Saturday, March 6, 2010

Freeshore, Off-Port e o CAOS

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O regresso a Londres ainda este mês, para uma ronda final de inquirições a cidadãos ingleses, vai ser determinante para a equipa de inspectores e procuradores dedicados a tempo inteiro ao ‘processo Freeport’ decidir em definitivo o que fazer em relação a José Sócrates: deixá-lo de lado ou propor ao procurador-geral da República uma investigação directa ao primeiro-ministro, incluindo às suas contas bancárias.
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Haverá ainda, no lote de informação recolhida em Inglaterra em Dezembro de 2009, um documento de um responsável financeiro do Freeport com alusões explícitas à alegada necessidade de pagar ‘luvas’ a um triângulo de figuras — a Sócrates e a outros dois membros do Governo.
Só com a comprovação desses indícios e a obtenção de testemunhos contundentes na próxima viagem a Londres — que reforcem as pistas iniciais —, a situação de não arguido do primeiro-ministro será reequacionada.
A Polícia Judiciária já concluiu a análise pericial dos milhares de páginas de documentação financeira entregues pelo Serious Fraud Office (SFO) na última deslocação da equipa a Inglaterra, mas a verdade é que, até ao momento, não foram encontradas provas de transferências directas de dinheiro para sustentar a suspeita de que a aprovação do Freeport teria como contrapartida o financiamento ilegal do Partido Socialista através do então ministro do Ambiente. A PJ e o MP estão a aguardar, no entanto, as respostas às cartas rogatórias enviadas às autoridades de alguns paraísos fiscais para poderem chegar a conclusões sobre o rasto do dinheiro.
Expresso, 06.03.2010
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Quando oiço Sócrates lamentar-se por andar a aturar o caso Freeport há vários anos eu, que sou um simplista, penso assim: eu já tinha chamado a polícia e os magistrados e dito "tomem lá as minhas contas bancárias todas e descubram lá onde está a massa que eu recebi, já que eu, infelizmente, não dei por nada". Acabava-se logo o meu martírio.
Claro que para mim a coisa seria muito fácil pois não tenho contas em off-shores nem tenho feito negócios com eles. Mas então levanta-se-me a seguinte dúvida: devemos tolerar em cargos públicos pessoas que usam, ou abusam, dos negócios disfarçados dos off-shores ?
Eu, se mandasse, só dava posse a ministros e outros altos dirigentes quando eles me apresentassem um CAOS (Certificado de Abstinência a Off-Shores)
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