à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver
Um Adeus Português (Alexandre O'Neil)
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Um amigo alertou-me para que "todo o governo é parido no sector público". Mas se virmos bem é isso que sucede também com os deputados e os dirigentes dos partidos. A "classe política" é cada vez mais constituída por académicos, professores e advogados.
Fazer política, do BE ao CDS, é cada vez mais um hobby de funcionários da Administração Pública. Nesse sentido pode dizer-se que vivemos numa espécie de socialismo, dada a presença bastante exígua de pessoas do sector privado, quer empresários quer trabalhadores assalariados, nas cadeiras do poder.
Interrogo-me se as pessoas que nos governam, nascidas e criadas a gastar o dinheiro de um orçamento que parece cair do céu, poderão algum dia ter uma ideia, que não seja vaga, dos mecanismos económicos essenciais. Se algum dia entenderão que a discussão política não pode, como vulgarmente acontece, incidir apenas em como gastar os impostos sem cuidar de saber quando, como e com quem se assegura a criação de riqueza.
O governo não existe para resolver os problemas dos funcionários mas sim os do país. O que é bom para os funcionários não é necessáriamente bom para o país.
Quando temos uma ministra da educação que é funcionária professora , uma ministra da saúde que é funcionária médica e uma ministra do trabalho que é funcionária dos sindicatos dá-nos a impressão de que Sócrates abandonou neste mandato qualquer veleidade de impôr o primado do conjunto dos cidadãos.
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