O debate entre Soares e Louçã na SIC constituiu um acontecimento notável.
Não por aquilo que foi dito mas pela maneira como foi dito, pelo puro gozo do jogo da retórica, pelo triunfo absoluto da forma sobre o conteúdo.
Durante os outros debates televisivos fui anotando os temas abordados e acabei com uma folha bem preenchida, desta vez a folha está quase vazia.
Ao fim de um minuto eu tinha percebido que os temas eram irrelevantes constituindo apenas as raquetes com que cada um dos jogadores devolvia a bola para o campo do adversário.
Estou certo de que poucos recordarão sobre que falaram quer o malabarista velho quer o malabarista novo.
Um e o outro podem defender qualquer argumento, ou o seu contrário, o que aliás têm feito perante o atordoamento dos seus anteriores oponentes.
O deleite dos espectadores era o mesmo que sentiam os malabaristas que acompanhavam com visível gáudio a preparação de cada golpe pelo adversário.
Soares assistiu embevecido à maestria com que Louçã lhe explicou, a ele, o primado da indiscutível liberdade democrática.
Estava com cara de quem pensa: “Temos homem, agora sim, em Janeiro já posso retirar-me”.
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