Tuesday, September 19, 2006

As FARC, as petições e os blogues

Como referi anteriormente, o Tiago Barbosa Ribeiro tem o direito de organizar as petições que entender. No caso concreto da presente petição já não é de agora que o Tiago se refere às FARC e à situação de Ingrid Betancourt. Por isso eu respeito a sua posição.
Permanecendo somente nos blogues que leio, já relativamente ao Blasfémias eu não posso dizer o mesmo: que eu me lembre, nunca li no blogue nenhuma referência às FARC ou a Ingrid Betancourt, em mais de dois anos (não encontrei nada no Google). No entanto a petição e todos os textos sobre este assunto desde então são apresentados de uma forma séria e não panfletária (ou não fosse o blasfemo promotor da mesma o Gabriel Silva). Nada a apontar, portanto.
Há ainda o caso (costumeiro) de O Insurgente, apesar de ninguém neste blogue ser um dos promotores da petição. De acordo com o Google, também não encontrei nenhum material sobre Betancourt, antes de este caso da festa do Avante ter surgido. Será que a indignação só surgiu agora? Pelo contrário, encontrei foi vários textos em defesa do governo colombiano, que mantém prisioneiros políticos e apoia grupos paramilitares assassinos de extrema-direita, que actuam tal e qual como as FARC. A isto, no mesmo blogue, acrescentam-se textos elogiosos a Ann Coulter. Que terá Ann Coulter a ver com as FARC, para além de provavelmente achar que não são nada que não se resolvesse com uns bombardeamentos? Entre outras posições, Ann Coulter defende que as mulheres não deveriam poder votar. Fará sentido defender-se que as mulheres não podem votar e defender-se Ingrid Betancourt, candidata à eleição presidencial? Bem, se as mulheres não pudessem votar, Ingrid não se teria envolvido numa campanha eleitoral e nem teria sido capturada. Faz sentido. E é então por isso que no mesmo blogue surgiram do nada, desde que o assunto começou a dar o que falar, não um nem dois, mas dez textos sobre o assunto, e de certeza que só não surgiram mais porque o chefe entretanto esteve de férias. Sinceramente, ainda bem que O Insurgente não surge como um dos blogues promotores da petição.
Da minha parte, já conhecia a história de Ingrid Betancourt (embora nunca tivesse escrito sobre ela). A ninguém que tenha vivido recentemente em Paris, como eu, poderia escapar o retrato de Ingrid em frente ao Hotel de Ville, como se vê na fotografia que eu roubei ao Véu da Ignorância.
Mas nem por isso assinei a referida petição. Entre outras coisas, porque legitima o governo colombiano e os seus procedimentos. Faço no entanto aqui os meus votos para que as FARC libertem imediatamente Ingrid Betancourt e todos os seus prisioneiros políticos.

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