Friday, July 20, 2007

Por culpa de Fidel

Não é “um grande filme”, mas vê-se bem e faz-nos pensar. Principalmente àqueles que viveram naquele mesmo período acontecimentos daquele tipo e facilmente se recordam como protagonistas de histórias semelhantes.

Se tomarmos como ponto de focagem as duas crianças, nomeadamente a quase adolescente Anna, poderemos começar por pensar que se está perante um processo normal de crescimento, em que elas são confrontadas com modelos diferentes de comportamentos na família e nos grupos sociais onde estão inseridas, sendo apenas incidental o facto de neste caso essas diferenças terem raiz politica.

E penso que assim é, mas com uma ressalva: esse carácter politico não é indiferente, porque permite não só pôr em perspectiva as acções dos adultos através da evolução das crianças, mas também questionar um dos mais importantes “nós górdios” das ideologias ou, mais simplesmente, das tomadas de posição: a certeza.
Permite-nos também reflectir sobre os motivos que levaram cada um de nós a seguir por um caminho e não por outro (reflexão muito oportuna, agora que florescem os livros de memórias!), e sobre o real contributo que muitas acções, executadas sem duvida com entusiasmo e espírito generoso, acabaram por ter para os objectivos que se pretendia atingir.

No final do filme, em contraponto à sensação de inutilidade que aquele grupo de activistas sente perante a queda de Allende, perfila-se Anna que aprendeu, entre outras coisas, que “espírito de grupo” não é o mesmo que “carneirada”, que não há certezas absolutas e definitivas e que o mais importante é sempre decidir pelo nosso próprio juízo critico.
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