Saturday, November 29, 2008

Somos todos "chineses"

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Serralves mostra uma fascinante retrospectiva de Juan Munoz, artista espanhol falecido em 2001. A peça mais importante é uma "instalação" denominada "Many times".

Imagine-se um átrio grande onde grupos de pessoas se encontraram e conversam. Acontece que, como em muitos outros trabalhos de Munoz, todas as pessoas representadas são como que uma só; um "chinês" de um metro e quarenta que ostenta um sorriso enigmático e que veste roupas incaracterísticas. Cinzento dos pés à cabeça.

Os visitantes podem circular por entre os grupos como se em S. Apolónia, num passe de mágica, todos os passageiros ficassem "congelados" de repente e nós circulássemos entre eles, observando as suas expressões sem que eles nos vissem a nós.

É uma experiência muito interessante de aproximação a uma essência humana que se repete sem fim. As expressões, todas iguais, dos rostos só adquirem significado pela pose do resto do corpo e pela posição que cada figura ocupa dentro do grupo.

Recomendo vivamente.

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Friday, November 28, 2008

Semana da Ciência e Tecnologia no Avesso do Avesso

Um comentário meu no Arrastão deu origem a uma discussão engraçada proporcionada pelo Vasco Barreto. Ainda pelo Vasco vale a pena ler A eterna assimetria.

Thursday, November 27, 2008

Uma praga muito para além dos pinheiros

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"A erradicação do nemátodo do pinheiro em Portugal "já não será possível" e na região Centro estão afectados mais de cem mil hectares, foram ideias hoje defendidas no âmbito de um seminário, em Coimbra.
Na opinião do presidente da Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais, Vasco Campos, a situação "é muito preocupante e não tem merecido a devida atenção".
"Na região Centro (onde foram detectados dois novos focos), são centenas de milhares de árvores, seguramente mais de cem mil hectares", declarou Vasco Campos aos jornalistas, após intervir no seminário sobre "Nemátodo da Madeira do Pinheiro - Que futuro para a floresta de pinho em Portugal". O nemátodo da madeira do pinheiro é uma doença causada por um verme microscópico transportado por um insecto que contamina as árvores por onde passa, afectando sobretudo a copa e os ramos. "
PÚBLICO, 26.11.2008

Quem, como eu, tem acompanhado desde 1999 a evolução deste problema e a inépcia dos "organismos competentes" não pode deixar de se sentir revoltado.
Há nove anos havia casos isolados, no distrito de Setúbal, que foram encarados com desleixo quando ainda era possível a erradicação da praga se se adoptasse medidas imediatas.

Depois, ao longo dos anos, foram aparecendo árvores afectadas cada vez mais a Sul pelo concelho de Grândola, até Sines pelo menos. Os abates das árvores "doentes", que deviam ter sido coordenados pelo Ministério da Agricultura, faziam-se com grande atraso e de forma errática.
Sei do que estou a falar pois vi pinheiros no meu próprio quintal na zona de Melides adoecer, definhar e morrer sem que as "entidades responsáveis", entretanto alertadas, tivessem reagido.

Quando a área afectada já era muito grande surgiu um plano para a isolar abatendo todos os pinheiros à volta da zona infectada numa faixa de pelo menos três quilómetros para inviabilizar a propagação. Era de tal maneira vasto e oneroso, este plano, que nunca mais se ouviu falar dele.

Depois foi o surgimento da praga no centro do país onde existem pinhais gigantescos. Agora parece já não ser possível qualquer acção eficaz e as consequências são brutais no plano económico e ambiental.

Anda toda a gente preocupada com assuntos que, quantas vezes, não valem um caracol e este crime é remetido para as páginas secundárias dos jornais.
Não me conformo com esta praga da impunidade.
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No Dia de Acção de Graças

Faz agora oito anos. Passei o Dia de Acção de Graças mais divertido da minha vida. Nem sequer fui para Boston nesse ano, como fiz noutros. Passei o Thanksgiving no campus da universidade onde estudava, numa residência universitária. Colegas meus de diversas nacionalidades (incluindo mesmo um americano que não foi ter com a família) que lá viviam organizaram o jantar. O peru estava óptimo, os vinhos e a companhia também. Senti-me em família, e a ideia do Thanksgiving é essa.
Quando usei o adjectivo "divertido", porém, tinha em vista outro aspecto mais pessoal. Aquele Dia de Acção de Graças foi mais divertido para mim do que para qualquer dos outros. Nessa tarde ocorrera um célebre jogo em Vigo. Os meus colegas ainda hoje se recordam do que eu dizia nessa noite: periodicamente, repetidamente, bebia mais um trago e exclamava "Benfica lost!" Era essa a dedicatória dos meus brindes. Era esse o motivo da minha especial diversão.
Nos EUA, de New Jersey à Califórnia, houve muitos portugueses especialmente divertidos nesse ano. Sportinguistas e portistas.
Este ano houve outra vez diversão especial no Thanksgiving para muitos luso-americanos. Desta vez foi foi para os benfiquistas.

Adenda: Sou, como é sabido, um defensor de Paulo Bento. Mas considero o resultado de 2-5 contra o Barcelona e a exibição de ontem escandalosos e inaceitáveis.

Adenda 2 (21:30): Parece que afinal o Dia de Acção de Graças dos benfiquistas voltou a não ser muito divertido (5-1 contra o Olympiakos)... O futebol português está uma miséria.

A esquerda actual

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Aparentemente sem que haja vontade suficiente e consequente para que apareça um novo partido político à esquerda, várias personalidades com filiação partidária no PS, no PCP e no BE envolvem-se em debates e iniciativas públicas para buscar respostas para a crise social e económica.
Assim, a 14 de Dezembro, um domingo, decorre na Aula Magna, em Lisboa, um debate sobre Democracia e serviços públicos, que junta o deputado do PS Manuel Alegre, o secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, a deputada do BE Ana Drago, e a militante socialista e presidente do conselho executivo da Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, Maria do Rosário Gama. No dia seguinte, dia 15 de Dezembro, à noite, no Hotel Zurique, também em Lisboa, realiza-se um debate plural sobre o tema Crise, oportunidade de viragem. Para onde queremos ir?, que reúne o ex-Presidente da República e enviado da ONU para luta contra a tuberculose, Jorge Sampaio, o deputado do PS António José Seguro, o ex-secretário-geral do PCP Carlos Carvalhas e o economista Ricardo Pais Mamede.
Já na segunda-feira passada o deputado socialista Paulo Pedroso e o líder do BE, Francisco Louçã, estiveram juntos no lançamento do livro de Celso Cruzeiro, intitulado A Nova Esquerda - Raízes Teóricas e Horizonte Político.
O debate de dia 14 de Dezembro vem na sequência da iniciativa que juntou, em Junho, no Teatro da Trindade, em Lisboa, Manuel Alegre e o líder do BE, Francisco Louçã. Agora os proponentes do debate garantem que mantêm a vontade de "quebrar tabus" e querem debater com todos os que entendem que "a defesa de serviços públicos modernos e de qualidade é um valor essencial da responsabilidade da República".
Esta sessão decorre durante todo o dia e estará organizada em vários painéis. De manhã os temas são Economia e Educação. O primeiro é moderado por José Castro Caldas e tem como oradores João Rodrigues, André Freire, Alexandre Azevedo Pinto e Jorge Bateria. Já sobre Educação Paulo Sucena modera as intervenções de Cecília Honório, Nuno David, José Reis e Jorge Martins. À tarde, o painel sobre Cidades é moderado por Helena Roseta e tem a participação de Manuel Correia Fernandes, Pedro Soares, Pedro Bingre e Fernando Nunes da Silva. O debate sobre Trabalho tem moderação de Manuel Carvalho da Silva e conta com Jorge Leite, Elísio Estanque e Mariana Aiveca. Por fim, o painel sobre Saúde é moderado por António Nunes Diogo e tem a participação de Cipriano Justo, João Semedo, Mário Jorge e Manuel Correia da Cunha.
PÚBLICO, 27.11.2008
Perseguindo uma miragem ?
A referência ao lançamento do livro de Celso Cruzeiro, em que estive presente, parece-me descabida (ver no "brumas").
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Wednesday, November 26, 2008

Quem resiste à crise, e como.

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Eric Schmidt, CEO da Google Inc.'s eKai-fu Li, presidente da Google China

"Pequim, 25 Nov (Lusa) - O crescimento da economia chinesa em 2009 deverá descer para 7,5 por cento, o nível mais baixo dos últimos 18 anos, segundo as previsões divulgadas hoje pelo Banco Mundial. No último relatório trimestral sobre a economia chinesa, o Banco Mundial prevê que o crescimento, este ano, será de 9,4 por cento, (menos 2,5 pontos que em 2007), interrompendo um ciclo de 5 anos consecutivos acima dos 10 por cento. Segunda aquela previsão, a descida vai acentuar-se no primeiro semestre de 2009, acompanhando o abrandamento das exportações chinesas. A última vez que o Produto Interno Bruto chinês cresceu abaixo dos 7,5 por cento foi em 1990, um ano após a sangrenta repressão movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, que isolou internacionalmente o país."

"A porta voz do Google, Jane Penner, afirmou que a companhia planeia reduzir significativamente o número de trabalhadores em outsourcing, mas não prevê a redunção de funcionários directos.
«Estamos a pensar, há algum tempo, antes da fase mais grave da crise económica, em reduzir significativamente o número de contratações outsourcing», anunciou Jane Penner.
O Google recusou-se a especificar quantos trabalhadores serão dispensados,e também não informou o ritmo a que a companhia irá empreender tal acção.
A companhia terminou o terceiro trimestre com 20 123 empregados e cerca de 10 mil trabalhadores em outsourcing.
SOL 27.11.2008"

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Ainda o Congresso Internacional Karl Marx (3)


Resolvi divulgar que a CULTRA disponibiliza online (aqui) os resumos das comunicações apresentadas no Congresso e que tinham sido publicadas também em papel para os congressistas.
Ao fazê-lo, e ao rememorar a experiência vivida no Congresso, ocorrerem-me sabe-se lá porquê as seguintes ideias interligadas:

- não vale a pena perder muito tempo a discutir se é possível, ou em que medida é possível, prever o futuro. Seja qual for a resposta a essa pergunta a verdade é que, todos os dias, cada um de nós tem inevitavelmente que tomar decisões que envolvem alguma antecipação de como o futuro será.

- alguém, não recordo quem, disse que os humanos se dividem em dois tipos base: os que acham que nada muda nunca, mesmo quando as transformações são profundas, e os que estão sempre a detectar mudanças mesmo quando estas são só epidérmicas ou cosméticas. Isso leva-me a pensar que o mais importante é sempre tentar perceber quais são as modificações que têm realmente importância.
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35 cientistas lêem "Poema para Galileo" de António Gedeão


Um vídeo feito - com o telemóvel! - pelo António Granado.

Está a decorrer entretanto a Semana da Ciência e Tecnologia. Vejam o programa aqui, por distrito.

Tuesday, November 25, 2008

Manuela "Ferrero" Leite

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O que a TV me ensinou ontem

" Já tem dois anos, não foi motivo de contestação e as federações sindicais de professores assinaram. É o modelo de avaliação de desempenho dos professores do ensino particular e cooperativo que está previsto no contrato colectivo de trabalho firmado com a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular.
Este modelo prevê uma avaliação que pode ser anual ou de dois em dois anos, se assim for acordado com a entidade patronal. Prevê a auto e a hetero-avaliação.
Os professores são avaliados tendo em conta as suas competências para leccionar, mas também as competências profissionais, de conduta, sociais e de relacionamento. No caso dos trabalhadores com funções de coordenação ou chefia, é ainda objecto de avaliação as competências de gestão.
A direcção pedagógica é a única que não é avaliada, enquanto estiver em funções "o serviço é bom e efectivo", diz a lei.
Primeiro é pedido aos docentes que preencham um conjunto de 11 páginas de grelhas, em que auto-avaliam os seus conhecimentos científicos e didácticos, a promoção da aprendizagem pela motivação e responsabilização dos alunos, a capacidade de adaptação, comunicação, planeamento, se procuram informação e actualizam os seus conhecimentos.
O docente é ainda questionado sobre a avaliação dos alunos, se trabalha em equipa, o envolvimento com a comunidade educativa e a relação com os estudantes e pais. De seguida, inicia-se a avaliação, feita pela direcção pedagógica da escola. Pode haver uma reunião com o professor para esclarecer a classificação e fundamentá-la.
No final, o seu nível de desempenho pode ser "insuficiente", entre 1 e 2; "suficiente" com nota 3; "bom" com 4 e 5 valores. Se não for considerada suficiente para efeitos de progressão ou se o professor não concordar, pode recorrer." Público 22.11.2008


Curiosamente esta questão da avaliação dos professores no ensino privado, com anuência dos sindicatos, nunca é referida nos debates. No mínimo devia-se tentar perceber se teve alguma consequência nos resultados dos alunos.

Ontem no "Prós e Contras" para mim ficou claro que há uma questão de fundo que transcende a guerra contra a avaliação. Chama-se Estatuto da Carreira Docente, ECD para os amigos.
A tentativa de diferenciar os professores com base no desempenho e de estruturar a carreira com a criação da figura do professor titular são os grandes "crimes" do ECD.
Contra esses "crimes", num processo que se compreende embora seja um pouco irracional, convergiram todos os motivos de insatisfação que as precárias condições de trabalho e os complexos desafios do ensino provocam.

Os professores estão habituados a um tratamento em massa. São realmente a única profissão onde as pessoas são colocadas a partir de uma lista como se constituíssem um reservatório único (imagine-se o que seria a colocação dos pedreiros, médicos, em suma todas as profissões, feita desta forma). Claro que se sucedem os protestos nestas tentativas de fazer uma justiça impossível.

Este igualitarismo infantil estende-se ao repúdio dos professores titulares e de ser avaliado por eles. Os potenciais avaliados declaram a incompetência dos avaliadores procedendo portanto, eles próprios, a uma avaliação ad-hoc de quem os devia avaliar.
Os eventuais erros na nomeação dos professores titulares não são a causa do problema; se os titulares fossem outros a recusa seria justificada de outra maneira.

A grande questão subjacente é a negação de qualquer sistema hieráquico por parte dos professores. Tal negação, como se tem visto, vai até ao nível da ministra.
E eu pergunto: como é que estas pessoas para quem a autoridade e a responsabilidade hierárquica são repugnantes podem exigir o bom comportamento dos alunos ?
Talvez seja essa a explicação para a indisciplina que aflige as escolas.
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Chama-se «Inherent Vice» e parece que é um lively yarn num unaccustomed genre


O catálogo da Penguin para 2009 já tem um título e um resumo:

«It’s been awhile since Doc Sportello has seen his ex-girlfriend. Suddenly out of nowhere she shows up with a story about a plot to kidnap a billionaire land developer whom she just happens to be in love with. Easy for her to say. It’s the tail end of the psychedelic sixties in L.A., and Doc knows that “love” is another of those words going around at the moment, like “trip” or “groovy,” except that this one usually leads to trouble. Despite which he soon finds himself drawn into a bizarre tangle of motives and passions whose cast of characters includes surfers, hustlers, dopers and rockers, a murderous loan shark, a tenor sax player working undercover, an ex-con with a swastika tattoo and a fondness for Ethel Merman, and a mysterious entity known as the Golden Fang, which may only be a tax dodge set up by some dentists.
In this lively yarn, Thomas Pynchon, working in an unaccustomed genre, provides a classic illustration of the principle that if you can remember the sixties, you weren’t there . . . or . . . if you were there, then you . . . or, wait, is it . . .
»

(via SMS misterioso)

25 de Novembro - o prólogo e o epílogo

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Foi o dia em que o Almirante Pinheiro de Azevedo, bichanado por Mário Soares qual ponto num teatro, disse ao povo que o fumo "é só fumaça".
Os mesmos, e mais o Sá Carneiro, também disseram que "o povo é sereno" e, para o bem e para o mal, talvez excessivamente, a verdade é que nunca mais deixou de ser (com excepção dos professores que substituíram a ditadura do proletariado pela impunidade do professorado).
A 25 de Novembro eu e os meus companheiros esperámos quase toda a noite, nas imediações de um certo quartel, que nos distribuíssem as armas. Conforme o planeado.
Alta madrugada vieram dizer-nos qualquer coisa que me soou a "a Revolução falhou" ou "o 25 de Abril acabou", o que para nós era quase a mesma coisa.
Só me lembro das lágrimas a correr-me na cara enquanto conduzia pela segunda circular.
Eu estaria certamente tentar uma revolução impossível, eu estaria talvez equivocado mas aquelas lágrimas não.
Nunca mais as esquecerei.
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"Há uma arrogância implícita nos jornalistas..."

Vale a pena ler a entrevista a Daniel Okrent, antigo provedor dos leitores do The New York Times, no Público. Deixo aqui alguns destaques.

O assunto mais emotivo nos Estados Unidos é Israel, as pessoas de ambos os lados sentem-no muito intensamente, e se publicássemos algum artigo sobre Israel ou a Palestina levávamos pancada de um lado ou do outro. E muitas vezes vi que as pessoas desvalorizavam algo com o argumento de que se tratava de apoiantes sionistas, mas isso não é um ponto de vista razoável. Qualquer artigo recebia centenas de cartas no dia a seguir, era impossível... É de loucos, as pessoas sentem esse assunto de forma muito intensa e por isso torna-se extremamente difícil ouvir as queixas ligadas a esse assunto.

Respondi a queixas específicas mas não escrevi sobre o assunto até ao final do mandato. Algumas pessoas acham que agi de uma forma covarde, mas eu sabia que se o fizesse mais cedo iria perder as pessoas de um lado ou do outro. Existe um grupo chamado Camera – Comité para Exactidão na Cobertura do Médio Oriente na América, de análise de notícias, que é de influência sionista. Gostavam muito de mim, porque eu falava com eles e reagia sempre às queixas, fazia questão de que os repórteres respondessem, só diziam coisas boas sobre mim. (...)

Novas notícias são melhores do que velhas notícias. Por isso houve uma tendência para escrever mais sobre o Obama porque ele era uma história melhor. E isso foi verdade mas deixou uma má impressão, porque o leitor mediano não compreende que novas notícias são mais interessantes do que as velhas notícias, que um novo homem que chega ao palco, seja branco ou negro ou democrata ou republicano, vai ser sempre mais interessante... E o Obama tinha todas estas características e tornou-as tão interessantes. Havia o dobro de repórteres no avião dele, do que no avião do McCain. Era uma história melhor.

Monday, November 24, 2008

China, a nova revolução

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No dia 29 de Novembro, pelas 16 horas, serão inauguradas duas exposições de fotografia no Palácio da Relação, no Porto. Trata-se de uma iniciativa do Centro Português de Fotografia.

Esta prestigiada instituição trouxe a Portugal o acervo de um grande fotógrafo chinês, Li Zhengsheng, que documentou os conturbados anos 60 na China. Esta exposição, denominada "O Livro Vermelho de um Fotógrafo Chinês", que já foi apresentada nos mais importantes museus e centros de arte em todo o mundo, chega assim a Portugal pela mão do CPF.

Vou também colaborar nesta iniciativa mostrando, num hipotético contraponto, imagens que recolhi na China em 2006. A exposição intitula-se "China, a nova revolução".

Partilhar o espaço com um fotógrafo como Li Zhengsheng constitui para mim uma grande honra e motivo de satisfação.



clicar nas imagens para ampliar
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Sair em Lisboa/sair de Lisboa

Se em Lisboa eu quero ir sair à noite, tenho que voltar para casa às duas. Ou isso ou ir para uma discoteca: graças ao lóbi destas últimas (que devem ter falta de clientes) e às diligências da actual maioria e do vereador Sá Fernandes, os bares em Lisboa fecham às duas da manhã. Ainda aconteceu há quinze dias, na última vez que lá estive: se eu quero encontrar um bar aberto tenho que confiar no conhecimento e na preserverança de um algarvio. E esperar que a polícia não apareça. Eu, um alfacinha de gema, sinto-me um clandestino na cidade onde nasci. Lisboa está a tornar-se uma cidadezinha de província. Eu vim-me embora (mas tenho saudades).

1000

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Este é o milésimo post do DOTeCOMe_Blog. Ocorre cinco meses depois de o blog ter festejado o seu quarto aniversário. É ocasião para agradecer aos que aqui têm escrito, mesmo que só através de citação, e aos que aqui têm vindo ler.

Não foram própriamente 1.000 golos à Pélé mas, enfim, faz-se o que se pode...

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Sunday, November 23, 2008

Não se apanha o Carlos Vaz Marques ou a Anabela Mota Ribeiro a meter coisas destas em cima da mesa

James Marcus: Let's turn to Indignation. It seemed to me that the first fifty pages or so of the book were written in a more subdued style--

Philip Roth: More subdued than the remaining pages?

James Marcus: Yes, exactly. Well, let me put it this way. Joseph Brodsky once said: "The real history of consciousness starts with one's first lie." Your protagonist's history of consciousness seems to start with his first blowjob.

(daqui)

CARA Left

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"Por sobre tudo isto há um murmúrio de vozes a que ninguém liga quase nada. São as vozes dos jornais, da política, as nossas vozes, que contam muito menos do que imaginamos. São pouco mais do que um murmúrio, visto de baixo como alheio e hostil - no fundo somos "nós" que governamos - e visto de cima como decisivo e importante.
Vale muito pouco para a vida comum da maioria das pessoas e valerá muito menos se se afundar em irrelevâncias, se engolir tudo o que o Governo quer que engula, se se tornar numa patrulha política do pensamento - será que fui racista ao falar do ucraniano? Será que posso descrever os "jovens" assim? Será que estou a favor da evasão fiscal das pequenas e médias empresas? Será que tenho que fazer a rábula da "esperança"? Há de facto muito pouca paciência para estas patrulhas do pensamento que proliferam em tempos de crise."
Público 22.11.2008

Este desabafo, pungente, de Pacheco Pereira é um sinal inequívoco do aprofundamento da crise.

Se um VIP dos jornais, um membro do "Jet Set" mediático e do "beautiful people" dos comentadores se queixa da "patrulhas do pensamento" que diremos nós !?
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EURO piano, piano...


"A Europa lança sua biblioteca virtual e, impulsionada pela França, quer acabar com a supremacia da Google na Internet. Nesta quinta-feira, 20, Bruxelas colocou no ar seu site que pretende ter, em dois anos, mais de 10 milhões de obras digitalizadas e disponíveis a todos de forma gratuita. O projeto tem uma ambiciosa meta de ser o que a biblioteca de Alexandria foi no passado: o maior acervo de obras de todo o mundo."
Afinal parece que a popularidade foi fatal para a EUROPEANA, o nome do ambicioso projecto.
Uns meros dez milhões de acessos por hora deram cabo do site.
Assim não vamos lá. Enfim, uma anedota.
Lá para as bandas do GOOGLE foi concerteza uma barrigada de riso...

Vá ver para crer em: http://www.europeana.eu/portal/
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Friday, November 21, 2008

Crítico literário que se preze arranja uma gaja com dedos dos pés preênseis


«After their lovemaking, a supine McCarthy has playfully grasped a branch with her "prehensile toes" and triumphantly hoisted herself off the ground.»

(Deste artigo no New York Review of Books sobre Edmund Wilson e Mary McCarthy - talvez o texto mais titilante que li desde que Patrícia Lança deixou de escrever sobre sexo oral.)

A oligarquia das corporações

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Esta imagem, publicada em 1911 pelo Industrial Worker mostra como, naquela época, era vista a pirâmide social. Talvez esteja na altura de a reformular por forma a integrar o fenómeno actual das corporações.
As corporações são grupos sociais que se caracterizam pela uniformidade de interesses profissionais ou económicos e pela influência determinante em serviços ou actividades sensíveis ou críticas. Encontram-se nesta categoria os farmacêuticos, os médicos, os militares, os professores, os magistrados e os camionistas por exemplo.
A influência das corporações não tem necessáriamente a ver com poder económico. As classes burguesas tradicionais continuam sem dúvida a exercer na sociedade o poder da sua riqueza. A limitação e controle desse poder, sem dúvida insuficientes, não são objecto deste texto mas esse facto não deve ser invocado para desculpar as corporações.
As corporações conseguem para os seus membros uma influência nos centros de decisão, e as consequentes vantagens profissionais e económicas, que não estão ao alcance da generalidade dos cidadãos. E conseguem-no através da ameaça, mesmo que velada, de fazer perigar os serviços ou actividades cuja realização delas depende.
Nos últimos anos a sociedade portuguesa assistiu a um sem número de querelas, manifestações, greves e boicotes desencadeados pelas corporações contra as decisões do Governo e do Estado ao mesmo tempo que desapareciam as notícias sobre as lutas dos trabalhadores contra os seus patrões privados, estas sim as formas por excelência da luta de classes. Sem correr o risco do despedimento, aproveitando a proximidade dos centros de decisão, tirando partido da sucessão dos governos, as corporações vêm acumulando privilégios enquanto que o grosso da população empobrece e se afasta da democracia.
No espaço público as corporações têm tratamento de luxo. De tal forma que por vezes criam a ilusão de que não há povo para além delas. A educação é discutida pelos professores e a saúde pelos médicos, por exemplo, como se esses serviços não interessassem ao conjunto da população e como se a opinião dos outros portugueses fosse dispensável ou mesmo indesejável.
Estamos assim perante um sistema duplamente viciado. Não só os serviços são enviesados por forma a responder, em primeiro lugar, aos interesses das corporações que os prestam como se obriga o conjunto dos cidadão a pagar, com os seus impostos, toda a sorte de ineficiências, regalias e condições excepcionais.
O caso recente da avaliação dos professores como antes o da saúde, que acabou na demissão de Correia de Campos, excedem em muito a sua importância imediata. Revelam uma contradição do sistema democrático que urge esclarecer sob pena da sua destruição. A "corporação dos deputados", a única que o conjunto dos portugueses, bem ou mal, realmente escolhe, está cada vez mais impotente para resistir à chantagem das corporações "não eleitas" e, como se tem visto, usa frequentemente tais chantagens como arma de arremesso na luta partidária.
A discordância e oposição às decisões de orgãos de soberania são legítimas mas não se podem eternizar. Têm que obedecer a regras muito claras que não tolerem a desobediência a partir do momento em que as leis tornem as decisões políticas definitivas. Tais leis terão então que ser incondicionalmente acatadas sob pena de esboroamento da autoridade democrática do Estado.
Façam-se as alterações legislativas que for necessário e tenha-se a coragem de responder sem hesitar, seja qual for o preço eleitoral a pagar, a qualquer desafio das corporações à autoridade do Estado democrático.
Se tal não acontecer caminharemos para a ingovernabilidade, a oficialização de castas e a oligarquia das corporações.
Depois o caos e uma nova ditadura.
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A falta de cultura ciclista

A Assembleia Municipal de Lisboa reprovou (com votos do PSD e do PCP) a criação de uma rede de bicicletas partilhadas em Lisboa, baseada em argumentos falsos e preconceituos como "a falta de tradição de tráfego de bicicletas em Lisboa" e "as condições do relevo da cidade. Bem esteve o presidente da câmara, António Costa: "não há tradição de andar de bicicleta enquanto não se der condições para isso". Fico a aguardar pelos 40 km de ciclovias.
Entretanto, para ilustrar como o preconceito contra a bicicleta parte muitas vezes dos jornais, publico aqui uma carta que enviei ao Provedor dos Leitores do Diário de Notícias e que não foi publicada, acerca de uma reportagem no final do mês de Agosto (e indisponível na rede).

Exmo Senhor Provedor:
O que me leva a escrever-lhe é a reportagem intitulada "Isso 'tá difícil mas não desespere, agora é a descer", da autoria da jornalista Ana Bela Ferreira, publicada no passado dia 31 de Agosto na rubrica dominical "na pele de..."
A ideia desta rubrica é boa: transmitir ao leitor como é estar na pele de alguma profissão ou, neste caso concreto, de uma situação (ser ciclista em Lisboa). Mas eu sou ciclista em Lisboa (todos os dias, na deslocação para o trabalho), e posso garantir-lhe que a impressão que a jornalista transmite ao leitor não corresponde minimamente ao que é na realidade ser-se ciclista em Lisboa. Os exemplos são vários, mas começa pela escolha do itinerário, passando por bairros típicos de Lisboa como Alfama e o Castelo de São Jorge. Um itinerário que nunca um ciclista escolheria, a não ser que quisesse carregar a bicicleta às costas! Parecia que a jornalista queria demonstrar por si própria que nos bairros típicos de Lisboa é difícil andar de bicicleta. Mas isso qualquer lisboeta sabe - não é preciso uma reportagem para o provar! O que era suposto ser uma reportagem saiu um relato pessoal de uma aventura, de como a jornalista estava cansada, cheia de fome e com vontade de tomar banho depois de se ter metido naquilo, intercalado com os comentários dos (provavelmente surpreendidos) moradores e dosturistas. Se a ideia era mostrar aos turistas que os lisboetas não têm a noção do que é andar de bicicleta, creio que foi bem sucedida!
Há dois pormenores que revelam como a jornalista estava completamente fora da realidade. O primeiro foi quando referiu que pensou ter uma matrícula e fazer um seguro só para andar de bicicleta - algo que eu nunca fiz e nem conheço quem tenha feito nas várias cidades onde já vivi e onde já andei sempre de bicicleta. Mas, curiosamente, a avaliar pelas fotografias, a mesma jornalista que estava preocupada com o fazer um seguro... não se preocupou em usar um capacete! E andou a descer ruas íngremes sem capacete (algo que um verdadeiro ciclista não faria)!
O outro pormenor onde se viu a completa despreparação da jornalista foi quando, ao parar para o almoço, teve que escolher uma esplanada onde pudesse estacionar a bicicleta ao seu alcance, pois não tinha nenhum cadeado para a prender! Nenhum ciclista se preocupa com a matrícula ou o seguro, poucos andam sem capacete e nenhum anda sem um bom cadeado - nenhum se veria numa situação como a da jornalista que, ainda assim, foi relatada na reportagem como se fosse uma situação típica ao andar de bicicleta em Lisboa.
Resumindo: a jornalista (e o seu editor - a culpa não é só dela) pensaram que bastava saber andar de bicicleta para escrever uma reportagem sobre andar de bicicleta em Lisboa. Não bastava - era necessário um muito maior trabalho de preparação para a reportagem, que lamentavelmente não foi feito. Bastaria a jornalista (que evidentemente não faz, e continua a não fazer, a mais pequena ideia de como é andar quotidianamente de bicicleta em Lisboa) ter contactado com quem o fizesse. Com grupos de ciclistas. Aliás é essa a prática habitual nesta rubrica semanal do DN, e é por isso que esta rubrica é geralmente bem feita. Mas não foi o caso desta suposta reportagem, que na verdade é um aglomerado de frases na primeira pessoa que relatam uma experiência pessoal que só diz respeito à sua autora. E que por isso mesmo não se pode considerar bom jornalismo. É grave que seja publicado no DN. Mais do que este trabalho jornalístico em concreto, mais do que esta jornalista, importa chamar a atenção dos editores e responsáveis. È verdadeiramente de lamentar que de tal experiência pessoal resultem conclusões como as que no final são apresentadas ao leitor: "Lisboa ainda não é uma cidade de ciclistas" e "até lá temos que meter a bicicleta no carro e ir passear até ao Parque das Nações". Deve ser esta a experiência da jornalista de andar de bicicleta quotidianamente em Lisboa (daí a ausência do cadeado, por exemplo). Mas tais conclusões são falsas e são contraditas pelo dia-a-dia - cada vez se vêm mais ciclistas em Lisboa, especialmente jovens -, e por diversos estudos académicos que demonstram que a bicicleta em Lisboa (fora dos bairros típicos) é uma alternativa válida.
Era isto que eu tinha para lhe dizer, senhor Provedor.
Muito obrigado pela sua atenção. Aceite os meus melhores cumprimentos.

Thursday, November 20, 2008

Suspensão da democracia ou democracia da suspensão ?

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A Dra. Manuela escorregou numa frase e "caíu o Carmo e a Trindade". Há vários dias que só se ouve falar na "suspensão da democracia".
Todos os partidos da oposição, do bolorento CDS ao fracturante BE, reclamam a suspensão da avaliação dos professores. É a "democracia da suspensão" em que se propõe a um governo democrático, legítimo, que submeta o Estado a uma classe profissional.
Qual das duas suspensões será mais grave ?
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Estava tudo previsto (III)

Como qualquer sportinguista sabe, Carlos Queirós tem experiência em derrotas por seis golos. No Sporting foi jogando com Figo, Balakov e Paulo Sousa. Na selecção portuguesa, com Pepe, Deco e Cristiano Ronaldo. Entretanto o retrocesso representado pelo regresso de Queirós é de décadas. Vitórias, só contra Malta e as Ilhas Faroé. Derrota por seis golos já não se via desde 1955.

Ainda o Congresso Internacional Karl Marx (2)


O meu amigo Jorge Nascimento Fernandes teve paciência, como é habitual, para escrever no Trix-Nitrix uma extensa apreciação do Congresso Internacional Karl Marx que intitulou "Um marxista perdido num Congresso sobre Marx ". Recomendo a sua leitura.
Com isso motivou-me para dar ao que ele escreveu algumas achegas de ordem pessoal. Aqui vão.
Penso que não foi surpresa para ninguém que "por trás" do Congresso havia uma grande influência do BE e não me parece que isso fosse um problema. É de saudar que o BE tenha tido capacidade e visão para realizar uma iniciativa de indiscutível interesse e que captou as atenções muito para além do seu raio de acção habitual.
Pessoalmente considero a minha participação como uma experiência bastante interessante e estimulante embora em certos momentos, especialmente no primeiro dia, eu tenha duvidado de que tal acontecesse. Porquê ?
1. Algumas sessões decorriam em ambientes inadequados, com as pessoas sentadas pelo chão, que me faziam rejuvenescer até aos meus já longínquos tempos de universidade de meados dos anos 60. Não creio que isso ajude a ser mais marxista embora pareça haver quem tal pensa.
2. Formalmente as comunicações eram quase todas lidas em tom mais ou menos monocórdico, agravado em muitos casos pelo fraco domínio da língua utilizada. Quase não houve recurso à projecção de imagens ou tópicos o que obrigava os participantes a um esforço enorme de atenção.
3. No plano dos conteúdos havia uma larga maioria de comunicações que consistiam em trabalhos académicos, num plano de mera especulação teórica, que abordavam questões bastante laterais ou remotas relativamente ao plano da transformação da realidade. Comparações entre filósofos eram a modalidade mais comum.
4. Os debates no fim de cada painel cosntituíram uma extraordinária montra sobre a diversidade existente no terreno e sobre os inenarráveis anacronismos que teimam em não desaparecer (por exemplo, ouvi um participante, com um ar saudavel e instruído, dizer que o socialismo se teria realizado em Portugal se os operários da construção que cercaram a Assembleia da República durante o PREC a tivessem tomado de assalto).
5. Muitos dos temas dos painéis obedeciam à agenda fracturante que está na moda e só com muito boa vontade se conseguia estabelecer uma ligação com Karl Marx. Em contrapartida o tema "Transição" não existia o que não deixa de ser revelador.
Concluindo: mesmo com todos os seus defeitos o Congresso foi importante e constitui uma novidade no nosso panorama político, tão dado a concentrar o esforço teórico na análise da última gaffe da Dra. Manuela, que importa continuar.
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Wednesday, November 19, 2008

A Nova Esquerda

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"O essencial da resposta a dar por uma esquerda nova, na difícil hora que atravessamos, passa pois pela questão de saber ler os sinais que a realidade de hoje lhe aponta: a urgência da construção de um programa emancipatório que constitui a sua identidade matricial, mas agora despido da certeza, do determinismo e da universalidade, tão só passível de ser desenhado no quadro da probabilidade, da contingência e da historicidade. Tal implica uma revisão do projecto ou horizonte de transformação social, uma disponibilidade para o estudo, identificação e caracterização dos actuais agentes sociais e dos critérios da sua dinâmica de confronto, uma reponderação dos contextos onde se criam e desenvolvem as situações de exploração e de dominação e a descoberta das formas instrumentais dos novos sentidos emancipatórios."

"A nova Esquerda", o livro de Celso Cruzeiro editado pela Campo das Letras, será apresentado em Lisboa no dia 24 de Novembro, na Biblioteca Museu República e Resistência, Espaço Cidade Universitária.
Participam na sessão, que se inicia às 18:30, Francisco Louçã, Paulo Pedroso e Paulo Fidalgo.
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Ainda o Congresso Internacional Karl Marx




No Congresso Internacional Karl Marx, que teve lugar de 14 a 16 de Novembro na Universidade Nova, apresentámos uma comunicação intitulada "Do Capitalismo para o Digitalismo". Tratava-se de desenvolver as teses do nosso livro com o mesmo nome.

Aqui fica, para quem possa estar interessado, uma reprodução das imagens de suporte da comunicação (para ver em full screen clicar aqui)

MISS MILU


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Ponho-me a pensar sobre como reagirá este professor no dia em que os alunos, que o viram desfilar na televisão, lhe entrarem pela sala de aula com um cartaz em que seja ele próprio o caricaturado (como jumento, por exemplo).
Não sei o que concluir.
Hoje, junto ao Oceanário da Expo, passava uma turma com a sua professora naquilo que seria, penso eu, uma visita de estudo.
Na imediações de uma casa de banho pública existente no local um dos alunos gritou a plenos pulmões:

Stôra vou cagar !!

A mensagem dele, e o significado deste singelo episódio, são ambos brutalmente claros.

Estava tudo previsto (II)

Também Vital Moreira não percebeu a verdadeira motivação da derrota do Sporting. Mas eu pergunto: como é possível apoiar Sócrates por um lado e criticar Paulo Bento por outro? Como escrevi aqui, Sócrates e Paulo Bento são iguaizinhos.

Manuela é muito ouvida na China

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"Pequim, 18 Nov (Lusa) - O governo chinês decidiu não subir o salário mínimo para "ajudar as empresas a vencer a crise financeira global", anunciou hoje o jornal China Daily.
A decisão ilustra a crescente preocupação da liderança chinesa acerca dos efeitos da crise, que como reconheceu há uma semana o próprio primeiro-ministro, Wen Jiabao, "são piores do que se esperava".
"O movimento para aumentar o salário mínimo foi suspenso", noticiou o China Daily, citando o Ministério dos Recursos Humanos e Segurança Social chinês. Segundo a mesma fonte, a "primeira prioridade é estabilizar o mercado de trabalho e pedir às empresas para não fazer despedimentos em massa".
O salário mínimo, cujo valor varia de região para região, foi criado na China há apenas uma década e meia.
Em Pequim e Xangai, as principais cidades do país, o salário mínimo é de 800 yuan (cerca de 90 euros) e 960 yuan (110 euros), respectivamente."
LUSA, 18.11.2008

Tuesday, November 18, 2008

The demonstration concert

O vídeo que mostrei na mensagem anterior é um bom exemplo para a ministra da educação (que seria interpretada pelo Mickey) e para o líder da FENPROF Mário Nogueira (que seria interpetado pelo Donald). A ministra, com sentido de missão, leva a sua até ao fim, contra ventos e marés. Nada a datém: nem mesmo um ciclone. Os contestatários no fim acabam por aplaudir.

Thick as a brick

Eu apoiei e assinei a petição "LISBOA É DAS PESSOAS. MAIS CONTENTORES NÃO!".
Ontem o "Prós e Contras" deixou-me insatisfeito. O MST adoptou um estilo em que a facilidade de expressão, e de criar imagens agressivas, se volta contra o próprio autor.
Por vezes quase parecia tratar-se de uma embirração particular.
Por outro lado defender que os contentores, na quantidade actual, podem continuar e até que são absolutamente necessários parece-me que inviabiliza a luta contra a extensão do terminal.

O que mais me chocou foi, no entanto, ter-se passado ao lado do aprofundamento de várias questões que me parecem essenciais:

- qual é o destino dos contentores que desembarcam em Lisboa ?
- qual é a proveniência dos contentores que embarcam em Lisboa ?
- que mercadorias são transportadas nos contentores ?
- quantas empresas e quantas pessoas trabalham para este tráfego ?
- a actividade dessas empresas depende de o terminal ser em Lisboa ou usam tecnologias que também podiam ser aplicadas a um terminal em Setúbal, por exemplo ?
- quanto é que a Administração do Porto de Lisboa recebe de taxas pelo movimento portuário ?
- quanto dessas taxas é aplicado em Lisboa e em favor dos cidadãos da cidade ?

Eu tenho muitas dúvidas acerca da “necessidade de uma actividade portuária em Lisboa”. Cheira-me a chavão mal fundamentado. A maior parte das mais importantes cidades europeias não tem porto e isso não as impede de ser abastecidas e de prosperarem.
A competitividade das cidades agora é de outro tipo, mais soft, como os cruzeiros por exemplo.
O charme romântico dos portos com a sua labuta, com os seus trabalhadores, foi substituído pela maquinaria gigantesca e pelos “paralelepípedos” mas continua no imaginário de muita gente.

Se os contentores se destinassem ao Terreiro do Paço eu aceitaria o terminal em Alcântara mas se, como penso, grande parte dos contentores se destina às plataformas logísticas que rodeiam a cidade então talvez chegassem lá mais depressa (evitando os congestionamentos) e mais barato se desembarcados em Sines ou Setúbal (o Poceirão e o Aeroporto até estão na margem Sul).

O porto de Sines tem condições de acesso excepcionais e está a tornar-se um importantíssimo terminal de abastecimento da Península uma vez que se conclua a ligação ferroviária directa a Espanha. Está ligado por uma descongestionada autoestrada e por comboio ao novo aeroporto e à plataforma logística do Poceirão.

Começo a convencer-me de que o projecto de Alcântara se destina essencialmente a evitar que as receitas da Liscont e da APL sejam desviadas para Sines. Toda esta discussão acerca dos panoramas de Lisboa pode não passar da fachada de uma guerra de concorrência entre a Administração do Porto de Lisboa (e a Liscont) e a Administração do Porto de Sines ou de Setúbal (e as empresas que lá operam).

Eram estas questões que eu gostaria de ver esclarecidas...

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80 anos de Mickey



The band concert, a mais perfeita e prodigiosa curta-metragem de animação já realizada. Parabéns ao Mickey, mas o Donald é que tem piada...

Monday, November 17, 2008

A Guerra Civil da irresponsabilidade

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Excerto de "Guerra nas Estradas: na berma da antropologia" de Manuel João Ramos no livro "Retóricas Sem Fronteiras", Celta 2003, pp 167-180 (ler aqui o texto completo)

As guerras civis são dos mais horrendos fenómenos sociais. Costumam produzir incontáveis mortos e dar lugar aos actos mais brutais de perseguição e tortura de vizinhos, ex-amigos, parentes e concidadãos.

Por isso sempre me revoltou a forma irresponsável como certas pessoas e instituições, na esteira desta "invenção" da ACAM, comparam os acidentes rodoviários a uma guerra civil.

Pelo texto publicado mais acima é possível perceber que a introdução da expressão "guerra civil nas estradas" foi um acto premeditado de manipulção da opinião pública. Para conseguir passar a sua "mensagem" os autores não se coibiram de induzir a ideia de que os condutores, tal como os combatentes nas guerras civis, matam os seus concidadãos de forma consciente e deliberada.

Mesmo que se considere que o combate à sinistralidade rodoviário é uma questão muito importante não é possível admitir tão repugnante deturpação da realidade e tão doentio ódio aos automobilistas.

Sobre o estado da Escola Pública




Quem possa ter dúvidas sobre a degradação a que chegou a Escola Pública bastar-lhe-á observar as recentes manifestações dos professores.
A imagética, as "mensagens" e os estribilhos seleccionados, a qualidade da linguagem e o teor das declarações da maior parte dos professores entrevistados pelas televisões são absolutamente elucidativos.
É com apreensão que imagino a formação da minha neta a ser entregue nas mãos deste tipo de pessoas.
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Estava tudo previsto


Já se sabia: a derrota de sábado era para acontecer. O objectivo era contrariar a primeira página de A Bola desse mesmo dia. O Nuno e o Rogério não percebem nada.

Pensamento de Marx continua a ser conhecido por clichés

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No último dia do Colóquio Internacional Karl Marx, que terminou ontem na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, José Barata-Moura elogiou a iniciativa que reuniu 150 investigadores nacionais e estrangeiros ao longo de três dias, notando que ela permitiu ler, debater e analisar o pensamento de Marx, "que continua a não ser bem conhecido ou a ser apenas conhecido por clichés que o deitam abaixo ou que o louvam". "Espero que a prática do estudo se enraíze e se desenvolva", disse ao PÚBLICO o ex-reitor da Universidade de Lisboa, no final da sua comunicação sobre "materialismo e dialéctica".
Na concorrida "lição" de Barata-Moura, professor da Faculdade de Letras, o orador lembrou uma frase de Marx, confidenciada a um amigo em 1843, na qual o filósofo alemão explicava que não era a sua intenção "antecipar dogmaticamente o mundo". "Queremos encontrar, a partir da crítica do mundo velho, o mundo novo", citou. Ao longo de 30 minutos, Barata-Moura "esmagou" a assistência com uma intervenção que sustentou o contraste entre Marx e o idealismo hegeliano. "Os campeões da ideologia, contra os quais Marx e Engels investem, não se convertem em objecto de reparo por serem os produtores de representações da consciência social. São atacados por considerarem o mundo dominado por ideias e por encararem as ideias como princípios determinantes, susceptíveis de revelar o mistério do mundo." Marx rejeita esta "autonomização das ideias em relação à materialidade do viver", uma vez que, explicou, "a consciência é o ser consciente" e "o ser dos homens é o seu processo de vida real".
A elevada afluência de público nos três dias do colóquio acabou por exceder as expectativas dos organizadores, notou o historiador Fernando Rosas, membro da comissão organizadora. Esta adesão reflectiu, afinal, aquilo que se pode encontrar na imprensa mundial, onde a análise das teorias marxistas está na ordem do dia. Mesmo em publicações insuspeitas como o jornal The Financial Times e as revistas Standpoint e The Spectator - foi nesta última, aliás, que o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, escreveu, em Setembro último, um artigo de opinião no qual defendeu que Marx tinha razão, ainda que "parcial", sobre o capitalismo. Numa altura em que os livreiros alemães afirmam ter vendido mais obras de Marx nos últimos dois meses do que nos últimos dois anos, Rosas reiterou que o colóquio pretende ser um "fórum fundador" de debate sobre a actualidade do marxismo. Neste sentido, o Instituto de História Contemporânea (IHC) quer repetir o encontro científico em torno da "galáxia marxista", organizando colóquios bienais. Utilizando a instituição universitária como pólo de ligação a outras iniciativas e organizações, o IHC poderá avançar com a criação de um espaço, semelhante a um think tank mas com uma "participação aberta", que preencha as lacunas da "reflexão teórica à esquerda". "Poderá ser um local de reflexão regular e institucionalizada, regida por uma agenda prática e teórica."

Público, 17.11.2008

João Abel Manta

clicar para abrir

Sunday, November 16, 2008

Um Império embalsamado, ou seja, virtual

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O GOOGLE já nos permitia viajar no espaço sem fazer log off.
Agora vai ainda mais longe e permite-nos também viajar no tempo. Nada mais nada menos do que à Roma imperial (veja o vídeo).

Aproveite para ver o antigo Império antes que o Império actual, e estas maravilhas tecnológicas, se afundem no caos.

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Stop The Press !!!



"O presidente do Partido da Nova Democracia (PND), Manuel Monteiro, apresentou ontem a demissão do cargo que ocupava desde 2003, no início da reunião do conselho geral do partido. Contudo, esta demissão só se tornará efectiva depois do congresso eleitoral, previsto para Janeiro do próximo ano.
Manuel Monteiro abandona a presidência do PND para se dedicar em exclusivo à candidatura ao distrito de Braga, numa lista independente, nas próximas eleições legislativas. "Esse objectivo não é compatível com as obrigações normais de um líder de um partido -, afirmou Manuel Monteiro, numa reunião, ontem, em Santa Maria da Feira.
Antigo presidente do CDS-PP, Manuel Monteiro, de 46 anos, é, desde 2003, líder do PND.
Neste encontro ficou decidida a data do próximo congresso, tendo sido debatida a situação económica do partido e a estratégia política para o próximo ano. O conselho geral ainda tomará hoje uma posição política sobre as multas aplicadas ao partido pelo Tribunal Constitucional. "

Público 16.11.2008

A notícia que todos esperávamos e que não deixa ninguém indiferente...

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Saturday, November 15, 2008

Um bushista no 5 Dias



“Bushista” é com certeza na óptica do Carlos Vidal, e esse bushista sou eu. Sim, eu, que considero Bush o pior presidente dos Estados Unidos, que levou o país (e desgraçadamente muitos atrás dele) para uma guerra injustificada e sem saída onde se perderam muitas vidas e muitos outros valores, que reestabeleceu a tortura, que desrespeitou os direitos humanos, que aumentou as desigualdades, que protegeu os amigos ricos, que é o principal responsável pela crise internacional. No entanto, estou perante alguém que diz “não distinguir politicamente” George W. Bush de José Sócrates. Eu nem sei quem é que o Carlos distingue destes dois; sei, claramente, que não quero que uma pessoa que afirma isto me distinga deles. Se essa pessoa não os distingue, afirmo taxativamente que não quero ser eu o distinguido. É como “bushista” que eu quero que essa pessoa me veja.
Já em 2001 Bush afirmou que “quem não estava com ele estava com os terroristas”. E a verdade é que eu estive com ele. Vi o atentado ocorrer a poucas dezenas de milhas de onde vivia e não pude aceitar que tantos inocentes morressem, por muito justas que fossem as críticas aos EUA. Por isso apoiei e continuo a apoiar a luta contra o terrorismo. A luta contra o terrorismo mesmo, e não manobras de distracção como a invasão do Iraque.
Já nessa altura muita gente me chamou “bushista”. Se eu tivesse a mesma miopia política dessa gente (algo que infelizmente a maioria dos “bushistas” a sério tem), diria que quem me considera “bushista” é igualzinho a Bin Laden. Mas prefiro passar por cima disso e não perder tempo com essa gente. Prefiro continuar a apoiar Sócrates quando achar que deve ser apoiado e a criticá-lo quando achar que merece ser criticado.

Só restarão vencidos

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"Seja qual for o desfecho final desta interminável batalha entre os professores e a ministra da Educação (e se algum dia houver desfecho...), parece que só restarão vencidos. Para começar, a ministra, derrotada politicamente e desacreditada perante os seus próprios pares; os professores, cuja guerra, apesar de tanta cobertura e apoio mediático, não convenceu ainda a maioria da opinião pública e, sobretudo, os pagadores de impostos para o ensino: até podem vir a ganhar circunstancialmente a batalha contra a ministra, mas o que passará para fora é que se bateram pela manutenção tal qual de uma situação que, em muitos aspectos, é insustentável; e perderão também os pais e alunos, com a sensação de que, por razões certas ou erradas, a primeira verdadeira reforma que se tentou no ensino não universitário falhou e tão cedo ninguém se atreverá a tentar outra. Fica tudo ou quase tudo como dantes- o que quer dizer que fica pior para o futuro.

Miguel Sousa Tavares. Expresso, 15.11.2008

Friday, November 14, 2008

O fim da estrada ?

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"Segundo o The Wall Street Journal, Obama, que se reuniu segunda-feira durante duas horas com Bush, no âmbito do processo de transição do poder, abordou a situação precária do sector automóvel e pediu que actue com rapidez para evitar que ela piore. O pedido do Presidente eleito produz-se num momento em que o Congresso começou a mover-se para garantir à indústria automóvel de Detroit acesso aos fundos federais do plano de resgate do Governo, avaliado em 700 mil milhões de dólares.

...Enquanto Obama e Bush se encontravam reunidos, os assessores no novo presidente debatiam com os líderes do Congresso a melhor forma de Washington ajudar de imediato o sector automóvel e a possibilidade das duas câmaras (Senado e Câmara dos Representantes) aprovarem na próxima semana um novo plano de estímulos económicos. Estas decisões foram debatidas no dia em que surgiram as notícias de que a General Motors comunicou às autoridades a intenção de despedir 5.000 pessoas e perdeu na Bolsa de Nova Iorque 22,9 por cento, descendo a níveis nunca vistos desde 1946."

SIC, 11.11.2008

As dificuldades da indústria automóvel ganham prioridade na agenda política dos democratas no momento em que surge na imprensa a intenção da General Motors de despedir 5.000 pessoas. Obama beneficiou para a sua eleição de uma forte escora por parte dos sindicatos do sector e deverá agora concentrar boa parte do seu esforço para evitar o colapso das principais marcas: GM, Ford e Chrysler.

No caso de falência dos três gigantes, os analistas apontam para um cenário catastrófico, com a perda de três milhões de postos de trabalho e custos para ajudas locais, estatais e federais calculados nos 156,4 mil milhões de dólares.

RTP 11.11.2008

Estranho país os States...

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"Numa altura em que a taxa de desemprego na América chega aos 14 porcento, a chegada de uma nova administração a Washington pode ser uma esperança para muitos americanos à procura de trabalho. A mudança de Bush da Casa Branca para o seu rancho no Texas vai abrir cerca de oito mil vagas de emprego no Governo federal, de acordo com um inventário recentemente publicado em livro.
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O New York Times teve acesso ao questionário de sete páginas que a equipa do presidente-eleito está a enviar a todos os que querem fazer parte do Executivo que entra em funções a 20 de Janeiro, e deu o seu veredicto: para trabalhar com Obama é "preciso vasculhar o baú de recordações e não encontrar nada comprometedor".

O questionário de selecção inclui 63 perguntas de carácter pessoal e profissional - algumas dizem respeito à vida dos cônjuges e filhos maiores - a que a maioria dos candidatos não saberá responder sem fazer uma viagem ao passado para desenterrar documentos que provam os seus feitos e erros da última década.

Do extenso lote de perguntas, só alguns pequenos pormenores são descartados. Por exemplo, não é necessário entregar as multas de trânsito abaixo dos 50 dólares (40 euros). Em contrapartida, pede-se aos candidatos que revelem os seus pseudónimos na Internet e indiquem se são proprietários de armas de fogo.
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Os que ultrapassarem este obstáculo do extenso questionário terão ainda terão de passar sem mácula nas detalhadas investigações do FBI e do Departamento de Ética a seu respeito. Só então poderão ser considerados para trabalhar com o futuro Presidente, num dos milhares de cargos da nova administração.

Entre os empregos disponíveis estará o de arquitecto do Capitólio, o de director da Associação de Amizade entre o Japão e os EUA, e o de presidente da comissão de mamíferos marinhos.

Os salários mais altos ultrapassam os 220 mil dólares. O cargo mais modesto é um part-time para investigador do Árctico que receberá só 571 dólares."
DN, 14.11.2008

Os States são um estranho país. Eles acreditarão mesmo que alguém, com mau carácter, vai responder sinceramente e com verdade ao tal inquérito ? e se mentir ? será que eles conseguem realmente entalar o mentiroso ?
Este inquérito feito nos States por um presidente muito liberal se fosse feito em Portugal desencadearia uma tempestade bem-pensante. No mínimo seria considerado pidesco...
Estranho país os States...
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Thursday, November 13, 2008

Process stories

"How he did it", na Newsweek (em sete capítulos)

"Battle plans", na New Yorker

"The Fall", na New Yorker

(Perdi a aposta, mas já estou melhor, obrigado)

Avaliar o estado da nossa democracia ?

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Comecei a trabalhar para uma empresa americana, líder mundial no seu ramo, no ano de 1970. Já nessa época, há 38 anos portanto, a referida empresa praticava um sistema de avaliação anual dos seus empregados em todo o mundo, que a certo ponto eram mais de trezentos mil. 

Enquanto empregado avaliado, e enquanto membro da Comissão de Trabalhadores muitas vezes chamado a aconselhar e a defender outros trabalhadores, convivi durante muitos anos com o complexo sistema de avaliação cujas vantagens e defeitos conhecia profundamente. 

As regras do sistema eram basicamente estas: 

- Todos os empregados eram avaliados pelo respectivo chefe que, no início de cada ano, lhes propunha, discutia e atribuía objectivos a cumprir, quantitativos e qualitativos.

- O chefe tinha obrigação de fazer reuniões de aconselhamento se e quando verificasse que o desempenho do subordinado era insatisfatório.

- No fim de cada ano fazia-se uma reunião em que o chefe explicava ao subordinado a classificação atribuída em cada um dos objectivos estabelecidos.

- O empregado avaliado podia, em caso de discordância, apresentar recurso da classificação para o chefe do chefe e, se isso o não satisfizesse, para toda a hierarquia até ao quartel-general da empresa nos Estados Unidos. Estes recursos produziram a reversão das classificações em número apreciável de casos.

- A classificação, de 1 a 5, era um dos parâmetros principais na determinação do aumento do vencimento e de eventual promoção.

- A classificação de 5, a pior de todas, quando reiterada era considerada suficiente para desencadear os mecanismos tendentes ao despedimento.

- O sistema era regido por um extenso “código” publicado.

 

Este sistema de avaliação, que durante muitos anos produziu bons resultados apesar dos erros e injustiças pontuais, claudicou quando cessou uma condição básica de funcionamento; a empresa deixou de ter recursos para poder premiar os bons desempenhos através dos aumentos anuais e das promoções por mérito. 

Perante toda a agitação actual à volta da “avaliação dos professores” fico perplexo com vários aspectos: 

1.      Alguém acredita que é possível implantar um sistema de avaliação condicionado à “autorização” de quem vai ser avaliado ?

2.      Alguém acredita que é possível desenhar um sistema de avaliação que contemple as opiniões de vários milhares de sujeitos passivos da avaliação ?

3.      Alguém acredita que funcione uma avaliação em que o avaliador não seja, simultâneamente, quem supervisiona o trabalho e quem propõe os aumentos da remuneração ?

4.      Alguém acredita que é possível obter resultados de um sistema de avaliação em que as pessoas não saibam à partida, claramente, quais são os prémios e os castigos ?

5.      Alguém acredita que é possível implantar um sistema de avaliação sem um grande esforço administrativo e de formação ?

6.      Alguém acredita que um sistema de avaliação pode ser imune à subjectividade de quem avalia ?

7.      Alguém acredita que um sistema deste tipo é menos exigente para quem avalia do que para quem é avaliado ? 


Aquilo a que estamos a assistir é um gravíssimo atentado ao regime democrático.

Um governo legítimo embora pusilânime, fazendo uso das suas competências, estabelece regras que são espezinhadas impunemente por parte de uma classe profissional que usa a escola pública como refém. 

O sistema de ensino, que devia estar ao serviço de toda a população, que devia ser determinado pelo bem comum, é abusivamente condicionado no seu funcionamente por meros interesses corporativos que se entrelaçam com manobras de oposição política. 

Infelizmente este é apenas mais um caso ilustrativo da lógica e da força das “classes corporativas” no nosso país.

P.S. (15:45) Têm-se sucedido os lamentáveis episódios em que os alunos se divertem a arremessar ovos à ministra. Os sindicatos tentam demarcar-se dessas acções mas penso que terão muita dificuldade em o conseguir.

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