Thursday, January 20, 2011

Um triste balanço da campanha




A campanha para as presidenciais vai chegar ao fim.
Em hora de balanço só me ocorre uma palavra: deplorável.
A esquerda demonstrou a sua inépcia escolhendo um candidato (e um conjunto de acólitos) sem qualquer hipótese de vencer.
Em vez de se penitenciar pela sua incompetência, ao pressentir a derrota eminente, optou por uma política de terra queimada. Mesmo sabendo que com grande probabilidade tal política está condenada à derrota. Sem perceber que centrando a sua acção na denúncia de casos desenterrados do passado mais não fazia do que confirmar a sua própria impotência política.
Quando, através de perguntas engenhosas se pretendeu insinuar que o actual Presidente da República é um corrupto, se não mesmo um gatuno, era a própria democracia que se estava a corroer.
Cavaco, goste-se ou não da personagem e do político, não é uma pessoa qualquer; por mais de uma vez o povo português deu-lhe acima de 50% dos votos. É também essa escolha do eleitorado que se veio agora, com fracas provas, verberar e pôr em causa.
Mas acontece que os portugueses conhecem, de experiência vivida, o que é ter Cavaco como Primeiro-ministro (10 anos) e como Presidente (5 anos). Dificilmente se convencerão de que a sua experiência não vale nada só porque alguém avança coincidências e insinuações.
Quem assumirá a responsabilidade por esta degradação do mais alto cargo do Estado quando, no dia 24, se iniciar mais um mandato de cinco anos do actual Presidente?
Continuamos, infelizmente, a constatar a degradação dos partidos e a inexistência de uma alternativa política de esquerda que os portugueses possam levar a sério.
Temos uma esquerda retórica e sem rumo ressuscitando, quando acossada como agora, os piores tiques do esquerdismo irresponsável que tanto mal fez à Revolução de Abril.
Este é o caminho que pode levar à destruição da nossa democracia.
Nenhum objectivo partidário, por mais convicto que seja, pode justificar tal destruição.

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