Wednesday, May 7, 2008

1968




É o ano da «explosão» da contes­tação total: a da juventude contra a sociedade, a dos negros contra os brancos, a dos comunistas contra Moscovo, a dos católicos contra o Vaticano...
Acaba o pacifismo: Martin Luther King é abatido a tiro, em Memphis; as "panteras negras" manifestam-se nas olimpíadas do México; Robert Kennedy, outro norte-americano conhecido pelas suas posições a favor da integração racial, antigo braço direito do seu ir­mão John Kennedy enquanto este foi presidente dos Estados Unidos, é igualmente abatido a tiro.
Em Fevereiro a ofensiva do Tet surpreende os americanos em 100 cidades e bases militares no Vietname. Na América os estudantes gritam «Get out of Vietnam» e põem Chicago de pernas para o ar em Agosto, durante a Convenção do Partido Democrático, com um balanço de 700 feridos.
Em França, a 4 de Maio, estudantes e professo­res da Sorbonne desencadeiam uma greve que alastra por todo o país. E quase a guerra civil. A Fran­ça está paralisada, combate-se nas ruas de Paris; Mao, Mihn e Guevara são os «heróis», Daniel Cohen-Bendit, lider do «Maio de 68» fala de «democracia directa».
Marcuse é o teólogo do movi­mento, tanto como Malcolm X é da revolta dos negros ou o checoslovaco Dubcek do «não» a Moscovo.
Uma gigantesca manifestação de apoio a De Gaulle, a 30 de Maio, a que se seguiu a maior maioria absoluta da história da democracia Francesa, nas eleições de Junho, acabaram com a experiência que ainda hoje é recordada com emoção por todos aqueles que a viveram.
Se a França vive o seu "inverno social e político», a Checoslováquia respira «Primavera». A Primavera de Praga como ficou conhecida a libe­ralização lançada pelos dirigentes comunistas checoslovacos que ou­sam dizer «não» ao Kremlin, «abrin­do-se» a Ocidente: no dia 20 de Agosto, tanques do Pacto de Varsó­via invadem a Checoslováquia e, pe­la força, põem termo a tanta ousadia.
Em Setembro, a Inglaterra pode assistir à estreia do musical «Hair» sem qualquer obstrução à ideia ori­ginal dos seus autores: tinha sido abolida a censura teatral e o nu su­bia ao palco tal como nos Estados Unidos.
O cosmonauta norte-americano Frankie Bornam lê os primeiros versículos do «Génesis» a dois pas­sos da Lua. Nasce a "Teologia da Libertação" na Assembleia do Episcopado Latino-Americano.
Em Portugal, vítima de queda, Salazar é hospitalizado a 7 de Setembro. 19 dias mais tarde, em comunicação ao País, Américo To­más põe termo aos 40 anos de po­der do ditador de Santa Comba. No­meia Marcelo Caetano para substi­tuir Salazar. E o substituto diz: «quero os portugueses todos uni­dos, mas sem pactuar com o comunismo».
Mário Soares é deportado para S. Tomé e um grupo de católicos desafia o regime numa vigília na Igreja de S. Domingos em Lisboa. A RTP 2 inicia as emissões e Cardoso Pires publica "O Delfim".

«2001 Odisseia no Espaço» de Kubrick, «Bullit», «Rosemary's Baby», «The Thomas Crown Affair» são os filmes do ano, Steve McQueen a grande vedeta.

Dos Beatles vê-se «Yellow Submarine» e ouve-se «Hello Goodbye», «Hey Jude» (primeiros lugares nos Esta­dos Unidos e em Inglaterra) e «Lady Madonna» (1.° lugar em Inglaterra). «Hey Jude» é mesmo a canção do ano: 9 semanas em n.° 1 nos EUA.
A revelação chama-se Joe Cocker com a incomparável versão de «With A Little Help From My Friends» canção da autoria da du­pla beatleniana Lennon/McCartney. Pois, de quem havia de ser?
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Mesmo em 1968 o Maio de Paris está longe de ser, sem contestação, o facto mais relevante.

As razões desta cronologia estão explicadas aqui.

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