Wednesday, March 30, 2011

Boavista




A ilha caboverdiana da Boavista, onde estive recentemente, manteve-se bastante isolada até à abertura do aeroporto internacional. Nestes últimos anos o turismo tem-se desenvolvido bastante com a instalação de "resorts" espanhóis e italianos junto das praias.

O interior norte, onde a agricultura persiste, padece da emigração massiva que desertificou os seus povoados. Só renascem quando os seus vêm do estrangeiro para estar com a família e viver as festas do seu padroeiro S. João.  

Se quer ver imagens recolhidas por mim nesta bela ilha clique AQUI.

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Tuesday, March 29, 2011

Poors of Spirit

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O ministro da Economia escusou-se hoje a comentar, perante os deputados da comissão de Assuntos Económicos, as novas previsões do Banco de Portugal (BdP), acusando o PSD de tentar fazer da comissão um palco para esse debate.
Explicou que a rejeição da actualização do Plano de Estabilidade e Crescimento apresentada pelo Governo na Assembleia da República é responsável pela descida generalizada do 'rating' das empresas, bancos e da própria República portuguesa.
A descida do 'rating'  não tem portanto nada a ver com o "Relatório da Primavera" do Banco de Portugal que prevê uma contracção do PIB de 1,4% em 2011, um défice externo de 8,9% e a continuação da recessão em 2012, aumentando assim a nossa dificuldade em pagar a dívida acumulada.
As agências de 'rating' são mesmo umas pobres de espírito ou melhor, em inglês técnico, "standard & poors of spirit".

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Monday, March 28, 2011

Urbanização na base do crescimento da China

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Pequim, 28 mar (Lusa) – Mais de dez milhões de camponeses deverão radicar-se todos os anos nas cidades chinesas durante as próximas duas décadas, constituindo “um sustentado motor do crescimento económico da China”, indica um estudo divulgado no fim-de-semana pela imprensa oficial.
Segundo projeções oficiais, a percentagem da população urbana chinesa subirá um por cento ao ano até 2020, passando dos atuais 47 por cento para 57 por cento, e em 2030 chegará quase a 70 por cento.
A China tinha cerca de 1.341 milhões de habitantes no final de 2010, mais seis milhões do que um ano antes.
A acelerada urbanização da China é vista como “um significativo contributo” para o contínuo desenvolvimento do país.
“Tendo em conta o impulso que o afluxo de dezenas de milhões de residentes rurais irá dar ao imobiliário e às industrias relacionadas, o processo de urbanização está destinado a ser um motor sustentado do crescimento económico da China”, disse um especialista citado pelo jornal China Daily.
Só em infraestruturas urbanas o governo deverá precisar de investir 24 biliões de yuan (2,6 biliões de euros) até 2020, refere um relatório da China Development Research Foundation.
A China, cujo PIB cresceu em média 11,2 por cento ao ano desde 2006, tornou-se em 2010 a segunda maior economia do mundo, ultrapassando o Japão.
O número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza – com menos de 1.274 yuan por ano (138 euros) – desceu de 35,97 milhões para 26,88 milhões mas, pelos padrões da ONU (menos de um dólar por dia), aquele número rondará os 150 milhões.

A última bettencorada

As eleições de sábado passado não acrescentaram nada de positivo ao Sporting. Se o clube já estava em crise, agora, mais dividido que nunca, melhor é que não ficou. Um presidente enfraquecido, de legitimidade questionada, era o que o Sporting menos precisava agora. Mas foi o que as urnas ditaram, e era um resultado previsível pelas sondagens. A trapalhada que constituiu a contagem de votos é que não era previsível. Um presidente de mesa da AG que teve o seu grande momento de glória com todas as televisões a transmitirem-no em direto, e que não nos deixou sem nos comunicar “que grande honra era para ele estar ali”. Estava mais preocupado consigo mesmo do que em fazer um bom trabalho: já nem falo dos resultados que foram “soprados” para a comunicação social antes da contagem ser encerrada (disso se calhar nem tem culpa, e as pessoas é que não deveriam levar a sério informação não oficial). Falo do inexplicável conceito de “afinar a contagem”, mas que afinal não era uma recontagem. Bem, a tal contagem afinada continua sem esclarecer, afinal, quantos sócios votaram, e por que há um número total diferente de sócios a votarem para os diferentes órgãos sociais. Conforme o órgão social à escolha, tanto podem ter votado 14619 sócios como 14535, 14588 ou 14589 – é só consultar esta página e fazer as contas. Esta é a “contagem afinada” do senhor presidente da AG. Este é mais um exemplo da competência das pessoas a quem o Sporting tem estado entregue. Pessoas escolhidas por José Eduardo Bettencourt, com certeza. Foi este tipo de pessoas que estiveram à frente do Sporting nos últimos dois anos. Esperemos que esta tenha sido a última “bettencorada” no clube. Mas receio bem que não.
A discrepância destes números, se não for esclarecida, parece-me uma boa base para se impugnarem as eleições, mas não parece dizer muito ao candidato oficialmente derrotado, Bruno de Carvalho. Em entrevista à SIC e ao jornal I, Bruno parece estar sobretudo interessado numa segunda volta com Godinho Lopes. Algo que até faria sentido e que os estatutos até deveriam prever quando o vencedor tivesse menos de 50% dos votos, uma situação até agora inédita. Mas… não prevêem. Assim não vai longe. Carvalho também se revela preocupado com a “tal” vantagem de 600 votos, que nunca foi anunciada oficialmente e sumiu, e acha “muito misterioso” a sua lista ter ganho a Assembleia Geral e perdido os outros órgãos sociais. Como se as eleições não fossem independentes e Eduardo Barroso um sportinguista conhecido e popular. Bruno de Carvalho mostra que não só não percebe nada do que se passou como ainda continua a falar e a proceder como um membro do "Directivo XXI". Confirmei-o mais uma vez: respeitá-la-ei se um dia se confirmar, mas não é esta a mudança que eu quero para o meu clube. Mas também não me agrada um presidente que parece uma múmia paralítica e, dadas as circunstâncias, cuja capacidade de mobilização dos sócios é nula. O futuro do Sporting não me parece nada risonho.

Sinais errados



O jornal i relata hoje dois factos que constituem sinais errados enviados por um partido, o PSD, que se perfila como candidato à vitória nas próximas eleições.


Cavaco Silva prepara-se para promulgar a proposta da oposição que revoga o modelo de avaliação dos professores, sabe o i. O Presidente da República não irá atender ao pedido do governo e não irá enviar para o Tribunal Constitucional o diploma de revogação do modelo aprovado a semana passada pela Assembleia da República. Belém considera que o argumentário do Partido Socialista sobre a inconstitucionalidade da proposta da oposição não é juridicamente correcto.
Apesar de o agendamento da discussão e da votação desta proposta ter sido marcado antes de materializado o cenário de eleições antecipadas, a oposição, e principalmente o PSD, não se livraram da acusação de eleitoralismo. "Uma interrupção feita por uma oposição que está à beira de dissolução do parlamento, num momento em que não há dúvida para ninguém que o que se pretende é destruir aquilo que se construiu, parece-me realmente muito difícil de aceitar", considerou em entrevista à RTP a ministra da Educação. 


Ao menos José Sócrates, para que não digam que eu só mando o homem abaixo, ainda deu alguma luta às corporações. Só depois de muita luta acabou por ceder em toda a linha. O PSD começa já a submeter-se mesmo antes de ser eleito?

O PSD afastou a ideia de pedir, para já, um auditoria às contas públicas do Estado, por pressão do Presidente da República e das instituições europeias, mas não vai deixar que o tema seja omitido durante a campanha eleitoral que se adivinha. "O BPN e o sector empresarial do Estado não podem ficar fora do debate político", diz ao i fonte da direcção laranja. Este passo atrás do líder do PSD pode ainda ser usado como trunfo em Bruxelas para negociar, por exemplo, um empréstimo de curto prazo, se em causa estiver a solvabilidade do país. 
"Isto tem a ver com o medo do que se possa descobrir", refere ao i o economista João Duque, que confessou ter "sentimentos contraditórios" sobre a realização de uma auditoria às contas do Estado. Uma radiografia ao estado das coisas "dava alguma ajuda ao governo que viesse. Mas, por outro lado, correríamos o risco sério e o exercício poderia ter consequências dramáticas", diz o especialista. "Se forem encontradas situações de falseamento das contas, iríamos ver as taxas de juro disparar e iríamos sofrer cortes de rating", sustenta. Pedir uma auditoria nesta fase pode ser considerado uma espécie de "haraquiri nacional", numa analogia com os suicídios protagonizados pelos samurais. 

Isto é como alguém que fosse ao médico e ocultasse uma parte das radiografias. Continuamos numa de economia ficcional? Para isso tínhamos cá o senhor engenheiro que era mestre nessa disciplina.
O mais espantoso é andar um tema destes na primeira página dos jornais (já ontem o Expresso tratava disto).
Penso que o medo da revelação do verdadeiro tamanho do buraco é que justifica os esforços de Sócrates para evitar a vinda do FMI. Mas ficou decidido no recente Conselho Europeu, que Sócrates tanto dramatizou como manobra de diversão, que qualquer ajuda a países em dificuldades terá sempre intervenção do FMI.
O mais caricato disto tudo é verificar que o famoso PEC IV, que Sócrates levou a Bruxelas à sorrelfa, contém medidas em tudo similares às que que o FMI típicamente impõe. O Expresso desta semana publica até um quadro em que compara as medidas tomadas na Grécia e Irlanda, após a intervenção do FMI, com os nossos PEC I+PEC II+PEC III+PEC IV. A diferença não é grande.
Continuamos assim a cultivar o "faz de conta" e a "esperteza saloia" em vez de assumirmos que estamos num grande aperto e que só nos safamos se aceitarmos os sacrifícios necessários. A estratégia de varrer os problemas para debaixo do tapete, seguida ao longo do último ano, com pequenos PECs sucessivos, foi verdadeiramente catastrófica para o nosso futuro..

Sunday, March 27, 2011

Para que servem afinal as eleições?





Tudo se complicou quando os discursos substituíram a realidade social pelas vicissitudes da política e as transformações do mundo deram lugar aos fait-divers partidários. Como no mau teatro, os actores foram fingindo que não fingiam, à frente de um cenário que não cessava de desmoronar.

Numa encenação/demissão recente o protagonista não esteve com rodeios. O recém eleito presidente é um parolo que empata a sua visão cosmopolita. O parlamento, eleito no mesmo acto de onde ele extrai legitimidade para governar, é um bando de interesseiros que o impede de continuar a salvar a nação (onde é que eu já ouvi isto?).

Assim sendo, se os eleitos são como ele diz, resta perguntar porque é que continuamos a fazer eleições e a esperar que delas resulte uma solução para o país. O engenheiro e os seus apoiantes, fundados numa razão transcendente que só a eles ilumina, troçarão de qualquer resultado eleitoral que não entrone o padroeiro.

Por isso o período que nos separa do próximo acto eleitoral, que o fanatismo tornará inútil, é uma lenta agonia para o país.
Depois da substituição da realidade pela política assistiremos à substituição da política pelo mais boçal clubismo.
Os devotos de Sócrates, por um lado, e os gentios infiéis, por outro, numa orgia de irracionalidade, como nos estádios, tratarão de forma soez as respectivas mães e gritarão o proverbial "fora o árbitro".

Até que o dinheiro se acabe e venha finalmente o papão.

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Friday, March 25, 2011

Os "cinco violinos" das eleições no Sporting

Bruno de Carvalho poderá perdê-las... por causa de Eduardo Barroso.
Godinho Lopes poderá perdê-las... por causa de Carlos Barbosa.
Dias Ferreira poderia perdê-las... por causa de Futre. Não por Futre não ser sportinguista (que é - não tenho dúvida: é simplesmente um palhaço que nem sabe falar português). Mas perde-as também (de certeza que vai perdê-las) por sua própria causa: mais do que qualquer outro, é a continuidade de Bettencourt no que isso é mais importante, como este vídeo demonstra. Acima de tudo, como escrevi aqui, os sportinguistas não querem mais presidentes que os envergonhem.
Não creio que Pedro Baltazar e Sérgio Abrantes Mendes verdadeiramente contem. E dos outros dois? Não gosto de nenhum.
Entre estar refém da banca e de russos que ninguém conhece (alguns com negócios duvidosos), venha o diabo e escolha. Mas a banca, ao menos, sabemos para que vem. Os russos parecem um "almoço grátis". E não há almoços grátis. Como Dias Ferreira afirmou e Bruno de Carvalho não desmentiu, só vêm para o Sporting, pelo tal fundo, os jogadores que os russos quiserem.
Entre Manuel Fernandes e Augusto Inácio, escolho Augusto Inácio. Por muito simbólico que o grande capitão seja, o clube deve muito mais a Inácio, como jogador e como treinador. Enquanto representou o FC Porto, enquanto era treinador do FC Porto, Inácio nunca deixou de ser sócio do Sporting (usava um isqueiro do Sporting). Pode pôr-se em causa a sua adequação para o lugar (na entrevista que eu li, Inácio falava... como treinador, da tática que queria que a equipa tivesse). Mas é imoral pôr-se em causa o seu sportinguismo. O grande problema do Sporting há muitos anos - João Moutinho é só a mais recente expressão - é por que é que o Sporting trata tão mal os seus símbolos ou, pelo menos, não é capaz de os manter.
A eleição não é para treinadores nem para jogadores, mas claramente não posso apoiar a escolha de Marco van Basten: na sua curta carreira de treinador (apesar de ter 46 anos) ocupou lugares de responsabilidade e falhou sempre.  Domingos Paciência parece-me uma boa opção.
Mas os grandes trunfos de Godinho Lopes são Luís Duque e Carlos Freitas, duas pessoas competentes. Luís Duque só esteve um ano no Sporting,... e fez as contratações essenciais para o título de 2000, com  Carlos Freitas. Carlos Freitas contratou muito, quase sempre barato e a maior parte das vezes bem: acertou muito mais do que errou - veja-se Liedson -, e onde quer que tenha estado teve sucesso. Godinho Lopes não me diz nada: a falar, é uma marioneta nas mãos de Cunha Vaz. (Já Bruno de Carvalho é um punk mal educado do "Directivo XXI".) O meu apoio, contrafeito, vai para Godinho Lopes.

Dia de reflexão

Chega amanhã ao fim o período da minha vida em que tive menos vontade de ler livros. Tenciono ir às urnas bem cedinho (ando a fazer treino específico para melhorar os meus parâmetros de "estar acordado de manhã", treino que contempla desde quarta-feira a vertente “não dormir desde quarta-feira”), imbuído do mesmo espírito que imagino preencher muitos cidadãos norte-americanos que encaram cada eleição presidencial como a última oportunidade para impedir a construção de gulags nas planícies do Kansas, mas que para mim é uma experiência completamente nova: a urgência entusiasmada da participação cívica.
Ao contrário deles, no entanto, vou exercer com relativa paz de espírito o direito conquistado pelos meus antepassados, pois parece-me perfeitamente claro que o apocalipse não está para breve. Aconteça o que acontecer, o Sporting não vai ser campeão europeu daqui a um ano, nem vai ser desmantelado daqui a seis meses. As opções neste acto eleitoral são as mesmas do costume: as coisas podem melhorar um bocadinho, ficar na mesma, piorar um bocadinho, ou (distinção crucial que analisaremos mais tarde em conjunto) piorar um bocado; no fundo, o que acontece em qualquer acto eleitoral em que não participem alemães.
Vou votar com dúvidas. Mas, como fui uma vez forçado a explicar à minha mãe, depois de ter respondido ingenuamente a uma pergunta que ela me fez com as palavras "Cavaco Silva", não me lembro de alguma vez ter votado de outra maneira. Voto sempre com suores frios, repleto de inseguranças, receoso de não ter digerido toda a informação relevante, suspeitando estar a votar por motivos aflitivamente superficiais, e mais ou menos incrédulo com o facto de a democracia continuar a sobreviver mesmo permitindo que paradigmas de adolescência política como eu participem no processo. Como tive a felicidade de não nascer na Alemanha, tem sempre corrido tudo bem, ou pelo menos de forma não-catastrófica, algo que eu considero imensamente satisfatório.
Se aceitarmos este conceito de “não-catástrofe” como um resultado aprazível, as eleições de amanhã ganham logo outro brilho, pois esse resultado está garantido. Depois, o que há a fazer é um cálculo mental neo-Rumsfeldiano de known unknowns, unknown unknowns, etc., e quantificar na medida do possível as qualidades, defeitos, áreas cinzentas e pontos de interrogação de cada uma das opções, partindo sempre da mesma base aritmética emocional: este gajo pode ser um atrasado mental, mas enfim.
Vamos portanto praticar Matemática, altura em que abro um pequeno precedente para começar por Abrantes Mendes. Não quero cometer a indelicadeza de negar ao Abrantes Mendes uma molécula da sua humanidade, mas enquanto este argumento se desenrola, os leitores mais atentos vão reparar que, na minha cabeça, o Abrantes Mendes não é um ser humano – com opiniões, idiossincrasias, sentimentos, etc. – mas sim uma idealização. Abrantes Mendes é o arquétipo do sportinguista que só existe na cabeça de benfiquistas, portistas, e sportinguistas com idade suficiente para terem partilhado uma charrete com o bisavô do Francisco Stromp. “Abrantes Mendes” está para “Sporting” como “Barbas” está para “Benfica”, “João Carlos Espada” está para “Direita” e “Marlboro Man” está para “Marlboro Man”. Curiosamente é a opção eleitoral mais previsível. No meio de quatro semi-enigmas, Abrantes Mendes é um horóscopo feito por profetas, um ecrã sintonizado para o futuro: o Sporting que ele representa, o Sporting que ele sente, o Sporting que ele pensa, o único Sporting que ele é capaz de conceber, é o Sporting “diferente”, o Sporting do realismo, o Sporting da integridade, o Sporting da derrota digna, o Sporting que é enxovalhado de cabeça erguida. Evidentemente, admiro muito a postura digna, coerente e romântica que Abrantes Mendes conseguiu manter durante a campanha, mas também detesto o Abrantes Mendes e já não aguento ver aquelas trombas dignas, coerentes e românticas à frente.
Passemos com celeridade a Pedro Baltazar. Este é simples: claramente menos parvo do que me pareceu no início, e até com algumas qualidades inesperadas, mas ainda assim, e com larga vantagem, o líder nas preferências dos humoristas nacionais e dos adeptos adversários em idade escolar. Pedro Baltazar é o presidente de clube rival com quem todos sonhamos no ciclo preparatório. Alguém que percebe menos de futebol do que o Pedro Mexia e o Rui Tavares juntos, sempre a duas sílabas da gaffe mais próxima e a três espasmos musculares de uma saída chanfrada, comportando-se genericamente como um cocktail blasfemo de Dan Quayle e Basil Fawlty. É o candidato excêntrico, seria uma terceira opção deprimente, mas, assim como assim, quero-o longe dali.
Dias Ferreira. Considero o voto em Dias Ferreira (uma assustadíssima segunda opção) o voto mais arriscado de todos, por um simples motivo: votar em Dias Ferreira é votar exclusivamente numa personalidade. Esse elemento estará presente em qualquer voto, mas neste caso é o único elemento, pois estaremos a votar numa personalidade que acha que o seu atributo mais recomendável é a sua personalidade. Dias Ferreira é o candidato que admite sem quaisquer problemas que o seu “projecto” está no interior da sua cabeça, é o candidato que confia em si próprio para chegar lá e “ver como é que é”, é o candidato cuja estratégia se esgota na crença nas suas respostas intuititvas e capacidade de improviso – e que exige de cada apoiante a mesma crença, pois não há rigorosamente mais nada. A personalidade de Dias Ferreira, não me inspirando confiança absoluta, também não me desagrada, mas há ali um factor crucial – há ali uma fraqueza – que não se ultrapassa: a lealdade. Como demonstrou em situações passadas – por exemplo, na intransigência psicótica com que defendeu Carlos Queirós para lá dos limites de Mohandas Gandhi – Dias Ferreira é leal às pessoas até à morte, ou até ao suicídio. Como aquele muçulmano a quem o Kevin Costner salva a vida no "Robin dos Bosques" e que depois o segue até Inglaterra, Dias Ferreira acha que qualquer pessoa que aceite um convite seu merece gratidão irrevogável para toda a eternidade. Isto é problemático quando se gere qualquer instituição, ainda mais quando se trata de uma instituição tão específica como um clube de futebol e ainda mais quando se trata de uma instituição tão especificamente específica como o Sporting, onde a qualquer momento pode ser imperativo despedir um amigo de trinta anos, ou humilhar publicamente um antigo camarada da tropa. Para Dias Ferreira, a lealdade humana sobrepõe-se sempre ao que é melhor para a instituição, e isso num clube de futebol pode ser desastroso. Calculo que nesta altura já todos os cidadãos portugueses (inclusivamente o Pacheco Pereira) tenham visto a “apresentação de projecto” de Paulo Futre, portanto limito-me a salientar que apesar de o Dias Ferreira ter convidado o Paulo Futre para um cargo directivo por incompetência ou irresponsabilidade, vai manter-se com ele até ao fim, não por casmurrice ou teimosia, mas por lealdade. Não tenho dúvidas de que se o Inácio fizesse uma figura daquelas, o Bruno de Carvalho seria gajo para olhar vinte jornalistas nos olhos e garantir que não só não tinha qualquer ligação com Augusto Inácio como nunca sequer o conhecera pessoalmente. (Tal como não me custa nada a crer que, caso Rijkaard terminasse o campeonato no 8º lugar não seria despedido, mas que se Van Basten ficasse em 2º, a um ponto do primeiro, o seu cadáver seria encontrado duas semanas depois a boiar no Mar da Palha).
Falemos portanto de Godinho Lopes (quem ainda não desistiu até agora tem a minha incrédula admiração). Se a narrativa de “Mudança-radical-para-correr-com-o-lixo-da-última-década vs. Mudança-sustentada-para-também-evitar-o-abismo-populista” colar, é de esperar que a eleição se decida por uma versão sportinguista do “fear vote”: vacilar durante um mês, para chegar às urnas e acabar por escolher o “candidato mais seguro”. Que nesta altura das festividades, os conceitos “Godinho Lopes” e “candidato mais seguro” ainda coexistam na mesma estrutura semântica é um tributo à exaustivamente sebosa campanha dirigida pelo labrego do Cunha Vaz, mas também o mitema desta eleição que mais me custa a aceitar. Estamos a falar de um candidato que predicou a sua estratégia em questionar os pormenores do método de financiamento do seu oponente mais forte, mas que, quatro debates e mil e seiscentas perguntas depois, continua a explicar os pormenores do seu método de financiamento com variações estilísticas sobre os conhecidos poemas “Eu Sou Credível” e “Eu Efectuei Contactos Junto de Instituições”; um candidato que em duas ocasiões diferentes deu a ideia de que a sustentabilidade do Sporting pode ser garantida através de casamentos, baptizados e bombas de gasolina; um candidato que convocou os papões de “Vale e Azevedo” e “fim do Sporting” para a narrativa eleitoral no mesmo dia em que garantiu a uma rádio “não querer falar dos adversários” e no mesma semana em que permitiu a membros da sua lista fazerem um bombardeamento de lama na imprensa de que o próprio Vale e Azevedo se orgulharia; um candidato que conseguiu dotar o conceito de “continuidade” com propriedades da física quântica – ele é da “continuidade” das coisas boas durante os quatro anos em que lá esteve, mas não da “continuidade” das coisas más (em que se incluem a derrapagem financeira na construção do Estádio e a milagrosa multiplicação do passivo, entre outras proezas “credíveis”).
Apesar dos indefectíveis da narrativa do “candidato credível” serem uns quantos, suponho que o principal (talvez o único) motivo pelo qual Godinho Lopes ainda tem hipóteses de ganhar isto se chama Luís Duque. Compreendo, e admito que é também o único motivo pelo qual não me vou suicidar na eventualidade de esta gente ganhar. Nunca seria capaz de votar numa lista que incluisse o Paulo Pereira Cristóvão e o Carlos Barbosa nem que me mostrassem contratos-promessa com o Xavi e o Iniesta assinados a sangue, mas o Luis Duque é uma ténue réstia de esperança naquela carroça de esterco eleitoral. Mas convém lembrar também que o Luis Duque que guiou um plantel barato e limitado ao fim do jejum, foi o mesmo que destruiu o mesmo plantel em dois meses, trazendo uma dúzia de internacionais a “custo zero”, mas com salários absurdos e idades que excluiam qualquer possibilidade de lucro futuro – doutrina que me parece estar a preparar-se para repetir – e o mesmo homem volátil que, como na sua primeira passagem pelo clube, pode demitir-se se um dia acordar mal-disposto.
Estou claramente a divagar e a perder o interesse no meu próprio argumento, portanto siga para Bruno de Carvalho, que em dois meses passou de “candidato simpático” a Adolf Hitler, e que ofereceu aos seus leais oponentes um “fundo” para contaminar qualquer hipótese de debate. Quem viu o debate de quarta-feira na Sport TV não terá perdido os quinze esclarecedores minutos em que Dias Ferreira tentou martelar a tecla do “direito de veto” dos investidores, enquanto abanava a cabeça e confessava que “só queria perceber bem como funcionava”, naquele estilo de quem diz “mas o que é então essa modernice do facebook?”. Um argumentozinho tão demagógico e absurdo que o próprio Bruno de Carvalho emudeceu, certamente ocupado a recapitular as alíneas do código penal que o impediam de degolar todos os cretinos presentes no estúdio, tendo demorado dois dias a reagir e a obrigar Dias Ferreira e Godinho Lopes a admitir que nos seus próprios “fundos” (eles agora também já usam a palavra, realçando no entanto que são “fundos diferentes”) também vão ter direito de veto dos investidores, a coisa menos problemática e confusa da história da humanidade para qualquer pessoa capaz de entender que alguém que investe num negócio cujo lucro depende de se contratar um bom jogador para um dia vender mais caro não vai vetar jogadores só por insondáveis caprichos russos.
Mas até eu fraquejo, como vêem, e venho parar ao fundo, como se investimento estrangeiro em clubes de futebol fosse uma coisa inventada anteontem, como se a ideia de "investidores russos" fosse radicalmente diferente de “investimento árabe” ou “investimento estrangeiro”, como se Bruno de Carvalho se esgotasse no raio do fundo, e não fosse – de longe, de muito longe – o candidato que mais informação deu sobre quem é e o que pretende.
Nem tudo nele me agrada: mas agrada-me aquela cara, agrada-me aquela voz, agrada-me aquela sugestão de violência contida, agrada-me aquele verdete de esperteza saloia que é um salutar contraponto à conice engomada dos últimos tempos, agrada-me a intuição (e não passa disso) de que está ali uma tremenda raridade: um fanático competente. Para já, isso chega. Isto não é um Messias; é um gajo cujos defeitos e áreas cinzentas não são mais preocupantes do que os dos outros, mas cujas qualidades são, não apenas mais promissoras, como também promissoras num sentido perpendicular ao passado recente.
Isto não vai ser um “Yes, we can”. Vai ser um “oh well, maybe, what the hell”, que é preferível a dois “mmm, not that shit again” e a dois “eh? wtf, I don't think so”.
Dito isto, é bom que votem na pessoa Bruno, porque se isto não corre como eu quero sou capaz de tranferir a minha nova energia participativa para os problemas do país, e imaginem bem o que seria este blogue nos próximos dois meses.

Areia para os olhos

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Como já disse encontro-me na ilha da Boavista, em Cabo Verde.
Nesta época do ano as belíssimas praias são varridas por uma brisa constante que transporta consigo uma areia fininha.
Mas ao contrário do que poderia pensar-se não foi na praia, mas frente à televisão, que me foi atirada mais areia para os olhos.

Sócrates conseguiu arranjar maneira de esconder seis anos de governação irresponsável atrás de uma única votação da Assembleia da República. O homem é mesmo um artista português. Palavras para quê?
Já ninguém fala do aumento de 2,9% aos funcionários públicos, em 2009, nem das fortunas gastas num aeroporto "jamais" e num TGVirtual. Sócrates foi eleito em 2009 prometendo mundos e fundos e desdenhando da "velha" que insistia em dizer que estávamos à beira da bancarrota.
Nada disso conta agora. Ele apresenta a AR como um bando de irresponsáveis que o impediu de salvar a nação.

A rejeição do PEC 4 mostrou a toda a Europa que o primeiro-ministro de Portugal se tinha ido comprometer, irresponsávelmente, com medidas para as quais não obtivera prévio consenso. 
A manobra de alto risco destinou-se a entalar a oposição. Sabendo que a Finlândia, em período eleitoral, não permitiria obter uma ajuda externa disfarçada, Sócrates optou por uma cilada ao seus adversários para poder culpá-los da indisfarçável "ajuda externa" que aí vem.

Com acesso previlegiado aos meios de comunicação pôs todos os ministros a debitar a cartilha que tenta convencer o povo da desgraça que é a "ajuda externa" e culpar a Assembleia da República por esse insucesso.

Os problemas de Portugal não são, portanto, o gigantesco endividamento que ele promoveu e a falta de competitividade da nossa economia. O grande problema de Portugal é não o terem deixado fingir que não era "ajuda externa" a "ajuda externa" que ele estava a mendigar na Europa para se manter no poder.

A saída de Sócrates pode não ser suficiente, mas era sem dúvida condição necessária para sairmos do pântano em que nos afundamos.

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Thursday, March 24, 2011

Mas agora que o país todo estava (bem) ocupado com a crise no Sporting...

...tinha que vir este fait-divers da crise política?

Monday, March 21, 2011

A banhos na ilha da Boavista



Só regresso quando a crise acabar!

Friday, March 18, 2011

Depois da casa arrombada trancas à porta

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O regime líbio de Muammar Kadhafi anunciou hoje o fim das operações militares e um cessar-fogo imediato, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Mussa Kussa, citado pela agência noticiosa francesa AFP.
O anúncio de Kussa vem na sequência da resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovado na quinta-feira, autorizando "todas as medidas necessárias" para proteger os civis e impor um cessar-fogo. O governo de Tripoli "decidiu observar imediatamente um cessar-fogo e pôr fim a todas as operações militares", disse Kussa numa conferência de imprensa em Tripoli.
Muammar Kadhaf, por seu ladoqueixou-se de um dos seus ministros por, alegadamente, ter feito uma "declaração que criou a ideia generalizada de um conjunto de factos que temos vindo a perceber que não são reais". Acrescentando mesmo: "Só no domingo à noite, é que percebi que o famoso congelamento das pensões sociais não constava do conjunto das medidas anunciadas". 
"Espero que o bom senso prevaleça, que haja responsabilidade e que os partidos não atirem o nosso país para uma crise política que é uma aventura", defendeu aos jornalistas. "Lamento que esses partidos nem sequer se disponham a negociar. A diferença é essa: uns têm abertura para negociar, outros dizem que estão irredutíveis", acusou.
"Não contribuiremos de nenhuma forma para uma crise política", disse a concluir.
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Thursday, March 17, 2011

Entra de costas para parecer que vai a sair

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Vou ausentar-me durante uma semana. Será então que provavelmente a bronca vai estalar.
Há quem tome o avião para sair do Japão antes de ser atingido por alguma nuvem radioactiva, eu parto por já não suportar os jogos indecentes com que se entretêm certos políticos.

Relativamente à ajuda externa o governo aplica um método muito popular entre nós: "entra de costas para parecer que vai a sair". E enquanto entra vai gritando que jamais aceitará tal coisa.
Assusta-nos com os malefícios hipotéticos do FMI, que não sabemos quais são, ao mesmo tempo que despeja sacrifícios "à moda de Bruxelas", bem concretos, sobre as nossas cabeças.
Como se houvesse algo pior do que esta incompetência em lume brando.

As eleições que se perfilam no horizonte podem criar-nos alguns problemas, é certo, mas são a única forma de tentarmos sair do cerco de mentiras em que nos encontramos.
E se das próximas eleições não resultar um governo suficientemente forte e patriótico então que venha o FMI, ou seja quem for, pois a nossa incapacidade de nos governarmos não merece perdão.

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Só faltam nove dias para isto acabar e voltarmos a ler livros

Comentário de um arquétipo ao post anterior:

«Anónimo disse...
Óbvio, entre isto e os russos que metem aqui 50 milhões por amor Sporting, venha o diabo e escolha.

Por amor de deus, tu queres o Inácio a director? Mais o Virgílio?

Eu percebo que gostem de ouvir o rapaz, que o rapaz anime o espírito num debate face ao iPdad do Godinho e o Ba ba baltazar. Mas russos? Com 50 milhões? Só porque sim? E não podem vir cá os russos a Lisboa se isto tanto lhes interessa? É preciso o Bruno ir a Moscovo? E a CMVC come o fundo sem chatices?

Mais o Inácio e o Virgílio na estrutura directiva? Não se arranja mais ninguém? Mais os gritos histéricos de defesa do Eduardo Barroso?

Isto tem pouco de Obama, pá.
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Isto é útil. Vamos respirar fundo e dialogar.
Antes de mais, e começando pelo fim, eu nunca participei em duas eleições pelos mesmos motivos. Umas eleições servem para eleger alguém espectacular, outras para eleger alguém adequado, outras para derrotar as Forças de Satanás, outras para impedir a vitória de um candidato deprimente, bastando para isso votar em alguém que seja um bocadinho menos deprimente. Não se vota só para eleger o Obama. Nem os meus quatro votos nestas eleições servem só para eleger o Bruno de Carvalho e "querer" o Inácio e o Virgílio na estrutura directiva; servem igualmente para não eleger os outros, e para "não querer" o Futre, o Zico, o Paulo Pereira Cristóvão, o Carlos Barbosa - e o Cunha e Vaz, que tem coordenado a campanha de Godinho Lopes com esta eloquência. Especialmente os últimos três, eu não os quero associados ao Sporting nem besuntados em maionese. Mas vamos às objecções.

«Mas russos? Com 50 milhões? Só porque sim?»

Um clube na situação do Sporting tem três maneiras de arranjar dinheiro para financiar uma equipa de futebol: ou consegue mais crédito da banca, agravando o passivo; ou vende 3 ou 4 activos por valores que lhe permitam reinvestir em 8 ou 9, com lucro financeiro e ganhos qualitativos; ou encontra investidores externos dispostos a fazer o que, nesta altura, não deixa de ser um investimento de risco. Activos valiosos não temos nem um, portanto sobram duas alternativas. Vejamos então como os três candidatos à presidência do Sporting propõem resolver o problema (digo três candidatos, porque o Abrantes Mendes é o Garcia Pereira, e porque, apesar de admitir a forte hipótese de o Pedro Baltazar não ser tão pateta como parece - ninguém pode ser tão pateta como ele parece - também acho que não deve andar muito longe):

Godinho Lopes - Disse que o Sporting precisa de 100 milhões a curto prazo, incluindo 40 para reforçar a equipa já no Verão. Garantiu também já ter esses 100 milhões. Explicou como? Não. Mas como nunca disse em voz alta a palavra "russos", está tudo bem, e não vale a pena ter dúvidas sobre a palavra de alguém com tanta credibilidade.

Dias Ferreira - Começou por dizer que o Sporting "terá um orçamento", que será feito por ele, ou por outras pessoas, não há crise, a malta desenrasca-se. Agora já veio dizer publicamente que a única solução realista passa por "investimento estrangeiro". Há algum problema com isto? Evidentemente que não, pois a palavra "russos" nunca foi utilizada, e os investidores estrangeiros talvez sejam do Canadá ou das Ilhas Vanuatu.

Bruno de Carvalho - Anunciou muito cedo um fundo fechado de 50 milhões de euros para investir no futebol. Admitiu que palmou a ideia ao Braz da Silva, porque a ideia não só tem sido usada com sucesso por outros clubes, como é a única forma de financiar aquisições sem recorrer ao BES ou a um mecenas qualquer. Não inventou a pólvora. Estamos a falar de um método de financiamento semelhante (embora com algumas diferenças) ao que permitiu ao Benfica ter o Ramires durante 2 anos. É verdade que envolve russos, ao contrário do Benfica Stars Fund, que envolve iranianos e angolanos. Aqui compreendo a perturbação de muitas pessoas, pois como se sabe o Rasputine era russo, tal como o Lenine, o Beria, o Yuran, o Kulkov, o inventor do morteiro, e aquele soldado psicótico do Guerra e Paz que embriagava ursos em casa.
Isto não é solidariedade entre nações irmãs, nem é uma obra de caridade. É um investimento que, como qualquer investimento, implica perdas se correr mal e ganhos se correr bem. O sucesso do mesmo depende das mesmas variáveis de outros acordos semelhantes: os jogadores adquiridos terão de ser bons, e pelo menos alguns deles terão de ser revendidos por verbas superiores. É só isto.

«E não podem vir cá os russos a Lisboa se isto tanto lhes interessa? É preciso o Bruno ir a Moscovo?»

Outro mistério terrível. O Bruno de Carvalho prometeu com muita antecedência que ia apresentar os investidores no dia 16 de Março. Acontece que os investidores só teriam disponibilidade para estarem todos em Lisboa no dia 21. Não querendo falhar uma promessa, o Bruno de Carvalho decidiu ir a Moscovo para os apresentar no dia anunciado. Porquê? Epá, porque pode, tendo um passaporte. Ter um passaporte é muito útil nos dias que correm. O director-desportivo da lista do Godinho Lopes, por exemplo, não podia ter ido a Moscovo, pois está com termo de identidade e residência.

«E a CMVC come o fundo sem chatices?»

Presumo que a CMVC seja a Câmara Municipal de Vale de Cambra, mas não percebo o papel da mesma nesta questão. É possível que estejamos a falar da Comissão do Mercado de Valores Imobiliários, mas, ao contrário do que a excelente e ultra-competente imprensa desportiva tem dado a entender, esta também não tem qualquer relevância para isto. Descobriu-se agora que os "fundos" demoram 6 meses a ser mastigados, digeridos e aprovados pela CMVM, e o facto de o fundo conter essa tóxica substância pelo nome de "russos" talvez alargue o prazo para anos e anos.
Meia hora no google e no site da CMVM é suficiente para perceber que nada disto é relevante. O regime jurídico de facto fala nos prazos citados pelo Record, mas os mesmos referem-se a "organismos de investimento colectivo", que são fundos de investimento abertos a subscrição pública por investidores indeterminados, que se dirijam a pelo menos 100 investidores, e precedidos por actividades de prospecção e promoção. Acho que o Benfica Stars Fund funciona nesses moldes, mas o "fundo" apresentado pelo Bruno de Carvalho não partilha nenhuma destas características. A recolha de capitais não se fez por subscrição pública. É um fundo "fechado", só com três investidores, não estando por isso sujeito ao mesmo regulamento, nem precisando de autorização prévia da CMVM ou da Câmara Municipal de Vale de Cambra.
Admito que se tenham dúvidas sobre isto; eu próprio talvez tivesse mais dúvidas, não fosse a blindagem fornecida pela minha iliteracia económica. Mas no que diz respeito a métodos de financiamento, a candidatura do Bruno de Carvalho é a única sobre a qual é possível ter dúvidas, por ser a única que até agora deu pormenores concretos. Sobre as outras não há nada. Temos uma pessoa a falar em termos vagos em "investimento estrangeiro"; outra a falar em termos ainda mais vagos em 100 milhões de euros, sobre os quais se limita a explicar que "tem as condições necessárias para obter esse montante através da apresentação de um projecto credível"; e temos o Bruno de Carvalho que explicou quanto, como, de quem, e para quê. Mas ele é que é o problema, ele é que é um embuste e um aventureiro perigoso. Não percebo, juro que não percebo, mas estou aqui até dia 26, disponível para ser esclarecido.

Remédio Santo




O senhor Anacleto tem 95 anos. Foi professor e exerceu a sua profissão durante mais de 50 anos. Enviuvou há dois e desde então, de mês a mês, pontualmente como o relógio grande que antes marcava as horas na sala da sua casa, muda de uma casa para outra entre os seus cinco filhos. Recusa-se a viver num lar, não quer empregados em casa e a solução encontrada de comum acordo passa pela estada temporária em casa de cada um dos filhos. Do Algarve até ao Minho, porque nenhum vive nas ilhas, o senhor Anacleto lá vai cumprindo as suas periódicas visitas, levando consigo a mala e nesta os remédios de que necessita.
Estava há dias com uma das filhas na urgência. Uma queda na rua e algumas dores nas costas. O médico que o atende pergunta-lhe pela medicação e ouve-o sem surpresa enumerar a cor de quatro ou cinco comprimidos diferentes. Como muitos idosos (e outros nem tanto), e apesar da excelente memória, recusa-se a fixar o nome da medicação. A filha apercebe-se de que na lista parecem faltar alguns e recorda-lhe um outro branco pequenino e umas cápsulas castanhas, ao que o idoso aclara tratar-se dos medicamentos do cardiologista e esse é do consultório privado e estão num serviço público, e acrescenta haver ainda uns outros de que nem sabe cor nem formato porque lhe foram receitados há cerca de quinze dias na urgência do hospital da localidade onde estava — e a que recorrera por dor abdominal.
Bem vistas as coisas, e sem nenhum espanto para os médicos que habitualmente lidam com estes doentes, o senhor Anacleto estaria a tomar, no mínimo, entre sete a dez medicamentos, prescritos por diferentes clínicos em diferentes contextos (clínica privada, centro de saúde, urgência hospitalar), sem que nenhum soubesse dos restantes, porque a listagem total da medicação não é visível ao abrir um processo clínico informatizado, a menos que tenha sido prescrita naquela instituição ou com aquele programa. Não é também improvável que do conjunto dos vários medicamentos alguns fossem exatamente iguais aos outros, diferindo apenas na cor, no nome ou no laboratório que os produziu, com o consequente risco para a saúde do doente e aumento dos custos (imediatos — no momento da compra — e diferidos — pelas complicações que daí podem resultar) para o Serviço Nacional de Saúde.
Provável é também que alguns entre si fossem incompatíveis ou que a sua associação devesse ser criteriosamente pensada ou até excluída, pois poderiam anular ou potenciar os efeitos uns dos outros, tornando-se assim ineficazes ou, pelo contrário, com um maior efeito do que seria de esperar. Isto caso se soubesse o que o doente estava a tomar, o que na atualidade e face às presentes circunstâncias é quase totalmente impossível. Quando a necessidade de contenção de custos é notória, o envelhecimento populacional é uma realidade, a informatização do serviço público de saúde está a avançar, a informática parece encontrar uma solução para (quase) todos os problemas, não será possível encontrar um ponto comum entre os vários programas instalados e cruzar em tempo real informação vital como é a da medicação, ao menos no serviço público, melhorando a prestação de cuidados a uma população cada vez mais idosa, com mais problemas de saúde, com menos recursos económicos e, por acréscimo, à população em geral?
Acredito que ao consegui-lo, ainda que com custos imediatos muito grandes, se poupariam muitos milhões de euros inutilmente gastos na atualidade e se melhoraria em muito a saúde das populações. Era, provavelmente, ‘remédio santo’. 
Artigo da Dra. Cristina Galvão, Publicado no Expresso 12.03.2011

Aqui está uma excelente análise de uma realidade que eu observei directamente durante muitos anos enquanto os meus pais foram vivos. 
O que é dito para os medicamentos acontece também com os exames complementares de diagnóstico. Médicos sucessivos prescrevem exames similares por desconhecerem que já foram feitos.
Ao contrário do que os defensores ideológicos do SNS defendem, prova-se que os custos podiam baixar significativamente sem se reduzir a quantidade e qualidade dos serviços prestados aos doentes/utentes.
Defender o SNS é, no essencial, garantir que os seus custos permanecem controlados e ao alcance de Orçamentos do Estado cada vez mais exíguos.

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De pequenino se torce

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DN 14.03.2011

"De pequenino se torce o pepino" e se ensaia a promessa demagógica.
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Wednesday, March 16, 2011

Não há palavras

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(AP Photo/Kyodo News)
(AP Photo/Kyodo News)
(AP Photo/Kyodo News)
(AP Photo/Kyodo News)

A meia centena de homens e mulheres que permanecem em trabalhos no interior da central nuclear de Fukushima, a combater as consequências do desastre, já foram apelidados de heróis. São engenheiros, técnicos, bombeiros e operários conscientes do perigo que representa o nível de radiações a que estão sujeitos. (Expresso)


Não sei que palavras usar perante esta enorme coragem com que os japoneses enfrentam a imensa tragédia.


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Mais um à rasca

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Tuesday, March 15, 2011

É um suspiro que será dado por mim. Hei-de saber arranjar um esquema para suspirar.

«Que dinheiro teria disponível para contratação de jogadores para a próxima época?

Não sei, mas não estou muito preocupado. É um orçamento que será feito por mim. Hei-de saber arranjar um esquema para saber montar... e se não souber, saberão outras pessoas por mim. Há esquemas de engenharia financeira para montar uma equipa competitiva.»

(Dias Ferreira, entrevista ao SOL, 11/03/2011)

Vales e Azevedos

«Bruno de Carvalho não tem passado no Sporting - parece que tem uma secção de hóquei em patins, contra a qual nada tenho. O que está em causa é que a sua ligação a um projecto de sucesso no Sporting não existe, e, além disso, na sua vida particular deixa muito a desejar. Acho inacreditável aparecerem Vales e Azevedos de terceira categoria, que não têm nível sequer para serem Vales e Azevedos.»

(Godinho Lopes, O Jogo, 11/03/2011)


«Onze anos depois, um dos processos mais longos da justiça portuguesa chega ao fim com a absolvição dos quatro arguidos. O tribunal não encontrou prova suficiente para condenar pelo crime de corrupção os responsáveis pelo fretamento de três navios-hotel na Expo-98.
(...)
O colectivo da 5ª Vara Criminal de Lisboa concluiu que não foi feita prova, mas não deixou de vincar que as dúvidas subsistiram, nomeadamente em relação à conduta de Godinho Lopes e Januário Rodrigues. No entanto, como salientou a juíza Cristina Cerdeira, em caso de dúvida a decisão "abona sempre o réu".
(...)
O tribunal entendeu que não foi reunida prova suficiente para condenar os dois arguidos, mas a juíza asseverou que também neste caso ficou com dúvidas, por exemplo no que concerne a uma alegada transferência de um milhão de euros que Godinho Lopes terá realizado: "Não ficou provado que tal dinheiro fosse para pagar qualquer comissão. Ficaram algumas pontas soltas"

(JN, 31/07/2010)

Go Home

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Emprestado por wehavekaosinthegarden.blogspot



Ele nunca devia invocar a sua legitimidade eleitoral pois ganhou as eleições em 2009 com base numa gigantesca mentira. Omitiu e ocultou o sufocante endividamento do país e prometeu obras faraónicas.
Ele devia perceber que a sua saída se tornou imprescindível na medida em que a maioria dos portugueses já não confia nas suas palavras. É cada vez mais penoso assistir à esquizofrenia dos seus discursos que alternam, trimestralmente, o optimismo delirante com a inevitabilidade dos PECs.
Agora, em mais um golpe de habilidade, vendeu um PEC à Europa, à revelia, e espera entalar os adversários com o facto consumado. Quando lhe disserem que não, demitir-se-á e dirá que não o deixaram salvar o país.

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Monday, March 14, 2011

China supera EUA como maior potência industrial

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WASHINGTON — A China destronou os Estados Unidos em 2010 e se tornou a maior potência manufatureira do mundo, segundo um estudo do centro de pesquisas econômicas IHS Global Insight.
A produção industrial da China representou 19,8% da produção manufatureira mundial em 2010, enquanto a parcela dos Estados Unidos representou 19,4%, segundo o IHS.
De acordo com o estudo, o valor agregado da produção industrial chinesa alcançou 1,995 trilhão de dólares (correntes) em 2010, contra 1,952 trilhão de dólares para os Estados Unidos.
"A produção manufatureira americana registrou uma forte recuperação em 2010, com um crescimento de 12,6% em valor agregado", destaca o IHS, mas o crescimento maior na China e a valorização do yuan em comparação ao dólar permitiram à República Popular da China superar os Estados Unidos.
O estudo destaca, no entanto, que a produtividade continua sendo bem superior nos Estados Unidos: "com 11,5 milhões de trabalhadores, o setor industrial americano produz quase o mesmo valor registrado pelo setor industrial chinês com 100 milhões de trabalhadores".
Fonte: AFP
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Sunday, March 13, 2011

Carta aberta à geração “à rasca”

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Nasci há 65 anos num país onde não se podia criticar o governo. Os melhores filmes só se podiam ver no estrangeiro. Os melhores livros só por baixo da mesa e a olhar por cima do ombro.
Juntei-me humildemente aos que lutavam para acabar com tal estado de coisas e vivi durante anos no pavor de ser descoberto.
A meio do meu curso universitário, aos 22 anos, mandaram-me para a guerra “defender as províncias ultramarinas”. Lá estive dois anos a arriscar a vida, sem jornais, sem televisão e sem sequer imaginar o que viria a ser um telemóvel.
O Maio de 68 chegou atrasado e requentado ao país dos mosquitos em que passava a minha melhor juventude.
Quando voltei, com 25 anos, estava a leste da realidade do meu país e a maior parte dos meus amigos tinham-se dispersado pelas periferias e nunca mais voltámos a conviver regularmente.
Arranjei realmente um bom emprego mas aos 29 anos encarceraram-me a mim e à minha mulher. Por pouco levavam também o meu puto de 3 anos.
O 25 de Abril tirou-me da cadeia e impediu que eu perdesse tudo quanto tinha construído até então. O resto da história já vocês, melhor ou pior, conhecem.

Durante todo esse tempo nunca me passou pela cabeça declarar-me parvo ou vir para a rua dizer que estava à rasca. O estado do país preocupava-me demasiado para me procupar com a minha própria pessoa.

Conto-vos isto para vos convencer de que não há razões para desesperar.
Acho bem que se manifestem mas acho que isso não chega. E não levem para lá os vossos pais pois eles já têm problemas da coluna, e outros. Vendo bem eles são o vosso principal seguro de vida e não convém que se vão abaixo enquanto podem receber a pensão de reforma.
Não há ninguém que possa resolver o vosso problema. Nem o governo, mesmo que quisesse (o que é duvidoso). Nem as empresas que, como é da sua natureza, só vos contratarão se entenderem que podem ganhar dinheiro com isso.
O governo não tem dinheiro para mandar cantar um cego e não estou a ver o Belmiro a contratar uns milhares de sociólogos e de especialistas em relações internacionais.

Não queiram ser como os vossos pais. Não se resignem a uma vidinha de empregados por tuta e meia que sonham comprar um carrito e um T3 para os lados da Buraca.
Vocês é que têm que criar um mundo diferente, uma sociedade de novo tipo.
Ponham bombas, recusem os empregos marados e tornem-se hippies, boicotem produtos e empresas, criem cooperativas e mostrem-lhes o que valem.
Em suma façam qualquer coisa.
Mas por amor de Deus não fiquem à espera de que alguém resolva os vossos problemas.

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Thursday, March 10, 2011

Resumidamente

O regime já está a mudar



Sem se falar muito nisso o regime já está a mudar. O Presidente está a deixar de ser a tradicional figura veneranda que todos respeitavam.
A III República, em vigor desde 1974, mesmo quando os presidentes começaram a ser civis provenientes dos partidos, tinha sempre assistido a uma atitude respeitosa para com os detentores do cargo.
A direita soube respeitar Mário Soares e Jorge Sampaio mesmo quando eles tomaram medidas que podiam ser interpretadas como favorecimento às suas cores. Sampaio sofreu até mais da parte dos seus correlegionários do que dos seus adversários (são inesquecíveis os impropérios boçais de Ana Gomes quando Sampaio aceitou nomear Santana Lopes em comparação com as brandas reacções da direita perante a demissão do seu governo que se apoiava numa maioria parlamentar).

Com Cavaco tudo está a mudar. A "esquerda" socialista, que se julgava detentora do exclusivo presidencial, não consegue engolir o sapo apesar de este sapo não lhe ter criado grandes problemas.
Em 2006 Mário Soares abandonou o parlamento sem cumprimentar Cavaco na tomada de posse.
Sócrates, em 2011, quebrou acintosamente o protocolo e recusou-se a ser o primeiro a cumprimentar o empossado.
Mas estes gestos protocolares são apenas o coroar de uma longa campanha mediática destinada a desacreditar Cavaco apresentando-o como um vigarista.

Esta esquerda desnorteada e impotente não hesita em desacreditar a própria democracia para salvar um chefe conjuntural que a história guardará como um perigoso mitómano.
Quem não tem estofo para respeitar as escolhas do povo português, quem envereda por uma política de terra  queimada, não tem legitimidade para se considerar democrata.

O futuro dirá aonde nos leva mais esta irresponsabilidade.

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Wednesday, March 9, 2011

Então e a Quinta da Coelha?

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As palavras mais frequentes no discurso de tomada de posse de Cavaco (PÚBLICO)

Para meu grande espanto não se ouviu, da parte dos ilustres convidados, qualquer referência aos problemas cruciais de Portugal: a "Quinta da Coelha" e as "Acções do BPN".  Deviam ter convidado os "Homens da Luta".

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Não conspurquem o canto de intervenção

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Não me perturba nada que tenham ganho o festival. Estou-me nas tintas para o festival.
O que me perturba são os personagens, o "gel" e o outro. Representam o que de pior teve o PREC. Radicalismo boçal, pouco politizado.
Uma transferência demasiado rápida dos candidatos a galãs de bairro para a militância revolucionária.
Depreciam a luta, depreciam o (sublime) canto de intervenção português (um deles, com a sua boina e os seus óculos, tenta até imitar a imagem do Zeca Afonso).
Instilam uma imagem deplorável no espírito de quem não viveu Abril.

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Carnavais

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Se quer ver imagens do desfile do Domingo de Carnaval em Sines clique AQUI.

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Saturday, March 5, 2011

Chega de Deolinda

Friday, March 4, 2011

CCPPC

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Está a decorrer em Pequim a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, que reune cerca de 2000 cidadãos. Ainda um dia hei-de perceber como funciona o complexo sistema político chinês.
É um tema que todos nós precisamos, cada vez mais, de compreender. Aqui fica o que a Wikipédia diz acerca da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês:


A Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (中国人民政治协商会议, em chinês; Zhōngguó Rénmín Zhèngzhì Xiéshāng Huìyì, em pinyin), ou CCPPC, é um organismo consultivo político da República Popular da China. A entidade é formada por membros e não-membros do Partido Comunista da China (PCC), os quais debatem os princípios do comunismo chinês e, ocasionalmente, criam novos organismos governamentais. Seus membros são selecionados pelo PCC. Normalmente, a CCPPC convoca reuniões anuais que coincidem com as reuniões plenárias do Congresso Nacional Popular.
A CCPPC data de antes da criação da República Popular da China. Durante negociações entre o PCC e o Kuomintang em 1945, os dois partidos concordaram em convocar uma reunião multi-partidária acerca das reformas políticas do pós-guerra, na forma de uma Conferência Consultiva Política. A primeira conferência foi convocada pelo governo nacional em 10-31 de janeiro de 1946, em Chongqing, com a participação daquelas duas agremiações, ademais de representantes independentes e do Partido da Juventude Chinesa e da Liga Democrática Chinesa.
Em 1949, após tomar o controle da maior parte da China continental, o PCC organizou uma nova conferência, em setembro, ao convidar representantes de partidos amigos para debater a criação de um novo Estado. Esta reunião, que recebeu então o nome de Conferência Consultiva Política do Povo, aprovou o Programa Comum, que serviria de constituição de facto pelos cinco anos seguintes, e o hino nacional, a bandeira, a capital e o nome do novo Estado, além de eleger o primeiro governo da RPC. Na prática, a primeira CCPPC funcionou como uma assembléia constituinte.
De 1949 a 1954, a conferência operou como o poder Legislativo de facto da RPC. Naquele ano, a constituição transferiu esta função ao Congresso Nacional Popular.
Atualmente, o CCPPC não está expressamente previsto na constituição da RPC, mas exerce uma função semelhante à de uma Câmara Alta do poder Legislativo nacional. Há propostas para formalizá-lo na constituição.
Esta conferência consultiva tem um "Comité Nacional", que é o seu núcleo duro, isto é, o seu centro de poder.

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Thursday, March 3, 2011

A geração que desenrasca


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Mas há também uma “geração que desenrasca” quando a outra está “à rasca”.
Muitos avós vão buscar os putos à escola. Tomam conta deles algumas horas, ou mesmo o dia inteiro, quando estão doentes e não podem ir à escola.
Ajudam, de uma forma ou de outra, a pagar a casa, os colégios e a natação ou as aulas de música. Estão sempre lá quando surge o desemprego, o divórcio ou a doença.
A precariedade dos mais novos só ainda é suportável porque os mais velhos acumularam toda a vida em vez de gastar. Mesmo agora os mais velhos têm uma vida mais frugal do que os seus rendimento permitiriam porque pressentem a vulnerabilidade dos seus no futuro. Para além do ataque das mazelas da idade ainda têm que sofrer com a insegurança dos filhos e netos.
Em suma, a guerra de gerações faz pouco sentido. Atacar os rendimentos dos mais velhos pode ter efeitos catastróficos.
Estou certo de que muitas famílias, no seu conjunto, verão o seu estatuto económico cair acentuadamente quando o patriarca morrer e deixaram de poder contar com a sua confortável reforma.
Portanto a “geração que desenrasca”, para além de tudo o mais tem que cuidar bem da saúde, praticar exercício e alimentar-se correctamente. Dada a precariedade da “geração à rasca” a “geração que desenrasca” não se pode dar ao luxo de morrer cedo.

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Tuesday, March 1, 2011

Carreiras académicas com sorte desigual

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O ministro da Defesa da Alemanha, Karl-Theodor zu Guttenberg, pediu demissão hoje após a revelação de que sua tese de doutorado tinha trechos plagiados. O escândalo abalou a carreira do político, visto como um dos mais promissores entre os jovens na política do país europeu.
Guttenberg disse hoje, no Ministério da Defesa, que estava entregando seu cargo à chanceler Angela Merkel. Ele definiu essa ação como "o passo mais difícil de minha vida", mas a fúria de pesquisadores e parlamentares da oposição após a descoberta de que muitos trechos da tese de 2006 haviam sido copiados sem citação das fontes impediu sua capacidade de cumprir suas tarefas. "Eu estou sempre disposto a brigar, mas alcancei o limite de minhas capacidades", afirmou ele.
O apoio popular a Guttenberg permaneceu alto, mesmo com o escândalo por plágio que surgiu há duas semanas. Mas a pressão da academia e da oposição pela renúncia cresceu bastante. A Universidade de Bayreuth, onde ele havia recebido o doutorado com honras em 2007, revogou seu título. Alunos de doutorado publicaram uma carta aberta pela renúncia do ministro, firmada por mais de 50 mil pessoas na internet.
Estadão.com, 01.03.2011

Parece que a chanceler Merkel, bastante afectada por esta demissão, chamou Sócrates a Berlim, hoje,  para lhe perguntar como é que ele se conseguiu aguentar no cargo, depois de ter sido conhecida publicamente a sua carreira académica.

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