Há dias precisei de contactar alguém que vive na zona de S. Teotónio, a sul de Odemira e a uns meros 20 quilómetros do mar.
Sofri as agruras de "curva e contra-curva" e tive a sensação de me afastar irremediavelmente da sociedade da informação. As indicações muito vagas que me tinham sido dadas não se conseguiam materializar e eu pedia socorro pelo telemóvel, de vez em quando, por entre os barrancos secos.
Uma ou outra casa que se encostara às costas dos velhotes não me servia de consolo pois aqueles que eu procurava, sabia-o pela pronuncia, eram estrageiros.
Ao fim de muitas voltas e quando a "estrada" mostrava vontade de se esvair topei com uma vivenda com um carro alemão à porta. Julguei que a minha saga havia terminado.
Bati à porta e esperei o normal quando se chega a uma casa no meio do campo, feliz por não ouvir nenhum ladrar. Abriu-se a porta e atrás dela um sorriso acolhedor.
Eu expliquei ao que vinha; primeiro em português e depois, já em crise, no meu inglês. Não fui compreendido e tive que passar ao gestual.
A senhora de meia-idade vinda de Kassel, soube eu mais tarde, não era a alemã que eu procurava. No meio daquele deserto onde ela mora vá-se lá saber porquê mostrou uma enorme simpatia e vontade de ajudar.
Pegou num papel onde eu escrevera o número do telefone do meu pretendido destino e lá foi telefonar para, em alemão, perceber quem eu era, ao que vinha e quem por mim esperava. E não se ficou por aí, vestiu um casaco e acompanhou-me para que eu não me perdesse. Posso garantir-vos que me perderia já que a certo passo, mesmo de jeep, hesitei em prosseguir pois me parecia que a estrada me estava a acabar debaixo das rodas, substituída por um precipício.
Mas lá chegámos. À nossa espera uma família de alemães com dois filhos quase adolescentes. Do alpendre só se viam quilómetros de barrancos ásperos.
Não interessa explicar-vos o motivo da minha viagem mas achei que vos devia contar o meu espanto neste novo Alentejo profundo.
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