desinteresse. Desde que continue a receber a sua mesada.
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Tuesday, December 1, 2009
Já Cícero sabia
Será que eles não sabem que nós sabemos?
Por José Vítor Malheiros, Público 01.11.2009
Cícero, que foi um dos mais respeitados estadistas e pensadores romanos, regressou muitas vezes nos seus escritos de filosofia política à questão da reputação dos homens públicos. Escreveu mesmo uma obra em dois volumes dedicados ao tema, Da Glória. A obra perdeu-se e dela apenas se conhecem referências, mas o que ficou nos escritos que sobreviveram é suficiente para se perceber a importância central que a questão lhe merecia. Tão político como filósofo, Cícero tece sobre a reputação do homem público as esperadas considerações éticas, mas não se fica por aí, recheando as suas observações de conselhos pragmáticos que incluem a necessidade de calcular os benefícios que se podem colher quando se faz um favor a alguém. Ou seja: apesar de ter sido um político astuto e calculista, Cícero sabia e defendia a importância da reputação - a conveniência de todo o homem político proteger e promover a sua reputação e a necessidade de a república escolher para os cargos de poder os homens (as mulheres não estavam em causa) de mais sólida reputação, para garantir a confiança da população.
Se a preocupação com a reputação é antiga, nos últimos anos ela tornou-se ainda mais viva, à medida que se desenvolveram as tecnologias de informação e comunicação que permitem hoje espalhar em minutos uma informação por todo o globo - e fabricar ou esmigalhar uma reputação. As empresas vivem para a reputação e pela reputação das suas marcas (chamam-lhe "imagem") e os políticos (pelo menos nas democracias) não possuem bem mais precioso.
Posto isto, o que é estranho é como, na nossa democracia (e noutras), a reputação das pessoas parece ser tão pouco levada em conta quando se trata de escolhas para lugares de relevância, sejam eles políticos ou empresariais. Falo naturalmente da reputação em termos éticos, de honestidade, já que a competência técnica e as capacidades intelectuais têm aqui uma importância de terceira ordem, como lembra, mais uma vez, Cícero ("Se um homem não for considerado honesto, quanto mais sagaz e inteligente ele for mais será detestado e objecto de desconfiança").
Lembrar-se-ão os políticos que, quando nomeiam uma pessoa para um determinado cargo, essa pessoa possui uma reputação pública e que essa reputação se vai reflectir sobre a sua própria? Saberão que, mesmo que não tenha havido "sentença transitada em julgado", há pessoas que todos consideramos escroques? E que há outras que consideramos honestas? Como? Devido às suas posições públicas, aos benefícios que recolhem delas, aos sacrifícios que correram para fazer coisas justas, ao que dizem delas os próximos e os adversários, aos amigos que cultivam e, sim, também às histórias que ouvimos. Rumores sem fundamento? Alguns sim, mas há perfis que vão ganhando peso, peças que se vão ajustando no puzzle, testemunhos que consideramos credíveis que vão solidificando a nossa opinião.
Imaginará um ministro ou uma assembleia de accionistas de um banco que a pessoa que escolhem não possui uma reputação? Imaginarão que nós não sabemos? Imaginarão que não perguntamos uns aos outros até ter uma ideia de quem é fulano? A má reputação (a verdadeiramente má, não a de Brassens) não é um crime nem precisa de ser alimentada pelo tipo de provas que permite escrever uma notícia de jornal ou fazer uma queixa à PGR. Pode apenas ser a convicção de que a pessoa em causa gosta mais de dinheiro do que devia, que não hesita em trair um amigo para se aproximar do poder, que tem uma noção vaga do que seja a decência, que se considera a si e ao seu partido acima das leis. Nós sabemos quem eles são. E é por isso que é raro, tão raro, que uma notícia de uma suspeita ou de uma condenação por corrupção ou por desvio de fundos seja recebida com surpresa na redacção de um jornal ou no café do bairro. Na esmagadora maioria dos casos, são escândalos à espera de acontecer. E quando os escândalos não acontecem isso apenas serve para prejudicar a reputação de quem os devia trazer à luz. (jvmalheiros@gmail.com)
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