Mesmo admitindo que se tratou de uma incursão, não conseguida, na "arte de titular com ironia", não colhe o argumento da "inspiração" no "ele" com que Casanova se referiu a Sócrates: a escrita jornalística de predominância noticiosa não deve colocar-se no mesmo plano em que se situa o texto de combate político. Ou seja, "eles" têm razão ao sentirem-se, assim, excluídos do universo de leitores do Diário de Notícias.Esperemos que sirva de exemplo para o futuro, ao Pedro Correia e a outros jornalistas parciais, que escrevem sobre política com o objectivo de fazer política.
Resta a questão, que julgo interessante: quando pode um jornal referir-se a um grupo de pessoas como “eles”, excluindo-os assim do universo de potenciais leitores? A resposta não é única, mas tal só me parece aceitável se “eles” se dedicarem a actividades ilegais, sendo perseguidos por lei. É o caso da extrema direita, no que assim difere dos comunistas e da extrema esquerda. É também o caso de alguns movimentos de extrema esquerda, que não estão ligados a nenhum partido, como é o caso dos invasores da plantação de milho transgénico no Algarve. Em qualquer um desses casos, a opção dependerá sempre do critério do jornal. Mas nunca será aceitável que assim se designe numa sociedade democrática um partido legal e com representação parlamentar. Percebeu, Pedro Correia?
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