Tuesday, March 2, 2010

O Google contra Marx (1)

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A fabulosa história de sucesso do GOOGLE precisa de ser compreendida, para lá do seu crescimento explosivo e avassalador, como o advento de uma nova economia que põe em causa as abordagens convencionais. Algumas das suas características merecem uma nova atenção:
- 97% das suas gigantescas receitas derivam da publicidade
- A publicidade é vendida com base em gigantescos repositórios de informação (textos, fotografias e filmes) que foi criada por milhões de internautas que nada têm a ver com a empresa
- Os seus 20.000 trabalhadores actuam maioritáriamente na investigação/desenvolvimento e no marketing


- Os seus trabalhadores actuam maioritáriamente em processos criativos destinados a facilitar o acesso à informação ou na motivação dos consumidores da informação
- Uma pequena parte dos seus trabalhadores actuam nos processos de manutenção e administração da gigantesca infraestrutura tecnológica onde reside o gigantesco repositório de informação
- Todo o sucesso se baseia na invenção de algoritmos de pesquisa e na capacidade técnica de armazenar e gerir quantidades gigantescas de informação

Do que atrás ficou dito resulta que o GOOGLE constitui como que uma enorme instalação "fabril" que processa uma "matéria" prima que lhe é entregue gratuitamente.

Estamos perante uma empresa que só tem, em termos marxistas, "capital fixo" pois cada unidade do produto que vende não depende de trabalho vivo, ou "capital variável", que tenha sido incorporado para que ela exista. É como uma fábrica que só tivesse engenheiros de produção, técnicos de manutenção e vendedores mas não tivesse qualquer operário.

Os conceitos de exploração pela apropriação de mais valia, de valor de troca criado pelo trabalho vivo aplicado na execução, tal como os definiu Marx, não se lhe aplicam. A própria mercadoria é apenas latente e potencial pois só passa a existir se, e quando, o comprador decide comprar publicidade.

Trata-se de uma ilustração eloquente da nova economia do Digitalismo que tardamos em compreender e integrar na análise do mundo actual.

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