Há outro clube no mundo inteiro que desgalvanize desta maneira as respostas emocionais dos seus adeptos? Não há. Este clube dá-nos tudo, mas para sofrer temos de ir a outro lado.
Agora, numa altura em que até já se dissiparam os ligeiríssimos rancores da perda de pontos, não me custa nada admitir que há muito, muito tempo que não me ria tanto com um programa de televisão. E tenho pena dos pobres diabos no Lusomundo Alvaláxia que foram gastar dinheiro no Hot Fuzz quando tinham os Irmãos Marx mesmo ali ao lado, no esplendor da semi-relva.
Não estou a falar apenas da comédia física mais óbvia, e nitidamente ensaiada de véspera, como o trambolhão do Purovic (esse blasfemo cruzamento genético entre Boris Karloff e Buster Keaton), nem do cada vez mais calibrado crioulo de auteur de Paulo Bento, que ontem repetiu quatro vezes a mesma palavra em 3 segundos na flash-interview (não me lembro qual foi a palavra, e garanto que ele também não). Estou a falar das coisinhas pequenas, dos detalhes improvisados, como o pontapé no relvado de Miguel Veloso, cobrindo os fotógrafos de terra. Ou da soberba set-piece em crescendo que foi o lance do penalty. O espectador já ri quando ele é assinalado; redobra a gargalhada quando vê Polga avançar; lança-se para o chão com cãibras quando ouve o comentador afiançar que "o Brasileiro pode estrear-se a marcar na Liga"; e explode num chavascal de bathos quando ele telegrafa o remate com aviso de recepção (já recebi encomendas da Amazon mais depressa do que a bola chegou ao guarda-redes do Leiria).
Fiquem lá com as vossas glórias e trivelas; eu tenho um cartão de sócio da Comedy Central.
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