Monday, March 19, 2007

Conteúdos digitais sem espaço em 2010 ?



A manter-se o actual ritmo de produção de dispositivos para guardar conteúdos digitais, a informação produzida em 2010 será superior à capacidade de armazenamento no mundo.
De acordo com um estudo da multinacional IDC (que será apresentado em Lisboa na terça-feira), em 2005 foram produzidos 161 mil milhões de gigabytes (ou 161 exabytes) de dados digitais. Isto inclui, por exemplo, páginas de Internet, ficheiros nos computadores ou chamadas telefónicas - basicamente, tudo o que possa ser convertido em zeros e uns.
Os 161 exabytes de informação permitem comparações assombrosas: equivalem a três milhões de vezes o conteúdo de todos os livros já escritos na história da humanidade. Uma das razões para tão grande quantidade de informação é que muitos conteúdos - vídeos, e-mails, música - são replicados várias vezes.
Para 2010, os analistas estimam que o mundo gere 988 exabytes de informação digital, ao passo que a capacidade de armazenamento se ficará por uns meros 601 exabytes.
Não há, contudo, razões para alarme, garante o responsável pelo estudo. John Grantz, entrevistado pela Time Online, explica que nem todos os dados produzidos ao longo de um ano são guardados. É o caso dos telefonemas ou de parte dos e-mails. Por outro lado, os dispositivos de armazenamento estão a ficar cada vez mais baratos.
O investigador Daniel Gomes, da Universidade de Lisboa, explica que os preços variam consoante a tecnologia necessária. Para as empresas, que precisam de discos rígidos de rápido acesso, o preço por gigabyte é muito superior ao que paga o utilizador comum.
O espaço físico para alojar a informação também não deverá ser problema. Daniel Gomes é um dos responsáveis pelo Tomba, um arquivo da Web portuguesa com 1500 gigabytes de dados, mas que parou de indexar páginas por falta de espaço. Toda a informação já recolhida está contida num computador cujo tamanho não excede o de um armário médio.
No futuro, prevê o investigador, será possível armazenar cada vez mais informação em espaços reduzidos: "Os cartões de memória das máquinas fotográficas têm o tamanho de uma unha e atingem quatro gigabytes. Há uns anos pensávamos que estávamos prestes a atingir o limite, mas surgem sempre novas tecnologias."

João Pedro Pereira in jppereira@publico.pt

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